Olá meus amados(as) Urutaus! Queridos(as) leitores(as) que aqui se fazem presente mais uma vez, nessas humildes linhas que vertem algumas palavras da sabedoria antiga, misturadas com os sentimentos e as experiências desse viajante que aqui escreve.
Preciso desabafar e dizer que tem sido uma tarefa um tanto complicada o desabrochar da escrita para as Arcanas Menores, mas hoje chegaremos ao fim do quadrante, finalmente iremos abordar o Ás de Pentagramas (ou Ás de Ouros, na tradução oficial). Irei sempre utilizar Ás de Pentagramas, por ser a forma com a qual estou habituado a utilizar e a qual, igualmente, permite-me maior acesso ao que eu devo prestar atenção, talvez isso sirva de ajuda para vocês.
Estamos então, munidos da energia das águas de Aquário, com o Ás de Copas tivemos acesso ao centro das emoções, o cerne dos sentimentos e a ímpar capacidade feminina da criação. Depois, estagiamos um tempo na esfera do sexo com o fogo de Leão, compreendendo com o Ás de Bastões que as energias sexuais representam a divina fonte do empenho criativo que há em nós, através do qual devemos fixar sólida base para ascender às esferas superiores. Por fim, nosso último encontro foi com o Ás de Espadas, ou a violenta e poderosa ação dos ventos de Escorpião, o elemento da capacidade cognitiva, a inteligência e a consciência suprema.
Agora chegamos ao fim dessa jornada, podemos olhar para trás e ver Aquário, Leão e Escorpião como templos, como signos de grandiosidade e orgulho. Seus símbolos Copas, Bastões e Espadas são eretos, fálicos, fecundos e ascendem aos céus em peculiar forma a demonstrar que o espírito é original na água, ativo no fogo e criativo no ar. Singularmente, nosso último encontro se dá com o Pentagrama, o símbolo da união entre os cinco elementos, quatro muito claros aos olhos dos não iniciados e o quinto apenas visível para os que sabem ver.
Água, fogo, ar e finalmente terra constituem os quatro elementos que fazem parte desse mundo, são símbolos ou metáforas para padrões observados pelos antigos. O Ás de Pentagramas é regido pelo signo de Touro, animal terrestre assim como o Leão, mas cuja alimentação é exclusivamente herbívora, ou seja, é um animal que se alimenta diretamente da terra, aquele que precisa se curvar para obter seu sustento, representando o símbolo da humildade.
Mas qual então seria o quinto elemento? Aos corações atentos, foi possível perceber que o quinto elemento é o espírito! O Ás de Pentagramas une assim cinco elementos para nos mostrar que o mundo é a união do material e do imaterial e que, ao mesmo tempo, é importante estar no mundo, a humildade é o caminho base para o espírito, esse mesmo deve compreender que ser material é importante, mas deve evitar pertencer ao material.
É importante para o espírito estar entre os elementos neste mundo, mas não é interessante que o espírito permaneça na matéria ou que materialize ao ponto de perder a percepção de sua própria natureza imaterial. O Ás de Pentagramas nos deixa claro um outro detalhe fundamental quanto a sua arquitetura.
Uma taça, uma espada e um bastão podem parar em pé quando jogados em terra firme, mas uma medalha cairá e se deitará, isto é, o Ás de Pentagramas não representa grandeza, apesar de ser da cor do ouro, isso apenas deixa claro que a verdadeira preciosidade reside na humildade, na simplicidade e na capacidade de perceber a natureza das coisas e assim conduzir o caminho meditativo no encontro de si mesmo.
Podemos ainda fazer uma referência muito forte ao Budismo em nossa visão da medalha dourada jogada ao chão. Observe o cenário logo abaixo da feminina mão que segura o Pentagrama, trata-se de um jardim, com flores simples, um ambiente humilde, mas bem cuidado, assim como os Zen Budistas fazem com seus jardins. Cuidar do jardim é tradição que se refere à melhoria de nós mesmos o que acarreta na melhoria de nosso trabalho, nossa família, nossas cidades e etc. Cuidar do jardim é também compreender a natureza búdica em tudo, é ser capaz de seguir a máxima de um Bodhisatva: “Eu não quero nada pra mim que não seja nada para o outro.”
Podemos ainda estagiar um pouco no Budismo Tibetano, através do mantra “Om mani padme hum” que significa “Oh Diamante no Lótus” e que muito bem representa a consciência pura e sem ego do Buda, isto é, a verdadeira essência do espírito, a vacuidade. Sobretudo, ao fundo podemos ver um muro verde e que discretamente nos abre uma porta rumo ao desconhecido, rumo às montanhas, rumo à lição Búdica da impermanência.
Temos aqui, finalmente, a junção de todos os elementos trabalhando harmonicamente com o espírito no sagrado caminho do descobrimento de si mesmo. Eis a verdade do Tarot. Os segredos podem ser por ele revelados, mas é o espírito quem fará o trajeto.
Enfim meus(inhas) amados(as), espero em breve começar a escrever um pouco das demais cartas que cada quadrante guarda e ao final apresentar as personagens reais de cada quadrante Reis, Rainhas, Pagens e Cavaleiros. Por enquanto, fico feliz de poder escrever após meditar por um tempo e recitar calmamente o mantra “Om mani padme hum.” Recomendo o mesmo para vocês, todos os que buscam no Tarot algum conhecimento, não encontrarão de outra forma que não seja vivendo-os.
“Cada pensamento verdadeiro corresponde à Graça Divina nos céus e um bom trabalho na Terra.” Eliphas Levi.