Sunday, January 31, 2016

Ás de Pentagramas

Olá meus amados(as) Urutaus! Queridos(as) leitores(as) que aqui se fazem presente mais uma vez, nessas humildes linhas que vertem algumas palavras da sabedoria antiga, misturadas com os sentimentos e as experiências desse viajante que aqui escreve.
Preciso desabafar e dizer que tem sido uma tarefa um tanto complicada o desabrochar da escrita para as Arcanas Menores, mas hoje chegaremos ao fim do quadrante, finalmente iremos abordar o Ás de Pentagramas (ou Ás de Ouros, na tradução oficial). Irei sempre utilizar Ás de Pentagramas, por ser a forma com a qual estou habituado a utilizar e a qual, igualmente, permite-me maior acesso ao que eu devo prestar atenção, talvez isso sirva de ajuda para vocês.
Estamos então, munidos da energia das águas de Aquário, com o Ás de Copas tivemos acesso ao centro das emoções, o cerne dos sentimentos e a ímpar capacidade feminina da criação. Depois, estagiamos um tempo na esfera do sexo com o fogo de Leão, compreendendo com o Ás de Bastões que as energias sexuais representam a divina fonte do empenho criativo que há em nós, através do qual devemos fixar sólida base para ascender às esferas superiores. Por fim, nosso último encontro foi com o Ás de Espadas, ou a violenta e poderosa ação dos ventos de Escorpião, o elemento da capacidade cognitiva, a inteligência e a consciência suprema.
Agora chegamos ao fim dessa jornada, podemos olhar para trás e ver Aquário, Leão e Escorpião como templos, como signos de grandiosidade e orgulho. Seus símbolos Copas, Bastões e Espadas são eretos, fálicos, fecundos e ascendem aos céus em peculiar forma a demonstrar que o espírito é original na água, ativo no fogo e criativo no ar. Singularmente, nosso último encontro se dá com o Pentagrama, o símbolo da união entre os cinco elementos, quatro muito claros aos olhos dos não iniciados e o quinto apenas visível para os que sabem ver.
Água, fogo, ar e finalmente terra constituem os quatro elementos que fazem parte desse mundo, são símbolos ou metáforas para padrões observados pelos antigos. O Ás de Pentagramas é regido pelo signo de Touro, animal terrestre assim como o Leão, mas cuja alimentação é exclusivamente herbívora, ou seja, é um animal que se alimenta diretamente da terra, aquele que precisa se curvar para obter seu sustento, representando o símbolo da humildade.
Mas qual então seria o quinto elemento? Aos corações atentos, foi possível perceber que o quinto elemento é o espírito! O Ás de Pentagramas une assim cinco elementos para nos mostrar que o mundo é a união do material e do imaterial e que, ao mesmo tempo, é importante estar no mundo, a humildade é o caminho base para o espírito, esse mesmo deve compreender que ser material é importante, mas deve evitar pertencer ao material.
É importante para o espírito estar entre os elementos neste mundo, mas não é interessante que o espírito permaneça na matéria ou que materialize ao ponto de perder a percepção de sua própria natureza imaterial. O Ás de Pentagramas nos deixa claro um outro detalhe fundamental quanto a sua arquitetura.
Uma taça, uma espada e um bastão podem parar em pé quando jogados em terra firme, mas uma medalha cairá e se deitará, isto é, o Ás de Pentagramas não representa grandeza, apesar de ser da cor do ouro, isso apenas deixa claro que a verdadeira preciosidade reside na humildade, na simplicidade e na capacidade de perceber a natureza das coisas e assim conduzir o caminho meditativo no encontro de si mesmo.
Podemos ainda fazer uma referência muito forte ao Budismo em nossa visão da medalha dourada jogada ao chão. Observe o cenário logo abaixo da feminina mão que segura o Pentagrama, trata-se de um jardim, com flores simples, um ambiente humilde, mas bem cuidado, assim como os Zen Budistas fazem com seus jardins. Cuidar do jardim é tradição que se refere à melhoria de nós mesmos o que acarreta na melhoria de nosso trabalho, nossa família, nossas cidades e etc. Cuidar do jardim é também compreender a natureza búdica em tudo, é ser capaz de seguir a máxima de um Bodhisatva: “Eu não quero nada pra mim que não seja nada para o outro.”
Podemos ainda estagiar um pouco no Budismo Tibetano, através do mantra “Om mani padme hum” que significa “Oh Diamante no Lótus” e que muito bem representa a consciência pura e sem ego do Buda, isto é, a verdadeira essência do espírito, a vacuidade. Sobretudo, ao fundo podemos ver um muro verde e que discretamente nos abre uma porta rumo ao desconhecido, rumo às montanhas, rumo à lição Búdica da impermanência.
Temos aqui, finalmente, a junção de todos os elementos trabalhando harmonicamente com o espírito no sagrado caminho do descobrimento de si mesmo. Eis a verdade do Tarot. Os segredos podem ser por ele revelados, mas é o espírito quem fará o trajeto.
Enfim meus(inhas) amados(as), espero em breve começar a escrever um pouco das demais cartas que cada quadrante guarda e ao final apresentar as personagens reais de cada quadrante Reis, Rainhas, Pagens e Cavaleiros. Por enquanto, fico feliz de poder escrever após meditar por um tempo e recitar calmamente o mantra “Om mani padme hum.” Recomendo o mesmo para vocês, todos os que buscam no Tarot algum conhecimento, não encontrarão de outra forma que não seja vivendo-os.
“Cada pensamento verdadeiro corresponde à Graça Divina nos céus e um bom trabalho na Terra.” Eliphas Levi.

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