Tarot Cotidiano

Uma leitura externa


Olá meus(minhas) caros(as), hoje vou deixar aqui, ainda que rapidamente, uma leitura que me foi entregue a meu pedido. Um querido amigo cujo nome tem as iniciais GGE deixou essa maravilhosa leitura que me serviu terapeuticamente de maneira singular. Deixo-a aqui somente por se tratar de uma passagem do tarot cotidiano. Aos interessados(as), a leitura é uma cruz celta, embora contenha as cartas de Waite, ela foi realizada pela ótica mitológica com outras cartas. O motivo da imagem da jogada ser de Waite era, pois, um apenas. Eu fiz o corte na cidade onde estou, meu querido amigo GGE fez a leitura da cidade dele, para isso, tive que mandar a tiragem para ele e ele a refez na comodidade do lar dele. Enfim, segue a maravilhosa leitura feita por meu caro amigo. A pergunta que realizei diz respeito a uma situação de escolha que vivo e que não me agrada.
Bem, vamos lá, temos como a significadora a Torre, uma alusão a habitação, uma construção feita pelos mortais, ora para ficarem mais próximos da luz (divindade ou clareza de pensamentos) ora para observarem melhor a aproximação de ameaças. Na grécia antiga e no oriente, o corpo humano era representado como construções e esse arquétipo de “ser/estar em um espaço físico” criou através dos séculos uma importante forma de identificação de nós com o meio em que vivemos.
No meu baralho a Torre é representada como o labirinto do rei Minos atingido por um raio e por um terremoto, ou seja, ruirá não importa o que façamos (Por mais perdido que esteja, o labirinto vai ruir). O terremoto é causado por Poseidon que surge através de uma força instintiva incontrolável do “inconsciente mar revolto espumante”, ele está apontando o tridente para a torre. O tridente de Poseidon é um simbolo poderosíssimo intimamente ligado ao domínio dos instintos e da noite.
Apesar de Poseidon ser um deus da Terra, ele é retratado aqui com rabo de peixe, ou seja, pertence ao mundo de seres de sangue frio e de sangue quente, dos humanos, cujos arcaicos instintos dominam facilmente suas mentes (Temos que ser sinceros com nós mesmos, por mais duro que seja e Poseidon está mostrando isso apontando seu tridente para o arquétipo da Torre com um simbolo instintivo, ou seja, apesar dos seus instintos quererem o melhor pra você, cuidado com falsas expectativas.)
Existe um colapso de velhos métodos seus, algumas coisas não funcionam mais como antigamente, você mudou, as coisas mudaram, pensamentos novos são necessários. Existe aqui uma representação interna e externa de você que, como o Labirinto de Minos escondia a Besta Horrível e vergonhosa do Minotauro, talvez você ainda oculte um lado menos agradável seu o que poderia te prejudicar muito. Um labirinto pode ser erguido propositalmente pela mente para admitirmos uma estrutura externa a fim de incorporar o nosso eu incompleto. Após o choque de realidade, o labirinto cai e mata o Minotauro, no entanto, ali existiam escravos aprisionados, desse episódio, talvez, nem tudo o que chega ao fim foi ruim no final das contas.
Em vista disso tudo, como eu interpretaria essa carta aqui, em relação a sua situação é: ta forte a carência, necessidade em “ter” alguém, ou compartilhar da vida por agora como a surgência de Poseidon deixou evidente, mas é preciso realidade para vermos o que realmente queremos ser pra alguém e o que essas pessoas teriam a nos oferecer no momento em apreço. Seria o caso de reavaliarmos, ou mesmo separarmos alguns conceitos fixados há tempos para tornarmos algumas situações factíveis.
Cruzando o Labirinto de Minos já em ruínas, temos outra figura imperfeita representada pelo centauro Quíron como o Hierofante, então, até aqui temos no jogo um Bovídeo e um Equino mesclados com troncos humanos, uma ambivalencia e dualidade gigantescas. Quíron era um grande alquimista, conhecia o poder das ervas e substancias químicas, mas era incapaz de curar a si mesmo, nesse sentido, ele está indicando como carta cruzada que, apesar de acreditarmos sabermos muito a respeito de nós e de como as coisas funcionam (muitas vezes para os outros) só a prática, por pior que seja, nos dará respostas mais concretas do que as de níveis filosóficos ao quais estamos habituados.
Aqui indica que vai aparecer um cara sim, na forma de alguém bem instruído, quem você vai pedir algum tipo de ajuda (pode ser um toque). Epona é representada como um cavalo branco, e por muito tempo, o cavalo tornou-se um simbolo de vida, vitalidade, ação. Então, como carta cruzada, talvez a sabedoria do Hierofante indica justamente a negativa em obter respostas de nível filosófico negligenciando antes a prática das coisas cotidianas da vida, ainda que sejamos imperfeitos.
Carta da cabeça, sete de paus vindo como a luta de Jasão com o rei Aestes para levar de volta o velocino de ouro. Aqui indica uma prova de fé com você mesmo, talvez isso paira constantemente sobre você, diariamente você se coloca em prova de algo. Aqui ele sugere imaginarmos uma situação hipotética: “quanto estamos dispostos a lutar por algo que já conseguimos?” mas é absurdo pensarmos assim com um tridente nas nossas fuças, no entanto, como é uma carta de fogo e luta, o quanto estaríamos dispostos a pagar pra ver? O velocino está ao alcance, o que falta agora para levarmos pra casa? Então essa situação paira sobre você, questionamentos como “se vale a pena ou não, e como a carta cruzada indicou, só com a prática para sabermos.
A base da questão, Apolo, um moço belo, radiante, porte atlético, curava sofrimentos e medos em forma de música, a música é a expressão do deus-sol (música, outro toque) ela transforma a escuridão em luz e significados. As flechas de longo alcance de apolo implicam aqui a imagem daquela nossa parte que pode enxergar o propósito e a razão das experiências muito antes de tê-las emocionalmente processado e eventualmente superado. Então, o que gera todo o questionamento acerca dessa situação é de sua propria natureza.
Como base da questão, ele prevê período de clareza, otimismo e confiança renovada, aqui existe um forte princípio masculino da vida que age em todos e ajuda a progridir para a sua meta independente de nossas convicções estarem certas ou erradas, o ambiente é favorável para obter mais respostas. O Pajem de paus representado pelo garoto de 12 anos, Frixos, simboliza o elemento fogo no seu mais puro e inicial arder, puxando a linha do passado, trás um velho receio seu de estar fazendo tudo de forma errada com as pessoas, medo de errar, hesitação, e isso pode ser prejudicial, mas aqui, ele apenas fala que chegou o momento de você experimentar ideias novas e talvez uma abordagem diferente das que você fez no passado.
Sua presença como uma influência do passado levanta a questão a respeito do quão maduro estamos para o relacionamento, no entanto ele não priva das tentativas e avisa para “traumas passados” não bloquearem ideias e sentimentos novos, tão necessários nesse momento. Fantasias iniciais que acompanham todo o fulgor não possuem o poder impulsionador do ás de paus e, no final das contas, podem vir a ser impraticáveis ou impossíveis, mas, no entanto, devem ser consideradas seriamente, pois são arautos de novas fontes de inspiração e ideias, então, esse sentimento de ilusão não é completamente desprezível e o pajem vem até você para mostrar que nem tudo o que você está pensando é 100% absurdo.
Como influência futura, o Rei Midas da Macedônia indica o aparecimento de alguém que ajudará a fortalecer a nossa autoconfiança, sendo necessário apenas o “toque de Midas” para desencadear em você várias respostas, as quais anseia, no entanto, como carta material, talvez ele queira te lembrar também sobre como as pessoas em uma relação desejam “possuir” a outra, isso ocorre muito, até em amizades, e isso gera diversos sentimentos ruins, ciúmes, apego, etc. Apesar de sabermos tudo isso, muitas vezes é preciso nos entregarmos para dar certo e para sermos sinceros conosco e isso é muito perigoso muitas vezes.Você pode pensar de uma forma mas o outro certamente pensará de outra.
Poderia falar aqui que rolaria algo sim, no futuro, se as “coisas certas” fossem feitas, mas o hierofante deixou tudo muito paradoxal quando disse que só saberiamos com a prática que é incerta e geralmente dolorosa. Outra interpretação aqui diz respeito ao que teremos em nós, arsenal bélico físico e emocional, então, muito provavelmente o Rei ri da sua cara, das suas incertezas e desconfianças e diz que você terá sim aparato durante essa jornada, mas nunca devemos nos esquecer que fomos ameaçados pelo tridente de poseidon logo no começo dessa abertura. A agilidade dos equinos e o peso dos bovinos se mostraram prejudiciais, então temos que desconfiar de todos, até do rei.
Como extensão futura da significadora, o dois de copas retrata aqui o encontro inicial de eros e psiquê. Existe logo de cara a polarização das energias vitais, seria a atração do feminino e masculino, no entanto, como posição atual, é um querer e não querer contínuo. Na antiga fabula de Platão, a respeito das origens da humanidade, a alma humana , antigamente, era uma esfera perfeita e continha uma mescla do feminino e masculino, mas essa alma andrógina se dividiu e se perdeu pelo planeta fragmentada, então, por isso, o sexo era algo sagrado, divino, porque representava a busca pela “outra metade”. Aqui é explicitado o inicio de um relacionamento, porém, como essa carta contém destroços da Torre, a concretização dessa proposta se torna frágil, no entanto a carta atenta para a vontade, querer é poder sim.
Como um fator ambiental, existe Afrodite indicando a Psiquê o que ela deve fazer pra ficar com Eros novamente. É explícita a representação da dádiva – e o problema – de ser confrontado com muitas possibilidades nos assuntos do coração. É a carta dos “castelos de ar” então, mais uma vez, o ambiente a sua volta, as circunstâncias as quais você está inserido vislumbram uma situação emocional sua, na qual muitos potenciais seus são evidentes, mas existe o confronto de escolher e agir em termos realistas para esses potenciais se manifestarem.
Orestes no seu exílio está mostrando suas esperanças e temores diante dessa situação. Voce saberá decidir com calma e serenidade acerca do que fazer – ou do que não fazer (também é uma decisão) – ele diz que você está num momento introspectivo e assim como ele, no exílio, você deve reconhecer o valor disso, de quietude, calmaria e várias vezes paz interior. Apesar da decisão tomada, você manterá esse controle sobre seu exílio, Orestes deixou isso claro, só quem passou por isso pode nos aconselhar.
Você teme que as coisas saiam dos eixos, mas por “culpa” do outro ou de outros, e teme também que as pessoas não saibam lidar com o seu exílio ou que interfiram de forma destrutiva sem que você perceba, rompendo o dolorido silêncio obtido arduamente durante muito tempo. Resultado final: elevação de psiquê ao nível divino, fechando o ciclo. Experimentando um sentido de ligação com o divino que somente o amor profundo pode promover, ela diz pra você que: “às vezes, o amor por uma pessoa abre o coração para o amor à própria vida; a vida tem significado e propósito, e um mundo mais amplo e mais brilhante descortina-se ao nosso olhar.” O texto fala ainda sobre tentativas no amor, mas deixou claro sobre as chances que você e as outras pessoas merecem, embora nem todo relacionamento dê certo, o legal da vida é, obviamente, estar vivo para tentar.


Uma homenagem ao Tolo

Olá meus(inhas) amados(as) e queridos(as), antes que o dia termine, permitam-me deixar aqui o meu mais breve elogio ao dia dos Tolos. Deixe-me abrir aqui um pouco do que rodeou minha mente ao longo do dia e dessa semana meditativa que tive.
Antes de mais nada, preciso expor aqui minha completa ignorância e carência de informações quanto qualquer ligação que exista entre o Tarot e o dia de hoje, mas minha intuição está me guiando para isso aqui, então, deixarei ela fazer a parte que lhe cabe, prossigamos?
Hoje, primeiro de Abril, assim como todos os outros “primeiros de Abil” de ainda haverão e os que já passaram, representa em minha mente a carta mais problemática do Tarot, talvez a mais enigmática e a mais esquecida do seio de nossas religiões e no seio de nossas culturas, mesmo no coração de nós mesmos.
Falamos sobre a carta que para alguns autores é representada pelo número zero, mas para o mais clássico dos conjuntos, representa o número 1, falamos da Arcana Maior “O Tolo.” A carta que figura o arquétipo do insipiente, da rosa branca, isto é, aquele cujo conhecimento físico dos fatos é nulo ou que pouco sabe sobre os caminhos da vida, aquele que se joga em uma jornada de dores e sofrimentos que até mesmo os Deuses (sim, com letra maiúscula) invejam.
Rezam lendas que o Deus criador de tudo, aquele quem deu origem à luz e às sombras, aquele quem originou o Todo era, em realidade, a figura do Tolo. Ora, pois, outras lendas convergem em dizer que em algum momento, que ironicamente não pode ser contabilizado no tempo (pois o mesmo não existia antes disso), um certo Deus resolveu brincar, mas percebeu que ele não tinha ninguém com quem pudesse interagir, para resolver o problema, ele passou a se contrair em etapas, a primeira etapa foi a de esquecer-se de quem era, regredindo e regredindo, mais e mais, até que explodisse dando origem ao cosmos (qualquer analogia ao big bang não é mera coincidência).
Outras lendas (algumas, dizem, científicas) também versam sobre outras coisas que explodem e dão origem ao universo que evoluiu (olha, não é só a ciência que fala em evolução cosmológica, engraçado né?) e chegou onde estamos, a verdade maior aqui é que o processo – na síntese do como ocorreu – não importa em absolutamente nada, a mitologia (o estudo da mentira), aqui, lança luz sobre um outro aspecto que se encontra nas entrelinhas. Qual o motivo de sabermos que Deus queria brincar e que para criar era preciso esquecer-se de si mesmo?
Para que Deus pudesse brincar, verdadeiramente, ele não poderia brincar sozinho, isso não faria sentido aparentemente, talvez possamos suspeitar disso quando estamos tentando encontrar alguma diversão verdadeira, feliz e profunda sozinhos. Então, em percebendo que a solidão não permite brincadeiras e interações, Deus resolve criar, mas para isso primeiro deve esquecer-se de quem é. Ora, se Deus criasse mantendo consciência plena de si mesmo, talvez isso não seria interessante, tendo em vista que ele saberia de sua identidade divina e, como todos os outros Deuses, poderia usar de suas capacidades de maneira desonesta, trapaceira ou ter a tentação de controlar. Ora, aparentemente Deus temia a si mesmo a ponto de optar por aprender valores que ele não conhecia, para isso, faria de si milhares e esses milhares aprenderiam, todos, todas as experiências possíveis através dos tempos (qualquer semelhança com a teoria oriental de Gaya não é mera coincidência).
Ora, para os mais espertinhos resta a pergunta, se Deus queria brincar, por que cargas d’água ele não foi bincar com os outros Deuses? Afinal, eu falei em Deuses né? A resposta é mais simples ainda, Deus não queria brincar com o conhecido, ele queria brincar com o desconhecido, optou por um caminho diferente dos demais, optou por perfazer o novo, iniciar um caminho, uma jornada que ele não conhecia.
Esse Deus figura o heroi da carta “O Tolo,” a arcana maior que, em verdade, representa a nós mesmos, em espírito. Eis a essência da mentira, isto é, do mito que acabamos de explorar. O espírito nasce da luz (sol acima), de origem divina (céu amarelado no alto das montanhas) e desce até a Terra (caminho ao precipício) com a única coisa que lhe cabe em mãos (a própria ignorância representada pela rosa branca) e as poucas bagagens que pode carregar (sentimentos e inclinações), tendo como guia a própria consciência leal (o cachorro branco que indica o caminho).
Podemos ainda, observar a altivez com que o personagem dessa Arcana avança até o precipício, podemos ver que ele praticamente se entrega ao caminho a ser cumprido, de cabeça erguida e de peito aberto, como só um “tolo” poderia fazer, afinal, quem quer realmente renascer? Pensemos nisso.
Pensemos, também, que, talvez, de “tolo” não há muito nessa figura, pois o que realmente importa é tão pequeno, mas tão pequeno que ficamos reféns da ambiguidade: essa altivez toda dessa figura humana se dá por simples ignorância ou por sabedoria serena?
Eis o “Tolo,” aquele a quem julgamos tolo, por vezes, é o verdadeiro sábio e nós, os pseudosábios. Não poderia faltar aqui a lição de humildade que a carta nos deixa igualmente, não é mesmo meus(inhas) amados(as).
Espero que vocês tenham gostado dessas poucas palavras sobre essa carta em comemoração ao dissa que já findou. Um grande abraço caloroso no coração de todos e fiquem com essa música maravilhosa para meditações em nosso caminho de “tolices.”


Três, três, três

Olá meus(inhas) caros(as), desculpem-me quebrar um pouco a rotina e transformar um pouco esse humilde blog em um diário de bordo, mas a título de minha terapia pessoal, hoje resolvi escrever um pouco do que me aconteceu com o Tarot em uma rápida meditação (digo, rápido em sentido mais absurdo possível, imagine, meditar por 1 minuto ou menos).

Toda vez que faço meus mergulhos em mim, preciso unir equilíbrio, boa vontade, música e algum recurso místico (Tarot é geralmente a ferramenta mais disponível que eu tenho). Então, hoje fiz uma jogada para entender um pouco mais do que eu deveria perceber.

Trata-se a leitura de uma tiragem cigana simples no qual devemos ler da direita para a esquerda e essas foram minhas surpresas: O Sol (19), A Carroça (7), O Emperador (4), A Alta Sacerdotisa (2), A Roda da Fortuna (10). Bom, junto dessas surpresas eu também me deixei guiar por um vídeo do youtube com a música que deixei disponível no final do texto, alguma coisa guiada enquanto eu pensava sobre minhas origens Vikings.
Fiz uma tiragem com Arcanas Maiores somente, para facilitar minha preguiça em interpretação e o curioso foi a maneira tão doce, mas ao mesmo tempo direta com que o Tarot falou comigo. Iniciemos, pois a leitura, isso também irá me ajudar muito.
A carta O Sol inicia com a mensagem bela de que o espírito triunfa, a criança interior encontrou sua vitória e é levada adiante pelo sígno da virtude, o cavalo branco. A jovem criança nua demonstra a realidade verdadeira do espírito, representado pelo estandarte vermelho, implicando aqui um cenário de leveza e simplicidade, a alegria e o contentamento daquele que venceu as trevas de si mesmo que estão logo atrás do paredão revestido por gira-sois. Aqui, um simbolismo claro da sabedoria divina e da luz que ilumina as trevas do passado, trevas essas que não foram esquecidas obstruídas pelo paredão, mas sim, iluminadas e abençoadas pela vitória da sabedoria, da razão plena, da jovialidade pueril, da simplicidade das emoções e do desnudamento perante o medo. Aqui, a criatura se revela e inicia a jornada como um quadro em branco, pronto para ir adiante.
A carta seguinda é O Carro, essa carta está em uma posição difrente da primeira, a primeira indicava o momento atual, mas dentro desse momento atual há algo que deveria ser deixado para trás para que se possa seguir o caminho, O Carro é portanto o símbolo daquilo que deve ser abandonado ou evitado. O Heroi coroado pelas estrelas é aquele quem guia os caminhos sabiamente respondendo às esfinges os enígmas da vida e demonstrando que a razão é um poderoso instrumento de discernimento da ilusão, ora, a carta O Carro é uma representação, também, da razão soberana, instrumento intelectivo muito utilizado pelos verdadeiros herois e sábios que vencem os mistérios da vida por meio da inteligência, esclarecimento e conhecimento fundados em uma lógica clara e precisa.
Então, a mensagem que a carta O Carro nos deixa para entrarmos no caminho do meio é a do abandono de uma postura lógica muito crítica ou, então, o não uso exagerado e cego da razão como ferramenta única do caminho, em essência, evitar o extremo do uso único do instrumento racional, técnico e científico como único (fora do qual não há salvação) veículo de manifestação na vida. A carta que representa, portanto, o caminho do meio é justamente O Imperador, a carta que demonstra a importância do Ego, a importância de se ter uma Identidade e a importância de se preservar o Eu.
Fico de coração apertado em encontrar essa carta, não raras as vezes, pois que da educação espírita de berço e da educação espiritualista que trago de todos os lugares, é-nos demonstrado que o Ego constitui uma chaga ou um problema, de alguma sorte, à humanidade. Ora, pois que devo me recolher em minha educação primária e simples, hoje conhecido como bruxaria, mas que tenho carinho imenso e prefiro entender como “o conhecimento dos exilados.” Aprendi a ouvir um terceiro elemento que me guia dizendo que não se deve exagerar, igualmente, na destruição do Ego, pois que ele é essencial à criatura que estagia o existir nesse planeta.
A carta O Imperador portanto demonstra como devemos ser senhores de nós mesmos, utilizando da ferramenta da Identidade, do Ego e do Eu como uma tríplice aliança na construção de nosso conhecimento claro de nós mesmos. Devemos sim nos alicerçar em nossos Egos, mas de maneira não tirana, ao contrário, nossa construção egoica é a de um Imperador que sabiamente governa entre duas condições, sendo assim o terceiro elemento, o elemento imparcial que guia, que diz o que se deve fazer, sem no entanto condenar, julgar ou culpar. Vamos tentar entender um pouco mais a carta do caminho do meio quando olharmos o diálogo entre as cartas que cercam O Imperador.
Olhemos a carta seguinte, aquela que nos diz que devemos abandonar durante o momento em que executamos o caminho do meio. Essa é justamente a “Alta Sacerdotisa” a carta do arquétipo feminino, a heroína dos sentimentos, da sabedoria passiva, àquela que se manifesta pelo conhecimento das verdades do inconsciente, do destino e da dor. Os sofrimentos mais profundos são lavados pelas águas do vestido da Sacerdotisa, pois ela é detentora da Lei, o Torat (ou Tarot, de trás para frente). É ela quem sabiamente nos aconselha a ouvir nossos sentimentos, mas ao mesmo tempo, nos apaga a memória profundamente para que possamos continuar nossa caminhada em nossa conquista de nós mesmos, afinal, certas dores paralisam a criatura humana.
Vejamos, portanto que O Imperador se encontra no meio, entre a carta da racionalidade crítica O Carro e a carta dos sentimentos profundos A Alta Sacerdotisa, então o que é O Imperador, o que ele representa? A imparcialidade, aquele que no meio guia sabia e virtuosamente os dois extremos que devem ser evitados como caminhos únicos, trata-se aqui O Imperador do terceiro elemento, o número três, sagrado e perfeito.
Poderíamos parar por aqui e escrever um livro só para falar sobre o simbolismo do número três, além de outras coisas, mas para evitar delongas quero dizer apenas que, recentemente, entre conversas com amigos cheguei a entender que três é, também, um símbolo para linguagens simples como: a mente racional, a mente sentimental e a mente intuitiva; demaneira simples a razão e o sentimento são bem figurados no mundo da dualidade, mas o terceiro elemento é um tanto escondido de muitos, trata-se ele da intuição.
Com isso em mente podemos entender a última carta, aquela que guarda a lição ou o aprendizado futuro que se deverá experimentar ao final desse caminho. Temos, portanto a carta A Roda da Fortuna, a qual surpreende sobremaneira, pois para entender bem o que ela quer dizer foi preciso olhar para trás e perceber que a vida me mostrou que devemos conquistar o equilíbrio, iniciando o caminho livres de bloqueios e abertos ao novo, precisamos estagiar em nossa racionalidade, perceber a importância de nos agregarmos, de termos um Eu, perceber que esse Eu é divino e nos guia com sua luz sagrada de maneira imparcial, trata-se do desabrochar da intuição e por fim aprendermos a humildade de cada sentimento, a linguagem de cada sentimento, cada qual traduzido por uma versão oral e escrita através da primeira consciência racional, essa ainda incapaz de se utilizar de outra lingua que não seja a palavra, instrumento ainda pobre mas fundamental para entender algo além e mais abstrato.
Por fim, chegamos a conclusão de que a carta A Roda da Fortuna nos indica que a impermanência e o desconhecido fazem parte do porvir e exigem de nós a entrega simples, pois enquanto estivermos girando a roda da vida, estaremos nela por um motivo e que seja esse o motivo de nossa libertação, de nosso crescimento e de nossa vivência da depuração.




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