Meu mais profundo e simples encontro comigo mesmo. Por anos renegado, por vezes obscurecido, por tantas outras iluminado. O Tarot simboliza em minha vida o caminho do autoconhecimento, minha relação com essa ferramenta é tão antiga quanto o tempo de uma vida humana, mas tão complicada quanto a própria sexualidade humana.
Terapêutica, minha relação com o Tarot é pública, gratuita, honesta e totalmente sem vergonha. Precisa ser assim? Minha resposta interna é um estrondoso SIM, pois com o Tarot já me relacionei em privado, lucrativa, desonesta e vergonhosamente. A ordem aqui não me perturba muito, o que realmente importa é o conteúdo das combinações que serão aqui colocadas.
Enfim, por um gesto mais racional que emocional recomeço a jornada. Espero que a mesma possa servir como material de estudo para os que se interessam e aos que estejam abertos à reflexão.
O Tarot - 06/03/2014
Inicia-se pela Temperança, o anjo do
equilíbrio, o anjo cujas asas indicam o amor universal, cuja fronte brilha o
pequeno halo de luz que indica paciência, cujas mãos seguram a subconsciência e
a consciência, as quais estabelecem contínuo e eterno fluxo. O equilíbrio entre
a consciência, a subconsciência e a superconsciência é a indicação da
verdadeira alquimia humana que o anjo nos revela.
Passa-se então pela Justiça. A Justiça
senta-se entre dois pilares que representam a dualidade do mundo, os limites do
certo e do errado, esses mesmos apenas valores polarizados. A Justiça segura a
espada de corte fino e afiado, o corte apurado da lógica, da razão. A Justiça,
também, segura uma balança, indicando o equilíbrio estreito das razões finas. A
Justiça, no entanto, é apenas uma deusa que, imponente, exibe a coroa em sua
cabeça indicando que a justiça reina em todos os mundos. A Justiça é, em verdade,
a representação do Dharma, o Dharma que indica a lei Kármica, a máxima de que
toda ação (de todas as dimensões: físicas, emocionais e espirituais) acarretará
em uma reposta. Nesse universo, todas as ações são recebidas e equilibradas
pela balança cósmica e universal do Karma, isto é, da Justiça.
Por fim, encontra-se os Enamorados, os
filhos de Deus que no Édem eram envolvidos pela superconsciência angélica que
acima de suas cabeças abençoa a união das polaridades. O feminino, polaridade
passiva, acolhedora e receptiva, que no interior guarda a potência masculina da
criação, o poder gerador da vida. O masculino, polaridade ativa, criativa e
dinâmica, que no interior guarda a potência feminina do acolhimento, o poder
curador da vida. Ambas as polaridades são, em verdade, versões do mesmo todo
que se representa nos braços que apontam o caminho do meio, a montanha que se
ergue em direção paralela às nuvens que descem do céu, a imagem clássica do
equilíbrio entre os pólos. Esses mesmos pólos regados pelos frutos da sabedoria
e da vida, sensíveis ao mundo material.
Finalmente, a leitura
indica: equilíbrio, equilíbrio, equilíbrio. Três, número cabalístico que nada
mais indica que ênfase. A mística usa do número três para enfatisar, reforçar,
repetir até que se aprenda. O equilíbrio se inicia pela busca espiritual do
balanço entre a consciência e a subconsciência, passando pelo equilíbrio das
ações, essas que são respostas conscientes dos impulsos do subconsciente,
finalizando na compreensão holística do ser. Equilíbrio, do início ao fim,
equilíbrio, em todas as dimensões: espiritual, racional e existencial.
O Tarot - 06/04/2014
Inicia-se pelo Mundo. O Mundo que exibe o corpo nú em simples demonstração
do verdadeiro, da verdade interior, da realidade do ser, do que somente é. O
Mundo é envolto pelo véu do espírito, verdadeiro, o espírito demonstra-se em
constante mudança, em constante melhoria e guia o Mundo na regência perfeita da
harmonia cósmica, regência essa representada pelos bastões e perfeição laureada
pelas folhas de louro que circundam o Mundo. O Mundo triunfa ao final do caminho, a harmonia é
plena entre todos os quatro opostos do universo, representados pelos sígnos de
Aquário, Escorpião, Touro e Leão, os quatro elementos Ar, Água, Terra e Fogo. A
simbologia astrológica e elemental revelam nada além do arquétipo do
equilíbrio, o destino de toda criação.
Seguidamente,
após a imagem do Mundo, ou seja, da harmonia divina tem-se as sombras. As
trevas se mostram pela Lua, a Lua que mimetiza o Sol, a mímica não é verdadeira
e tal qual o macaco que descontroladamente promove o caos a Lua demonstra seu
poder aterrorizador para a subconsciência indefesa e não atenta. Um lobo e um
coiote uivam para as trevas lunares entre um caminho que indica o perigo, o
perigo que é enfrentado pela lagosta, simbolizando o sígno de câncer. Câncer é o
símbolo dos sentimentos reprimidos, das dores profundas, da criatura cujo corpo
metade em água, símbolo da subconsciência, e metade em solo, símbolo do mundo
material, indica o sofrido caminho da depuração.
A redenção da alma se traçará por meio das tormentas dos algozes que uivam às trevas
profundas da subconsciência, mas que alcançará ao final a linha do horizonte
que lhe mostrará a luz. As torres separam as trevas da iluminação, a jornada se
fará pelo veículo do sofrimento, instrumento de depuração.
Ao final, encontrar-se-á com o Enforcado. O Enforcado coloca-se preso em um crucifíxo de maneira de cabeça para baixo, o
crucifixo simboliza o mártir, tal qual Jesus o fora. O Enforcado denuncia sua ação ao cruzar as pernas,
esclarecendo que o sacrifício da própria vida fora voluntário. A auréola indica a iluminação obtida ao sacrificar a própria vida no sentido
oposto ao mundo. O Enforcado sacrifica-se em nome da realidade do espírito,
indicando sublimação do ser na direção do plano espiritual e divino. Contudo, a
realidade do espírito simboliza nada além do que a quebra do paradígma atual, a
mudança de perspectiva e, por isso mesmo, a inversão do posicionamento de
enforcamento. O Enforcado deixa claro a transcendência por meio da
flexibilidade e mudança completa de pontos de vista.
Enfim, iniciou-se com o Mundo, um indicativo da harmonia cósmica, seguido pela difícil caminhada
da iluminação sob a falsa luz do luar e a difícil decisão do sacrifício. Sacrificar
é adotar novos conceitos, mudar, aceitar e seguir novos rumos na caminhada
dolorosa da rendenção que se iniciou desde os tempos imemoriais do espírito
errante fadado à perfeição.
O Tarot - 06/05/2014
Começamos pela Imperatriz, arquétipo exterior do feminino. Na jornada da
vida a Imperatriz indica a abundância e mesmo o Dharma. Em essência a
Imperatriz reina sobre o fluxo, o pleno conhecimento da criatividade e abertura
aos ciclos da vida, ciclos kármicos cuja caminhada leva à riqueza de espírito. O simbolismo do arquétipo feminino exibe-se em todos
os mínimos detalhes, qualificando assim o momento certo para o desabrochar da
consciência, isto é, abertura ao novo, resignada e humildemente.
Seguido pela Força, o arquétipo feminino mais uma vez fortalece-se, não para demonstrar a
força das energias femininas, criativas e acolhedoras, mas para demonstrar a
importância do espírito sobre a matéria. A Força indica não um
controle sobre, não um império, não poder, mas sim a sapiência do espírito que
guia os instintos animais mais profundos do corpo material. A Força apresenta o
infinito sobre sua cabeça, símbolo de altíssima energia mental e espiritual que
controlam os ditames da matéria. O cenário de uma jovem dama a controlar um leão também indica perpassar por
obstáculos, isto é, disciplina, postura paciente e equilibrada para superar os
conflitos internos de nós mesmos, o leão representaria aqui a força que o
macaco mental possui sobre nossa mente e espírito, mas apesar de ter a força de
um leão, é apenas um pequeno macaco que pode ser sabiamente controlado.
Por fim chega-se ao Julgamento. O fim
dos tempos, o cenário bíblico permeia o Julgamento em muitos sentidos místicos.
A água, símbolo de limpeza e purificação, cobre o mundo físico, lava do mundo
material os sofrimentos e dores ao nível da consciência. Das profundezas da
terra, em pequenos túmulos que levam às trevas, saem a tríade humana: pai, mãe
e filho. A tríade simboliza a vida e suas facetas do renascimento. A saída das
profundezas indica a emersão da subconsciência em trevas para à luz da
consciência suprema, essa simbolizada pelo anjo que toca a trombeta do
despertar. O toque da trombeta apenas indica o momento dado para o despertar do
espírito para a lei do Karma, para a realidade de todos os níveis: mental,
espiritual, emocional e físico; levando a um momento de introspecção e avaliação
de si mesmo. O chamado coloca o ser frente ao entendimento de que todos os níveis executam uma ação e
participam do grande cenário cómico ao qual estão inseridos, dessa maneira,
tudo é contabilizado na balança kármica para o ser.
Por fim, a leitura indica a necessidade de abertura ao fluxo da vida, algo que se execute
de maneira calma e dócil, sem violentar a si mesmo, demonstrando que o controle
do espírito sobre a matéria é possível e que isso será lembrado no momento
preciso do despertar. Porém, o futuro não é tão longe, pois as
trombetas já foram tocadas, o despertar já acontece e, portanto, é preciso
estar receptivo ao poder criador natural do universo, o feminino é o arquétipo
de que se precisa no presente momento para galgar alguns passos na caminhada da
sapiência espiritual.
O Tarot - 06/06/2014
Inicia-se pelo Hierofante, ou simplesmente, o arquétipo masculino em sua forma sutil. O
Hierofante é comparado ao Padre que guia seu rebanho, mas seu rebanho são
apenas os cordeiros que o seguem por livre e espontânea vontade. Indicando com
as mãos o caminho da espiritualidade e de braços abertos para receber todos os
que nele buscam acolhimento e aconselhamento. O Hierofante atua como o guia que
se posiciona entre dois aspectos espirituais importantes, o aspecto
institucional e o aspecto prático. Por instituição tem-se templos, igrejas e
mesmo centros acadêmicos, todos esses incumbidos de zelar pelas ideias e
valores que se pautam. Por prático tem-se a aplicação real dos conhecimentos
oriundos das instituições, transformando a teoria em movimento tangível. É
necessário notar que o Hierofante encontra-se no centro de dois aspectos,
indicando assim o equilíbrio das forças de ambos aspectos. O arquétipo
masculino é, por essência, associado ao poder e à força, claramente nesse caso
indicando o poder e força espiritual e intelectual, ambos publicamente
praticados. O conhecimento prático é posto de maneira clara e aberta, assim
como os braços do Hierofante, abertos para receber os que lhe querem ouvir,
assim como abertos para demonstrar a prática do equilíbrio.
Seguidamente tem-se a outra polaridade do Hierofante, a Alta Sacerdotisa. Enquanto
o Hierofante demonstra publicamente seu conhecimento e, pelo exemplo, clarifica
a teoria, a Alta Sacerdotisa esconde nas muitas dobras de seu vestido as
verdades do mundo invisível. O arquétipo feminino, de natureza acolhedora está
em harmonia com a natureza do Hierofante, um arquétipo masculino acolhedor. No
entanto, ao passo que o Hierofante acolhe para guiar, a Alta Sacerdotisa acolhe
para esconder. Algumas verdades estão além da capacidade de compreensão humana
consciente, portanto a Alta Sacerdotisa os esconde de maneira a pautar a maior
das lições do caminho espiritual: a humildade. Ter a mente humilde é ser capaz de abrir-se ao cosmos.
Em suas mãos a Alta Sacerdotisa segura um pergaminho com o nome do primeiro livro
sagrado, Tora, indicando seu profundo conhecimento da realidade invisível. Essa
mesma realidade que ela pode ver claramente através da clarividência, indicada
pelo símbolo da bola de cristal sobre sua cabeça. Novamente, é possível ver dois pilares que separam as
polaridades da subconsciência (o mundo invisível) e da consciência (o mundo
visível), entre os quais a figura feminina destaca-se nas cores da intuição, na
energia feminina que conecta o desconhecido à luz do conhecimento pelo veículo
da sensibilidade.
Por fim encontra-se com o Eremita no topo da montanha, região onde tudo se vê com outra
perspectiva. O Eremita em suas vestes cinzas não busca por
diversidade e muitas cores, ao contrário, de olhos fechados ele busca o
interior do coração. Apoiado ao bastão o Eremita tem seu contato com o mundo
material, mas seu conhecimento provém do profundo de si mesmo, do divino
caminho realizado pela meditação e introspecção guiado pela luz da estrela que
brilha no interior do que seria uma lamparina. A revelação, o esclarecimento e
a luz provém do interior, mas esse só se torna acessível quando a busca é
realizada com a devida calma, enfrentando-se as perturbações do caminho. O Eremita permanece no topo da montanha tão simplesmente
para isolamento como para demonstrar que, apesar das tempestades da vida, há
uma outra maneira de compreender os acontecimentos.
Portanto, a leitura indica a necessidade de equilíbrio e humildade no caminho espiritual,
de um lado a prática dos conhecimentos do mundo oculto no cotidiano e, de
outro, a busca introspectiva pela sabedoria do coração.
O Tarot – 06/09/2014
Começa-se pelo Diabo, a carta cujo arquétipo da criatura metade humana e metade animal
representa as trevas. O Diabo abençoa seus filhos com uma mão
voltada para cima em cujos dedos vê-se o símbolo das bênçãos divinas, contudo,
vindas do Diabo. Com a outra mão, segurando uma tocha e apontando para baixo o
Diabo indica o destino de suas bênçãos, o mundo material. Esse mesmo no qual se
encontram seus filhos que, presos aos desejos e transmutados entre a forma
animal e humana, sucumbem às paixões. É visível a estrela invertida cuja base
triangular encaixa-se perfeitamente na fronte do Diabo, o chacra frontal, o
mesmo responsável pela visão iluminada, mas no presente caso indicando visão
enegrecida pelas forças das trevas. O Diabo demonstra os medos, os problemas
profundos da subconsciência, as mais profundas dores e problemas das quais nem
sempre estamos atentos ou informados. Encontrar o Diabo é deparar-se com as
trevas de si mesmo, levando-nos ao momento propício de encararmos o caos de nós
mesmos, nossa consciência reprimida e crenças obsoletas. Esse encontro é, no
entanto, facultativo e somente se dará por negligência do trabalho íntimo das
trevas interiores, as quais devem ser confrontadas sem compromisso, sem o apego
a tais energias negativas.
Seguidamente tem-se o Tolo, arquétipo da jovialidade e inocência, o Tolo inicia a jornada de
braços abertos sem desconfiar dos perigos que lhe cercam e negligente dos que
lhe alertam, como o pequeno cachorro a latir no vão ato de indicar o abismo ao
qual o Tolo despencará. O Tolo representa a beleza e pureza de
uma página em branco, a alva rosa que o Tolo segura demonstra sua receptividade
para o novo e desconhecido. Mantendo algumas provisões, a caminhada pode ser garantida por um curto tempo, mas esse
mesmo intervalo de bonança é desconhecido pelo Tolo que apenas entrega-se ao
caminho, deixando assim a lição de que a eterna caminhada da reforma íntima, do
autoconhecimento, do crescimento espiritual são meios pautados no equilíbrio,
força de vontade, disciplina e despojamento da frivolidade, infantilidade,
irresponsabilidade e comportamento ilógico.
Finalmente a carta Carroça levada pelas esfinges e guiada pelo arquétipo do herói. O
homem quem conduz a Carroça é o herói, o arquiteto do próprio destino, a figura
do espírito, isto é, o deus que cria a si próprio. Diferente do Diabo, o herói
tem em sua fronte a estrela de oito pontas que brilha logo acima do chacra
coronário, indicando assim a natureza divina do espírito, a iluminação e o
destino daqueles que conduzem a Carroça rumo ao autoconhecimento espiritual.
Por espiritual entende-se o perfeito entendimento psicológico da consciência e
subconsciência, representadas pelas esfinges que entregam o enigma da vida. A Carroça por si é o símbolo do veículo que nos
permite atravessar a realidade que chamamos vida, isto é, o corpo, o herói
assim se esclarece como a alma, isto é, o espírito que habita o corpo vivo, bem
como as esfinges determinam os ditames da vida física e sua dualidade material.
Concluindo a leitura, tem-se que o momento é de iniciativas, a entrada de uma nova jornada espiritual
que encara o Diabo sem perder de vista o conhecimento do autocontrole
fundamental para a execução de tal travessia. A abertura ao desconhecido e humildade são fundamentais
na jornada espiritual, com especial atenção à humildade para o desbravamento
das trevas interiores, sem no entanto iludir-se no plano caótica da realidade
material, sem contudo se esquecer do verdadeiro objetivo e razão da vida, o
crescimento e o aprendizado espirituais.
O Tarot – 07/13/2014
Inicia-se pela Estrela. O arquétipo da juventude eterna, da verdade, da humildade e da abertura de
corpo e alma. A Estrela é o símbolo máximo da iluminação da consciência humana,
na qual se tem o acesso à verdade nua, tal qual ela é representada pela jovem
donzela a verter água no solo e no lago, ajoelhando-se sobre o chão e
equilibrando-se com um pé nas águas rasas do lago. O simbólico ato de derramar
água na terra e no lago implicam diretamente a doação, mimetizam o ato de
entrega. A entrega é realizada humildemente ajoelhando-se, honestamente
despindo-se e serenamente na noite estrelada. Contam-se 8 estrelas, contudo 7
delas constroem um caminho que necessariamente passam pela honestidade,
abertura, humildade e pureza da jovem donzela terna e afável, culminando assim
na estrela maior, a oitava estrela que brilha sobre todas as outras, a estrela
da iluminação.
Seguidamente, tem-se o Imperador.
O Imperador reina absoluto, em uma das mãos segura o orbe que lhe confere a
hierarquia máxima, noutra mão segura um cetro a indicar a determinação e habilidade
de execução. O Imperador é o arquétipo da estabilidade, do equilíbrio maduro da
força masculina versátil, prática e ágil. O homem equilibrado naturalmente é um
líder, o líder exerce seu poder não por autoridade, mas pelo exemplo e pela
capacidade, sem esforço, de comandar e gerenciar tarefas.
Por fim, tem-se a Morte.
A Morte é o anjo que indica não o fim, mas o (re)começo, a Morte é presente
para todos e ninguém escapa de tal encontro. Reis, mulheres, crianças e mesmo
Bispos, os quais abençoam os que morrem, deparam-se com a Morte. Em essência a
Morte apresenta-se como um esqueleto para nos deixar a lição de que somente
aqueles que se desvestem de todas as máscaras serão capazes de realizar o
cruzamento. A passagem do rio dos mortos, na mitologia Grega, indica a
transformação, a mudança.
Por fim tem-se a leitura
que indica o cenário de mudanças profundas, a Morte anuncia a necessidade do
despojamento do desnecessário para a caminhada, essa mesma que deve ser
executada com a determinação masculina (força e praticidade) no intuito de
alcançar a verdade de si mesmo, a pureza e inocência da realidade interior.
Desapegar-se de máscaras, agir e entrar no profundo fluxo da vida de maneira
humilde, honesta e amorosamente, sem nada temer, mostrando-se verdadeiro,
despido, nu e puro.
O Tarot - 07/16/2014
Inicia-se pela Roda da Fortuna, completa de significados a Roda da Fortuna traça um
paralelo com a filosofia Budista da Roda da Vida, ou o círculo dos sofrimentos.
Circundando a roleta no centro da carta então a Esfinge, a Cobra e Anubis. A
Esfinge segura a espada em posição imponente a questionar o enigma da vida,
sendo dado a imortalidade àquele que responder ao enigma. Seguidamente a Cobra
serpenteia ao longo da roleta indicando os escusos e tortuosos caminhos do mal.
Por fim Anubis apresenta-se volitando e indicando o caminho da morte, o deus
dos mortos perfaz o caminho das almas no penumbroso reino dos mortos. Em todas
as direções do infinito universo encontrar-se-á com os quatro símbolos que
representam o próprio ser: terra, fogo, água, ar, ou corpo, mente, alma,
espírito, ou Touro, Leão, Escorpião (águia), Aquário (o Homem em forma de anjo).
Em uma síntese da Roda da Fortuna pode-se perceber que o universo é farto em
matéria prima e que tudo é possível e as chances são vastas, bastando ao condutor
do universo perpassar a Roda e do ciclo vicioso das aparentes vicissitudes.
Seguidamente passa-se pelo Mago, o Mago é detentor do conhecimento profundo do universo,
como ilustrado pelo símbolo do infinito sobre a cabeça do Mago. Na mão direita o
Mago segura um bastão a indicar sua ação no mundo material, indicando com a mão
esquerda o solo e, assim, estabelecendo uma conexão entre o Céu e a Terra. O
equilíbrio do Mago está em compreender que o alicerce se encontra na
espiritualidade, o profundo cósmico do universo. Dessa maneira, a atuação plena
do Mago no mundo material se dá substanciada e subsidiada pelo alimento
espiritual. Sobre a mesa de trabalho do Mago encontram-se um pentagrama, uma
espada, uma taça e um bastão. Estes artefatos simbolizam os elementos terra, fogo,
água e ar, em mesma ordem como na Roda da Fortuna. Os objetos de trabalho do
Mago também representam o corpo, a mente, a alma e o espírito, os quais são fundamentais
na execução do trabalho de realização da jornada da vida.
Na penúltima parada tem-se a Torre. A Torre é uma alusão ao mito bíblico da “Torre
de Babel”, em que Deus condena o homem devido o orgulho e vaidade deste.
Deparar-se com a Torre é observar a mais forte lição que a vida pode nos
entregar para o aprendizado e crescimento espiritual. Um raio que atinge o alto
da Torre faz dela cair a coroa (o ego) simbolizado pela queda de duas pessoas,
versões obscurecidas e tristes das personagens da carta Os Enamorados. A queda
para ambos indivíduos que se jogaram do alto da Torre será iminente e
destruirá, pelo veículo da dor profunda, até a menor unidade do ego que ainda
lhes restar.
Por fim o Sol. O Sol é simbolizado pela pureza da infância, pelo início da vida, o
astro rei a brilhar no céu azul da abóboda terrestre. A vida surge em sua
plenitude, vence qualquer obstáculo e traz consigo o vigor e força necessário
para a conquista do hoje, do presente, do agora. A vida cavalga honesta e pura,
jovem e forte, dinâmica e plena de curiosidade por entre o mundo iluminado pelo
astro rei seguido pelos girassóis, as flores que crescem indicando a fonte do
conhecimento superior, o calor e a luminosidade plena da sabedoria da criação,
a luz.
Portanto a leitura indica que o caminho se conclui com a realização plena da criança
interior e do desabrochar das forças espirituais para o novo começo, a força e
a docilidade do espírito imortal é sofridamente conquistada através da passagem
pelo mundo, por meio de muitas vivências no universo infinito, nas múltiplas
moradas em que o equilíbrio foi apenas mais uma lição, mas que o fracasso fora
punido pela própria consciência, tendo sido a queda fundamental, emergencial e
mesmo providencial para o reencontro consigo mesmo. O caminho pelo reino dos
mortos foi feito muitas vezes, o sofrimento no atual mundo das polaridades é
regra fundamental e a magia está no conhecimento profundo das razões que
equilibram o universo em que se habita. A criança nua que cavalga no cavalo
branco está em rumo de apenas um novo começo, mais belo, mais jovem, mais puro,
mais doce, mais iluminado, mas apenas um novo começo e novas regras.
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