Thursday, January 30, 2014

Uma adaptação de um trecho de “A Conferência dos Pássaros”

Num belo jardim de Manacás lá estavam, os pássaros cansados da longa jornada. Dentre eles um belo Urutau, ave cujo canto era distinto e considerado entre todos os cantos das aves o mais belo. O Urutau contemplava o doce aroma do Manacá quando fora interrompido com pedidos para que deixasse o jardim, pois a viagem prosseguiria. Contudo, o Urutau impressionado com a beleza violácea e branca das pétalas aromáticas do Manacá relutou, dizendo que ali estaria seguro. Porém, disseram ao Urutau que a bela flor feneceria e, tal rosa no jardim, era efêmera, pois que o Urutau não deu ouvidos. Novamente, perguntaram ao Urutau: “Urutau, você daria sua voz pela flor?”; ao qual o Urutau esbravejou dizendo: “Está louco, são apenas flores!”; e assim tentaram fazer com que o Urutau admitisse que o mais belo Manacá era apenas uma flor que feneceria tão breve fosse a estadia da bela ave em tal magnífico jardim. Pois que, não importa o quão seguro e maravilhoso seja o jardim, devemos lembrar que ele é apenas passageiro, que nossa estadia ali, por graciosa que seja, será apenas diminuta, pois o caminho deve ser feito. Aos atenciosos tupiniquins que conhecem um tal Urutau, que as poéticas palavras muçulmanas sobre o eterno do viver possam reverberar no coração indígena.


Friday, January 24, 2014

O nascimento


A Mãe da Lua, cujo canto triste assombrava os tupis daquela aldeia, farfalhava por meio as flores do Manacá, estas mesmas cujo doce perfume acalentava os corações dos tupiniquins que por alí viviam, esses mesmos que fizeram da história deles um mito.
O Urutau em lânguido canto é por ora a desculpa, o perfume é por momento o que se consegue entender por leveza, ora subscrito como Amor, já os tupiniquins são, eles sim, apenas são.
O verbo aqui se emprega, sem poesia, sem encanto, apenas a crueza da leveza de algumas palavras, do jogo insólito dos contrastes, da brincadeira sórdida dos significados, jogo enfadonho das significâncias, e da dureza hermética.
Momentos haverá em que nada se produzirá, ora bonânça, ora escassez, ora proventos dos ventos do sul, ora do norte, ora de lugar nenhum, por vezes quiçá das estrelas, ou apenas das profundezas de um canto longíquo da natureza humana.
Desconexo, desarmônico, disforme, apenas pedacinhos de uma melodia, notas jogadas no pentagrama que deixou de rodar uma velha música para ser apenas o instrumento empírico do maior compositor que há.
Aqui se deixa então, com o aroma de um Manacá sob os cantos da Lua, os tupiniquins. Os tupiniquins.