Sunday, December 20, 2015

Ás de Bastões

Olá meus(inhas) queridos(as)! Rogo aqui, para todos(as) os(as) leitores(as) desse humilde blog, as melhores energias. Voltamos em nossa caminhada pelos pequenos segredos e seguiremos o caminho serpentino da lemniscata (símbolo do infinito).
Para os que se lembram da figura da vigésima primeira Arcana Maior (O Mundo, clique aqui), começamos no quadrante superior direito, com Ás de Espadas, seguimos para a esquerda, com Ás de Copas e agora desceremos para o quadrante inferior direito, com o Ás de Bastões (assim prefiro utilizar em contraposição à tradução “Ás de Paus”).
Hoje falaremos muito das energias sexuais e, com isso, vamos explorar um pouco mais da energia criadora a qual clama o futuro de todas as almas. É preciso estar de coração aberto para melhor entender o perpétuo chamado da criação e, da mesma maneira, de mente aberta para entender as muitas manifestações do processo criativo, portanto, clamo para que vocês compreendam as energias sexuais como manifestações criativas.
Vamos analisar, hoje, a arcana menor Ás de Bastões que, de maneira geral, representa uma estrutura invertida com relação ao Ás de Espadas. Lembremos que o Ás de Espadas é simbolizado por uma mão que se origina de uma nuvem e cuja palma está voltada contra nós, isto é, conseguimos visualizar as costas da mão, a qual segura uma espada cuja base é mais grossa que a ponta (veja aqui).
Traduzindo o simbolismo acima, temos que a palma virada com as costas em nossa direção implica um símbolo do arquétipo masculino ativo e o caminho da base até a ponta da espada demonstra o processo de construção do intelecto humano, o que seria o mesmo que dizer que a mente ou a inteligência humana é esculpida em um processo cronologicamente progressivo, ou seja, o passado (parte grossa) chama o futuro (parte fina) para que a inteligência do futuro, construída pela mão do homem (por isso força ativa), mantenha o equilíbiro da humildade em reconhecer que seu início foi a base da ignorância.
Percebem a riqueza desses diminutos detalhes sagrados? Pois bem, também o encontramos no Ás de Bastões, porém agora o temos de maneira contrária, a mão que segura o bastão está com a palma voltada em nossa direção, indicando um arquétipo feminino receptivo ao processo que parte da base fina até a ponta grossa do bastão. Temos que o futuro chama o passado e devemos entender esse chamado interpretando o signicado do processo, isto é, do caminho executado da base do bastão até a ponta.
Observe que o bastão apresenta alguns brotos nos quais se vê pequenas folhas que em muito lembram vaginas e que a ponta do bastão muito se assemelha à glande peniana em cujo centro, ironicamente, parece-se observar o orifício óstio vaginal. A riqueza da alusão aos órgãos sexuais masculino e feminino, concomitantemente, dá-se aqui por uma razão clara que diz sobre a similaridade da energia sexual de ambos os gêneros.
A energia sexual masculina em nada difere da energia sexual feminina, isto é, ambas são formas de expressão criativa chamadas pelo futuro do espírito. Traduzindo em uma linguagem mais simples, é por meio da energia criativa que o espírito traça o caminho de sua ascensão, sendo o arquétipo básico desse processo (a mão que segura o bastão) feminino, ou seja, o processo criativo deve ser acolhido pelo espírito, pois o espírito é co-criador (seja ele habitante de um corpo feminino ou masculino).
É bom esclarecermos aqui alguns detalhes que, talvez, nossa cultura não nos permita entender sem grandes embaraços ou sem que sejamos tocados [negativamente] em nosso ego de alguma sorte. O espírito não tem sexo, é importante notar que a expressão da genitália se deve às circunstâncias biológicas desse mundo, mas não representa aqui uma realidade absoluta (entenda, uma verdade perene, eterna) para o espírito, sendo então as duas variantes sexuais uma manifestão divina da dualidade em que habitamos, dualidade esta fundamental para o desenvolvimento do espírito na matéria, dado que a caminhada evolutiva pode ocorrer em diferentes cenários tantos quantos forem necessários para que o espírito possa evoluir – logo não é de surpreender que apesar de dois sexos, múltiplas são as orientações desses gêneros.
Agora que já exploramos um pouquinho de cada uma dessas arcanas, poderíamos nos perguntar qual o significado da união dessas energias? Sendo o Ás de Espadas representado pela energia do ar e o Ás de Bastões pela energia do fogo, isto é, o Ás de Espadas representa a potencialidade da mente e o Ás de Bastões representa a potencialidade criativa, podemos afirmar que o propósito da mente é perpassar o passado para atingir sua origem, bem como o propósito da sexualidade é nos levar em direção ao futuro, até o fim dos tempos, logo, o impulso criativo ou o movimento do espírito se dá pelas forças criativas que se manifestam bela base sexual e são orientadas pela mente instruída (bastão e espada se interpenetram).
Bom meus(inhas) queridos(as), espero que vocês apreciem com profundeza as questões da própria sexualidade. Vamos explorar muito mais esses tópicos quando perfizermos os caminhos de cada quadrante. Peço desculpas por minha demora em escrever, mas não posso escrever sem antes estar com a mente equilibrada e, manter o equilíbrio, nem sempre é a minha maior qualidade.
Que os segredos da dualidade não lhes sejam mais segredos, mas notas singulares na perpétua busca por conhecerem a si mesmos. Grande abraço e não se desviem do iluminado caminho sexual.

Sunday, November 22, 2015

Ás de Copas

Olá meus/minhas amados(as)! Espero que todos estejam bem e felizes com o caminho da vida que cada um segue. Aqui vamos retomar nossa caminhada pelas Arcanas Menores.
Ainda estagiamos nos primórdios do aprendizado de muitas coisas nessa vida e, por isso mesmo, fui guiado a escolher os “Ás” primeiro, seguindo novamente a intuição, farei a viagem em forma de espiral, como uma respota ao que os espíritos de outos mundos têm ensinado.
Portanto, hoje não continuaremos no intelectivo sígno de Escorpião, vamos entrar no sensível e amoroso sígno de Aquário. Vamos seguir as águas profundas dos sentimentos que tangem a dor, o sofrimento e toda forma de miséria ou angústia.
Comecemos, pois, com o “Ás de Copas”, observemos a riqueza de símbolos dessa carta, notemos o destaque para as águas que, como veias, saltam do fundo do cálice em direção ao oceano logo abaixo. Pense: se o fluxo de água do cálice rumo ao oceano não cessar, então, o cálice deveria esvaziar-se, não funcionando mais como uma fonte, tendo em vista que ele não se conecta com nenhuma outra entrada de água.
Oras, precisamos entender que há uma razão de ser para o fluxo contínuo de água do cálice, atuando como uma fonte. A água é uma representação do sangue, ou do elemento que dá vida, e ele jorra do cálice infinitamente pois a fonte da vida é o amor. O cálice abriga o amor divino, o amor cósmico que nunca cessa de emanar vida.
Notemos, a figura de um “W” no cálice e, logo acima deste, uma pomba com uma hóstia no qual se vê uma cruz. Tratam-se de figuras de origem Católica-Apostólica-Romana, estamos diante da representação pictórica do Santo Graal, visível apenas aos olhos de iniciados que aprenderam a ver o cosmos por uma outra perspectiva.
Virando a carta de ponta cabeça, notaremos que “W” se transforma em “M” a letra do nome de Maria Magdalena que recebe de Jesus (a pomba branca) o espírito que dá origem a uma nova vida (hóstia com a cruz). De ponta cabeça, as linhas de água representam o sangramento do parto, isto é, a reencarnação.
Assim, portanto, estamos vendo a mensagem da imortalidade e do sustentador da imortalidade. É por amor que existimos, é por amor que vivemos e é por amor infinito que experimentamos todas as formas de sofrimento durante a encarnação.
Podemos, ainda, notar que 26 [número que designa um deus dos três deuses que compõem o Tarot = Deus + Jeová + Alá] pequenas gotas de água em forma de pétalas rodeam todo o trajeto percorrido pelos veios de água do cálice até o oceano abaixo. Sendo 5 o número de fios de água contados, simbolizando a letra hebraica “Hay”, ou seja, a passagem do “não ego” para o “ego” e indicando o aspecto profundamente feminino e passivo dessa carta que é a vida encarando a alma.
Por fim, porém muitíssimo escondido dos olhos não muito atentos, podemos contar 16 folhas de uma planta que boia no oceano abaixo, algo como uma “Vitória Régia.” Esse número faz menção à carta “A Torre” das “Arcanas Maiores,” a qual simboliza o nascimento de duas consciências pela reencarnação dolorosa da queda, um processo fundamental no crescimento e amadurecimento do espírito.
Enfim meus/minhas queridos(as), espero que vocês tenham preenchido a si mesmos com a compreensão maravilhosa de que o amor é a fonte de tudo, mesmo daquilo que percebemos como sofrimento. Tudo existe, pois tudo é originado no amor, tudo se renova, tudo se reinicia, tudo se finaliza e tudo se fundamenta no divino.

Tuesday, November 17, 2015

Ás de Espadas

Olá meus queridos, amados e abandonados Urutaus, espero que os Manacás estejam protegendo a todos para as tempestades que se aproximam nas terras tupiniquins. Hoje vamos retomar nossa abandonada viagem rumo aos segredos diminutos, isto é, às Arcanas Menores.
Preciso retomar a última postagem aqui feita para que possamos nos situar e, assim, nos realocarmos no contexto dessa viagem. A primeira postagem aqui feita para a apresentação desse projeto pessoal foi realizada utilizando a vigésima primeira Arcana Maior, O Mundo, para que pudéssemos dividir o universo em quadrantes, os quais eram regidos pelos sígnos cardinais fixos Aquário, Escorpião, Touro e Leão.
Assim sendo, também nos utilizamos de uma leitura mais zodiacal e, por isso mesmo, pouco mais diferente do usual para os estudiosos do Tarot. É verdade que costumo trabalhar com o zodíaco mais frequentemente do que com a linguagem técnica do Tarot e os conhecimentos iniciáticos de um velho conhecido chamado Eliphas Levi, isso se deve aos meus vícios de leitura.
Portanto, para que possamos adentrar com mais acertividade na leitura das Arcanas Menores, teremos que nos despojar dos conhecimentos zodiacais e aprofundarmo-nos nos conhecimentos esotéricos mais finos, para isso iremos reformular a ideia da associação elemental e alguns de seus atributos.
A partir de agora faremos a seguinte associação:
Sígno Cardinal Elemento Propriedade
Aquário Água Receptividade e sentimentalidade
Touro Terra Materialidade e agressividade
Leão Fogo Sexualidade e criatividade
Escorpião Ar Intelectualidade e exequibilidade
Agora que conhecemos os valores de cada sígno cardinal fixo poderemos avançar em nossa atrevida busca pelos detalhes do Tarot. Iniciemos, pois, pelo “Ás de Espadas”, aqui representado pelo sígno de Escorpião.
O “Ás de Espadas”, como descrito em nossa última postagem, se apresenta como uma figura no qual observamos um tipo de nuvem dentro da qual sai uma mão segurando uma espada. Notemos que a mão que segura a espada mostra para nós as costas e não a palma, indicando assim tratar-se de um arquétipo intelectivo e enérgico. A espada, por si só, é um símbolo fálico, a representação de um pênis que está ereto rumo aos céus e em cuja cabeça é coroado, indicando o Logos, isto é, a mente como o foco de todo o cenário ou a unidade com a consciência cósmica [inteligência pura].
O símbolo fálico aqui associado à coroa nos deixa a mensagem de que a atividade mental é a real força que guiará a consciência rumo aos céus, ou em uma leitura mais profunda, podemos observar que a espada inicia-se de uma base mais grossa do que a sua ponta, sendo a ponta coroada e, portanto, agraciada com a consciência plena, ou seja, da base para a ponta nos indica que o caminho da consciência rumo à compreensão cósmica se dá pela ereção fálica da espada, ou seja ainda, pela dor e pelo sofrimento que molda a inteligência da mente do passado até o futuro, sendo o passado uma alusão à queda bíblica e o futuro a ascenção cósmica da compreensão do todo.
Para que a consciência possa executar esse caminho e atingir o seu destino é necessário que ela faça uso das sete joias da coroa, as quais representam as sete inteligências ou os sete sentidos materiais (tendo em vista que cada inteligência é associada a um sentido), os quais fornecem meios para que a consciência [espírito] possa se manifestar e agir no universo material sem no entanto deixar-se consumir por esse universo.
Da mesma forma, podemos notar que a execução desse caminho não seria possível ou mesmo concebível para uma mente limitada, isto é, uma consciência diminuta seja ela limitada por sua própria natureza ou limitada pelas condições da natureza externa. Assim, como é usual no Tarot, podemos notar a referência às propriedades intrínsecas do espírito, consciência ou mente. Falamos do espaço e infinitude, do tempo e da eternidade como sendo atributos naturais da consciência, atributos estes representados pelos ramos que despecam da coroa. Portanto, tornando-se eterna e infinita a mente [espírito] conseguirá alcançar a união com a consciência cósmica [inteligência pura].
Bom meus queridos, por hoje é só, vamos quedar por aqui com a noção de que a eternidade e a infinitude da consciência são alcançadas quando o espírito finalmente voltar à origem de si mesmo, a famigerada busca pela Terra Santa, o coração de Jerusalém, nada mais é do que uma alusão ao caminho do autoconhecimento, a busca incessante por conhecer a nós mesmos.

Saturday, October 3, 2015

As Arcanas Menores

Olá queridos(as) urutaus que farfalham nos manacás!
Depois de um longo tempo de displicência com relação ao prometido, cá estou de volta, para retomar e fazer cumprir minha palavra, a qual por sinal já começou com muitos erros. Eu preciso dizer que não houve um texto sequer nesse querido blog que foi escrito na ausência de música, cada texto carrega consigo uma faixa vibracional do que a música me inspirou, isto é, muito do que teço por aqui está a merce não somente de meus conhecimentos, mas da inspiração que ora a música me traz, por isso mesmo às vezes é difícil escrever, pois é preciso uma música certa para cada texto. Enfim, vamos prosseguir ainda que haja falhas e percalços no caminho.
Hoje iniciaremos o grande conjunto das arcanas menores a qual traz consigo os pequenos segredos do cosmos, aprisionados em seus muitos arquétipos. Relembrando, o termo “arcana” é oriundo do latim “arcanum” e um dos significados atribuídos à tradução de tal termo é “segredo”. Portanto, lidar com as arcanas menores, é tratar dos pormenores, os pequenos segredos por de trás de cada miudeza, os detalhes, os pequeninos e diminutos pontinhos, todo e qualquer traçado no grande quadro da vida que carrega um propósito e uma razão de ser.
Lidando com as arcanas menores será preciso uma compreensão maior dos quatro grandes grupos que dividem esse conjunto do Tarot. Para fazer tal divisão, vamos nos utilizar de uma arcana maior, a última das arcanas maiores nos guiará pelo cosmos como um quadro da grande figura que compõe o existir em nosso planeta, a figura clássica da mulher nua envolta em um pano vermelho esvoaçante ao redor de seu corpo, estamos falando da carta “O Mundo”, isto é, a vigésima primeira carta das arcanas maiores.
Ao olharmos para a carta O Mundo veremos que ao redor do despido corpo que se protagoniza frente aos nossos olhos há uma elípse constiuindo como uma aura, feita de folhas de louro, as mesmas dos césares, representando o perfeito, em sentido estrito à origem da palavra “per-feito”, isto é, feito por completo, que completou o caminho, que perfez, que concluiu a passagem. A carta O Mundo é a figura clássica do espírito que triunfa sobre a matéria, figurada como um corpo que, na imagem de uma mulher nua, simboliza a receptividade e humildade, ou seja, o corpo que obedece graciosa e harmoniosamente ao espírito, este representado como o véu vermelho esvoaçante.
Notem que o corpo nú segura dois bastões que, como um regente, orquestram o mundo ao redor de maneira graciosa e equilibrada, eretos, os bastões indicam a exata dosagem dos quatro cantos do universo, isto é, o uso equlibrado das quatro forças cósmicas simbolizadas pelos signos fixos de ar, água, terra e fogo, estamos falando dos sígnos de Aquário, Escorpião, Touro e Leão, representados nos quatro cantos da carta como Querubim, Água, Touro e Leão respectivamente.
Sígnos fixos são representações do que há de mais forte em uma dada qualidade, ou seja, ao utilizarmos o termo “fixo” estamos ressaltando o que não é mutável, aquilo que permanece, o que é constante ou aquilo que é resiliente, capaz de sobreviver e perdurar, perfazer e triunfar ao longo do caminho. Preciso ressaltar queridos(as) leitores(as), minhas palavras são isentas de um significado benígno ou malígno, por assim dizer, pois tanto as trevas quando a luz podem triunfar, mantenham isso em mente sempre!
Nem sempre é uma boa ideia nascer sob a regência de um sígno fixo, é comum observar que almas muito complicadas e sofridas necessitam da imperiosa força de um sígno fixo para desbravarem muito de si mesmas, sendo possível assim chegar até o destino da vigésima primeira arcana maior (mais informações clique aqui). É portanto sob essa imperioza força que se organiza as arcanas menores, pois o demônio, por assim dizer, está nos detalhes.
Como todo o Tarot, as arcanas menores também se organizam dentro do ritmo dual no qual se constroi o nosso mundo material, uma expressão que sabiamente o espírito humano foi capaz de aprisionar em uma linguagem pictórica que equilibra o arquétipo feminino e o arquétipo masculino. Dessa maneira podemos observar que os sígnos fixos obedecem a esses arquétipos, sendo assim divididos:

Femininos: agentes intelectivos, passivos e receptivos:
Aquário: criativo, instável, fluido e apresenta maior força acolhedora e pouco aprisionante; 
Touro: material, pragmático, perseverante e apresenta maior força aprisionante e pouco acolhedor;

Masculinos: agentes emocionais, ativos e agressivos:
Escorpião: corajoso, severo, mítico e apresenta maior profundidade emocional e pouca receptividade; 
Leão: valente, amigável, confiante e apresenta maior receptividade e pouca profundidade emocional;

Percebam que, nas figuras que seguem ao final desse texto, observamos para os sígnos uma ordem das mãos, as quais devem ser compreendidas de acordo com a regência de passividade feminina ou agressividade masculina.
Vejamos para os sígnos femininos, no sígno de aquário a palma do “Ás de Copas” é voltada em nossa direção, demonstrando capacidade acolhedora e não aprisionante. Entendam, acolher é receber sem cobrar, aprisionar é receber e cobrar. Ao mesmo tempo o sígno de aquário, regido pelo elemento ar, é dinâmico e portador da capacidade de mover a matéria ao seu redor, por isso mesmo instável, como as águas que fluem do interior do cálice para o lago profundo, indicando com isso, dado o ponto superior em que se encontra, similar profundeza ao sígno de escorpião, porém, para o elemento ar, a profundeza é conferida no campo cognitivo, o qual explica o poder criativo do aquariano.
Já a carta “Ás de Ouro” [gosto de traduzir por “Ás de Pentagramas”] apresenta as costas da mão para nós, ou seja, não carrega consigo uma energia acolheadora mas sim aprisionante, embora isso também significa que a vertente taurina carrega consigo a força do bom operário, elemento terra, isto é, aquele que trabalha diariamente em prol da segurança de todos (o sustentador), intelectualmente maduro e prático e, por isso mesmo, emocionalmente raso, pois ainda é sólido como rocha e, talvez por isso, capaz de cobrar de coração fechado por serviços prestados.
Já para os sígnos masculinos, temos que o “Ás de Espadas” apresenta as costas da mão para nós, representando uma similaridade com os agentes taurinos, ou seja, o sígno de escorpião traz consigo pouca receptividade, mas diferente de touro, o elemento da água é penetrante e por isso mesmo consegue acessar o profundo emocional de maneira espontânea e justamente daí advém o lado mítico da energia escorpiana, sempre ligado às profundezas abissais que cobrem as trevas e tudo aquilo que compõe o cenário da obscuridão humana, isto é, a morte, o sexo, o frio, o medo entre outros aspectos que fazem do elemento água, também, o símbolo da coragem e, ao mesmo tempo, da severidade.
Por fim, temos o “Ás de Paus” [gosto de traduzir por “Ás de Bastões”] apresenta a palma da mão em nossa direção, demonstrando receptividade. Sendo os leoninos regidos pelo elemento fogo, é comum que a expressão de confiança seja uma verdade interna daqueles que como o fogo sabem que irão conquistar o intento que almejarem. A curiosa mistura da receptividade com confiança interior garantem aos leoninos a característica da amigabilidade e carisma fundamentais dos verdadeiros conquistadores, ainda que no geral um grande conquistador de horizontes é vazio de si mesmo e por isso a intrigante característica de pouca profundidade emocional.
Enfim meus amados(as) leitores(as), vamos nos obrigar a encerrar nosso trabalho, pois agora temos uma pequena visão didática dos padrões que deveremos encarar daqui para frente e como eles se arranjam no cosmos. Vamos, no entanto, adiantar o detalhe fundamental, o detalhe dos números!
Veja que temos 4 grupos de arcanas menores, para cada grupo teremos: 1 rei, 1 rainha, 1 pagem, 1 cavaleiro e 10 números; totalizando 14 cartas para cada grupo, o que nos leva ao valor de 56 cartas do grupo das arcanas menores, somando 5 + 6 = 11, 1 + 1 = 2. Já para o pequeno grupo de arcanas menores, temos um total de 22 cartas, o qual somando 2 + 2 = 4. Assim, unindo a riqueza dos detalhes com a riqueza das unidades, temos o número 24, o qual somado resulta em 2 + 4 = 6, o número que segunda a Qabalah, pertence a Tiphareth, isto é, à Beleza através do caminho 24 oriundo da Vitória.
Em nosso próximo encontro, amados e amadas, vamos iniciar nossa caminhada, portanto, em nossa vitória pessoal na conquista dos mais pequeninos segredos. Grande abraço e que estejamos sempre sintonizados com o cosmos interior.

Saturday, September 19, 2015

A lenta retomada do passado

Olá meus(inhas) queridos(as) e abandonados(as) filhos(as) da mata, irmãos(ãs) de mesma terra sofrida. Eis que estou aqui, de volta, para deixar um pequeno texto de inspiração resposta às leituras que tive, bem como um pequeno aviso. Vamos primeiro para a parte chata, a parte que sempre me interessa mais, a dor [o pequeno texo]. É claro, nós bruxas do passado sempre estamos, de alguma sorte, envolvidas com a dor e, é claro, hoje nos cabe o dever de sanar a verdadeira fonte daquilo que infligimos no passado e que reverbera em forma de lágrimas e sofrimento no hoje.
Ora, vamos direto ao ponto. Sigo nessa vida de tal maneira que minha passividade às leituras vai diminuindo e aos poucos vou desenvolvendo coragem para me expor e, obviamente, expor o que penso. De mesma maneira observo que expor o que pensamos, no contexto atual, é um convite ao absurdo e ao ridículo de muitas coisas, mas que, talvez pela maturidade alcançada, hoje penso ser uma maneira lúcida de colocar na mesa o ferramental que temos e, com a devida educação e dulcilidade [docilidade se preferir], nos ajudarmos na construção de uma visão mais ampla, não por isso mais feliz. Afinal, o trabalho é árduo e nada fácil.
Claro, também gosto de enígmas, não os simples, mas os profundos, aqueles que mexem com a vida, com a morte, com o sexo e com o amor. Claro, pois que amor, morte e sexo são as mesmas coisas, a alma no seu caminhar perceberá a relação entre essas esferas que, no cotidiano de nossa cultura, parecem tão distintas e tão opostas. Bom, segundo nossa cultura o que une essas coisas pela oposição é o nosso próprio medo, e com essa palavra [medo] eu deixo o texto que servirá de enígma para o que virá.
"Só faltou observar que a hipocrisia estava ali, do lado, no coração e na alma de todos aqueles que os defendiam. Só faltou perceber que a desgraça pedagógica estava lá, implantada, ocorrente no cotidiano e que o fenecer do brilho dos olhos era unânime. Faltou, ainda, observar que sim, a desgraça era tamanha, que o sistema todo era por si só tão corrupto que era tido como o ideal, ainda que bilhões o sustentassem sem que, ao menos, o sistema retornasse algo dígno e bem estruturado e de justo valor. Sim, era verdade que muitas eram as almas dedicadas, trabalhadoras da verdadeira causa, o ser humano, muitos também eram os pupilos que conseguiam pulsar a luz do saber e a curiosidade, mas que em um país de dimensões continentais, difícil era o encontro harmonioso dessas almas perdidas no manto das trevas de um universo público. Sim, faltou observar que a realidade não era de excelência, mas sim uma verdadeira falácia do ego e da glória. Não, não foi falta de recursos, não foi falta de conhecimento, não foi falta ou carência de qualquer coisa que o valha. Eram almas poderosas, criaturas milenares que já andaram sobre outros orbes mas que, no entanto, eram vítimas de si mesmos que degladiavam no palco da academia a razão e a lógica, sem observar, contudo, a mais simples unidade do sentir e do espírito. Ora, espírito, o que pode ser algo que não se mede? A resposta era crassa, um grande nada. Nada era o que se considerava a razão de tudo e por isso mesmo nada eram os partícipes daquele dantesco cenário. Faltou dizer tanta coisa que muitos corações se calaram e na titânica briga de egos, muitos viraram zumbis e lacaios protetores do sistema obsoleto que tanto reclamavam, mas tanto desejavam possuir."
Você, meu caro leitor(a), por favor, fique à vontade para interpretar o que bem entender, dê-se a liberdade para pensar e o tempo necessário para refletir antes de vociferar seus sentimentos. Sim eu sei, os sentimentos são fortes, mas o propósito é esse. Pensei bem sobre isso ao escrever, o objetivo é mover algo interno em nós, para isso é preciso algo forte, mas ao mesmo tempo, quando movemos algo muito pesado dentro de nós, nos alteramos de tal maneira que reagimos violenta e abruptamente frente a tal ação interna. Ora, cabe-nos o autocontrole e o discernimento necessário para rever, dentro de nós mesmos, muitos desses reflexos que cultivamos sem qualquer razão aparente, com o intuito único de nos libertarmos.
Já com a ideia de liberdade em mente, vou deixar o meu recado. Trata-se de uma proposta que me fiz, novamente, retomando minha caminhada tão abandonada e tão temida por meu coração e por minha garganta. Sim, a garganta, pois é nela que sinto aquele nó, aquela vontade de chorar dilacerante toda vez que mexo com as forças profundas do meu coração. É tanto rancor guardado que, muitas vezes, fica difícil não se contorcer de dor e agonia profundas. Enfim, a proposta é repassar todas as Arcanas Menores do Tarot. Vamos explorar os quatro grandes grupos das Arcanas Menores e provar da sabedoria oculta antiga algo que, talvez, possa nos ajudar a desnudar um pouco mais de nós mesmos.
Em verdade, é uma terapia pessoal que, de certa forma, espero ajudar vocês ou, ao menos, deixá-los curiosos quanto a qualquer coisa que os instigue o interesse. É claro, o blog é muito estático e nada dinâmico, mas essa é minha forma de atuação, um tanto amortecido e complicado, mas quem sabe, mais surpresas venham a ocorrer na dinâmica de minha mudança interna.
Então, meus amados(as), tupinikins de todas as terras, filhos(as) de todos os orbes, viajantes de todos os tempos, amanhã darei início a uma viagem que ainda não tem data para terminar, mas, talvez, se tudo ocorrer bem, terminará dentro da seguinte contagem: 4x(4+10) = 56. O que isso significa? Teríamos 56 dias para findar o trabalho. São 4 grandes grupos de Arcanas Menores, cada qual contendo um rei, uma raínha, um pagem, um cavaleiro e dez números. E é aí, nessa contagem, que o grande segredo dos pequenos segredos se encontra.
Até amanhã meus(inhas) caros(as) filhos(as) da lua!

Friday, April 17, 2015

Sem nexo

Hoje bateu saudade. Bateu saudade de descer à Terra. Bateu saudade de caminhar nas ruas, bateu saudade daquela voz e daquelas risadas. Hoje bateu saudade e foi batendo. Bateu saudade de tanta coisa que já não se tem mais o que sentir. Saudade. Para quê? O feixe de luz que se desviou deixando assim um caminho maior a ser feito, mas com o menor gasto de energia. De fato, a ciência engatinha lentamente para o que já sabiam as bruxas.
Hoje bateu saudade, saudade. Saudade de ouvir aquele aviador, saudade de ver aquela raposa. Saudade, saudade daquelas conversas, saudade dela. Mas saudade deles também. Saudade das risadas, mas eram risadas verdadeiras? Talvez não, talvez fossem apenas risadas pueris de crianças de um dado tempo, num dado momento da vida delas.
Hoje bateu saudades e olha, não é incrível, estou no lugar de sempre. Não poderia ser mais gratificante olhar para trás e ver que foi feito, sim, uma história, ainda que simples era a minha história. História de pobreza e simplicidade, história de muitas brigas e risadas. História, minha história que não faço questão que saibam, que entendam ou que percebam, pois é tão minha e tantos são os fantasmas, muitos dos quais grudam em nós até hoje.
Olhando para trás, bateu saudade, bateu saudade daquela chuva, daqueles dias frios, daquelas noites longas, daquele xadrez, daquele chá, daquele leite achocolatado, daquele açúcar no final do pote. Saudade, bateu sim, saudade de muitas coisas. Seguindo como sempre ela mesma, sempre a mesma energia de bruxa, sempre as mesmas visões, sempre as mesmas faculdades.
Olhando mais para trás, não há saudade, não há nada além de desespero que ora se findou. Olhe para trás, o que há? Há muito, há nada, há tudo o que um cérebro pode registrar e um infinito que uma mente pode arquivar. Registro não é arquivo e arquivo não é registro, pois registro se apaga e arquivo governa. Equivocado, não? Imagina, são apenas palavras, não fazem sentido algum exceto aquele que damos para elas.
Palavras, saudades, sentimentos, e pouco, mas muito pouco de racional. Quando vão entender? Não conseguem, não conseguem nem pedindo por amor a Deus. Não conseguem, acham-me demasiado racional quando, em verdade, sempre fui a coisa mais emocional que andou nesse planeta.
Enfim, saudades, saudades de voltar à Terra, de voltar e olhar, cheirar, sentir. Saudades, não, não é mais saudades, agora é outra coisa pois já se foi, no início era, mas o segundo anterior já é passado e o passado embora registrado não foi arquivado, é passado, se apagou, entende? O agora é agora e no agora não é saudade, agora eu vejo como outra coisa. São memórias, as quais não me inspiram nada além de gratidão.
E por fim, tudo vai terminar nisso, gratidão, olha que coisa. Nada além de gratidão, simples e honesta gratidão. Obrigado por caminharem comigo.