Thursday, December 29, 2016

Tiragem Triangular

Olá meus(inhas) queridos(as), quanto tempo, não? Há quase um ano que não apareço nesse querido e abandonado blog. Mas cá estou, recuperando-me. O ano de 2016 (2+0+1+6=9) foi marcadamente um ano de crises e sabemos que crises são marcadas por mudanças, as quais podem ser construtivas ou destrutivas. Há quem diga que para mudar é preciso destruir, para que algo exista é preciso que outro algo deixe de existir, mas essa não é bem a filosofia que eu queria expor aqui, embora poderíamos entrar nela com riqueza de detalhes em outro momento. Hoje, quero deixar aqui mais uma peça de meu Tarot cotidiano. Uma leitura que me pedi e que pudesse ser exposta para todos, com o objetivo único de servir como aprendizado, tanto para mim quanto para qualquer outro curioso que esteja disposto a trabalhar o caminho do autoconhecimento.
Antes de mais nada, preciso me desculpar por qualquer eventual má colocação de minhas palavras, tendo em vista que ando muito desconectado do universo das palavras e das boas energias. Encarando o mundo como uma criatura imortal, ainda presa na matéria, com a visão ofuscada e com alguns resquícios de percepção que foram duramente conquistados pela caminhada da vida, cá estou para apenas compartilhar um pouco do que sei, o muito pouco do que acredito ter compreendido, sem com isso impor como sabedoria única e verdade absoluta, mas humildemente aberto para críticas.
Hoje, portanto, optei por fazer a abertura que está exposta abaixo. Ela veio por meio da inspiração em meu aniversário deste ano e ficou guardada até agora. A memória não é boa para aquilo que vem de outras vidas, portanto, posso dizer apenas que a jogada (a qual provavelmente deve ser conhecida e bem estudada por profissionais) se faz como um triângulo cuja ponta indica o objetivo (ou destino) da ação de duas forças: material e espiritual. A força (ou caminho) espiritual é descrito do lado esquerdo, já o material é descrito do lado direito (ainda não sei a razão dos lados, apenas aceitei a inspiração dada). Bom, sabendo disso, acho que podemos começar a jogada, temos então a seguinte configuração:



Agora que olhamos para as cartas, gostaria de ajudar um pouco mais com a música que está inspirando minha escrita a partir de agora, aqui. Pronto, agora querido(a) leitor(a) acalme-se e faça uma boa leitura, espero que possamos aprender algo com essa leitura, criticar construtivamente e somarmos novas perspectivas.
Comecemos pelo lado mais importante, claro, o lado espiritual, o lado que guia o material de certa forma. Vejamos que entramos com a Arcana Menor X de Bastões. As décimas arcanas, no geral, simbolizam o fim de um ciclo, cessação de uma atividade, no caso, o fechamento de algo. Já que estamos olhando para a esfera espiritual, podemos abstrair daí que a caminhada espiritual é finda, o que antes havia sido escolhido como um caminho, agora, chega ao seu fim. Contudo, as décimas arcanas não representam fins sem futuros. As décimas arcanas indicam crise, o fim chegou e o pedido de socorro é evidente, age-se, portanto, na busca de um milagre. O fim apenas chegou pois já há um novo começo, já há algo novo em diante, jamais a vida retira de nós um caminho sem antes deixar outros prontos, especialmente em se tratando da esfera espiritual.
Concomitante a esse caminho espiritual que se encerra, nós podemos ver um caminho material que se inicia, curiosamente, por meio de uma união abençoada pelo III de Pentagramas. A harmonia entre o X de Bastões e III de Pentagramas, neste primeiro nível, não poderia ser maior. Espiritualmente, X de Bastões também indica o dueto recepção e ação, algo similar ao que diz III de Pentagramas, uma carta ativa de alto poder criativo indicando um alto investimento de tudo o que se tem ao mundo material, podendo concretizar duas realidades: sucesso ou morte. Aqui, o cenário obscuro demonstra apenas um fato natural chamado incerteza, pois em nenhum momento, em nenhuma iniciativa que se faça, podemos previamente saber se será bem sucessido ou não, há chances para ambos os lados, para o sucesso e para o fracasso. Podemos, então, avançar para o segundo nível espiritual e perceber que nos foi dado um Ás de Bastões, um início, receptivo, com a palma das mãos voltadas para nossos olhos. A família de Bastões simbolizam a energia ativa da criação, que diferente do que denota em nossa cultura, é andrógina, isto é, não possui gênero, não se define por masculino ou feminino. O plano espiritual, portanto, nos dá recursos para caminhar, para criar, para chegar onde desejamos, para construir o que queremos. Há aqui um início dado, como era prenúncio do estágio anterior, em que um fim era posto e um novo começo era prenunciado.
O novo começo, interessantemente, está fortemente ligado ao plano material em que podemos visualizar V de Pentagramas, um número considero problemáticos e trágico por muitos esotéricos. Sabemos que o V é o caminho do meio, reside no intervalo entre o mundo espiritual e o mundo material, é justamente o ponto de mudança, onde se escolhe adaptar ou perecer. Embora a imagem seja deveras triste, as figuras humanas que andam pela neve, doentes e aleijadas, rumam no sentido da sobrevivência. Apesar das dificuldades, o V de Pentagramas nos coloca a trivial ideia de que para sobreviver é necessário se adaptar. É necessário e urge novos investimentos, dando-nos aqui um viés de certeza para o que antes era pura incerteza na fase anterior com III de Pentagramas.
Precisamos fazer um adendo muito importante aqui, o qual não tem um viés de divinação – sabemos todos que eu sou contra a divinação, embora reconheça sua possibilidade e também seus perigos. Observe a caminhada material, vejamos que começamos em III de Pentragamas e avançamos para V de Pentagramas, há um número aqui não exposto, preferencialmente escrito como IIII (nunca IV, por razões históricas de progresso). O IIII de Pentagramas foi o momento em que se passou para executar uma escolha e gerar um resultado. A escolha pode ser de muitas ordens, mas todas presentes no mundo material. Podemos pensar em investimentos que podem dar retorno, podemos pensar em uniões que se forticaram, podemos pensar até mesmo em mudanças de hábitos que permitiram melhores resultados na vida prática cotidiana. Portanto, ao encontrar a arcana V de Pentagramas, estamos diante de um momento e não de um resultado propriamente dito, é o instante em que IIII de Pentagramas é decidido, somando-se um novo Pentagrama e gerando o V de Pentagramas, isto é, o resultado que vem logo a seguir.
No estágio subsequente, com a arcana X de Espadas no plano espiritual, podemos ver um cenário muito similar ao primeiro estágio. No primeiro estágio tíanhos o fim, posto por um novo início, na espera de um milagre e pedindo socorro. Pois bem, o divino sempre vem, eis que ele aparece como um agente menor da Arcana XX (O Julgamento). A Arcana X de Espadas finalmente traz fim, aniquilando de vez e legando-nos a solidão. Mas o que é aniquilado? O que morre? O que é, afinal, deixado para trás? É preciso uma correção aqui, nada pode ser “deixado para traz” ou “morrer” ou “ser aniquilado”. O que de fato acontece é o encerramento de uma etapa criativa, agora, temos a pura recepção de ordem espiritual. Não é surpreendente – com as ressalvas que faço com relação à divinação – que o ano que se inicia é o ano 10 (2+0+1+7 = 10). Ou seja, será o momento para encerrar, por definitivo, etapas da espiritualidade, fechando portas visitadas para então abrir outras portas aos céus.
Novamente, precisamos reforçar, não há um fechamento único, isolamento absoluto, solidão profunda. Há mudanças, há novos caminhos, novas portas e diferentes visões que não tínhamos antes. Isso representa o fluxo de crescimento possível, quando receptivo estamos para a espiritualidade. Pois bem, vejamos como estaremos do lado material. Temos aqui a arcana VI de Bastões, número que na cabala significa Beleza, ou o caminho da Realidade. Eu preciso, agora, abrir um imenso parêntesis para expor meu profundo relacionamento com essa arcana e com todas as arcanas representadas pela manifestação de VI (Os Enamorados, A Torre e os VI de todas as Arcanas Menores).
Qual o motivo de minha relação com essas Arcanas? A relação se deve pela data de nascimento, o dia em que eu nasci soma 6 (soma-se todos os números até que dê um valor entre 1 e 21). Na cabala, seis representa a Beleza, o caminho da compreensão do mundo, em sua totalidade, a capacidade de ver verdadeiramente, compreender o sólido, o material, entender como o mundo funciona. Lembremos, não se dissocia o material do espiritual, por mais que queiramos, por mais que pensemos que não há relação, podemos obliterar nossa percepção da espiritualidade, mas isso não remove de nós nossa verdadeira natureza. Portanto, compreender verdadeiramente o mundo material consiste em perceber a relação intrínseca que há entre os planos (espiritual e material). A Beleza reside em perceber que um (o plano material) é mero espelho do outro (o plano espiritual), miragem que se copia, fraca e debilmente.
Sendo assim, a arcana VI de Bastões consagra realizações materiais, demonstra que o esforço foi agraciado e bem recebido, houve o encontro com o que se buscava (as apostas iniciais dos dois estágios pregressos). Também é necessário notar que do lado espiritual falávamos de fim, de solidão de alguma sorte, ao passo que do lado material parecemos observar o completo oposto. Tal cenário poderia indicar desequilíbrio evidente da alma, um acentuar de um lado da balança e um mitigar de outro. Para melhor compreender o que se passa, vamos então encerrar com a entrada do caminho do meio, isto é, o verdadeiro encontro dos planos espiritual e material.
Nesse instante nos deparamos com o Rei de Espadas, o arquétipo da juventude e da força ativa. Um bom sinal, mas ao mesmo tempo delicado. Na cabala, o Rei de Espadas se encontra posicionado no caminho 6, isto é, o mesmo da Beleza. Indicando, com a precisão cirúrgica da espada, que o arquétipo real conquistou a si mesmo, está agora desprendido, figura como aquele capaz de se desapegar cujo único ponto fraco reside no próprio poder. Impera e urge nesse momento que o equilíbrio seja fundamental, pois nesse instante todas as vontades são realizadas, tudo se pode, tudo se conquista, os desejos são atendidos a qualquer momento, basta uma ordem. E eis o perigo. É preciso cuidado com o que se deseja, é preciso bom senso, equilíbrio e justiça para agir no mundo. Não se pode impor a vontade sem que um dia seja cobrado dela. Portanto, para que esse Rei governe sabiamente, ele terá de usar de seu maior e mais forte recurso, o intelecto imbuído da espiritualidade que ele mesmo veste (o manto azul). Seu reinado será tão próspero quanto for seu equilíbrio entre o mundo espiritual e o material.
Finalmente, meus(inhas) queridos(as), é finda a leitura. Nesse momento, o convite a reflexão é aberto, o convite às críticas construtivas é igualmente aberto e especialmente bem-vindo. Enfim, que possamos todos iniciar esse ano de fins, esse ano de expansão e retração, que sejamos capazes de fazermos nossa parte, da forma que sabemos, da forma que conseguimos, sem culpismo, sem excessivas cobranças, aceitando que somos, reconhecendo nossos pontos fracos, nossos momentos. Somos todos imortais, portanto, haverão muitos momentos que viveremos e com os quais aprenderemos. Que sejamos capazes, um dia, exalar o mais agradável perfume dos Manacás para que os Urutaus que chegam até nós o façam livremente.

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