Sunday, December 21, 2014

21 de Dezembro de 2014

Olá a todos que acompanharam essa longa peregrinação pelas cartas do Tarot, especificamente pelas Arcanas Maiores. Ao longo desses 21 dias vimos 22 cartas das Arcanas Maiores e fomos, superficialmente, analisando cada mensagem e ideia por tras dos enigmáticos símbolos da antiga sabedoria da união. Hoje, em nossa última etapa nos encontramos com a carta “O Mundo” e, perfeitamente, dedicarei um longo texto de explicações e detalhamentos que, espero, sanarão possíveis dúvidas.
Vamos começar por uma pequena revisão de tudo o que fizemos até aqui. Nós começamos o primeiro dia com duas cartas, sendo uma de número zero a qual representava nossa consciência que se atira do penhasco como uma queda criadora, gesto esse que inicia nossa jornada e que, a priori, não se associava a um gênero em particular, mas guardava o arquétipo masculino como resposta àquilo que nos propele.
A primeira carta das Arcanas Maiores, “O Tolo”, seguiu a jornada dos 21 dias em que cada dia foi um encontro e uma lição, muitas vezes um enigma ou uma visão. Portanto, traçando o paralelo que nossa consciência é a carta “O Tolo”, podemos dizer que fizemos nossa jornada para ao longo dela receber todos os instrumentos fundamentais à nossa própria libertação. Do primeiro ao último encontro, nossa caminhada foi orquestrada pelo universo dual que habitamos para revelar a si mesmo, sendo unicamente nosso o trabalho de entender, aprender e crescer.
Fomos orientados a desenvolver nosso ego e, ao final, a nos livrarmos dele. Fomos orientados a esconder nosso passado e, ao final, dialogar com ele. Fomos orientados a nos abandonar e, ao final, nos reencontrar. Fomos orientados ao longo desse imenso caminho de dores a nos virar de todas as formas, nos remontar, expor a carne viva a toda sorte de dor e rasgar nossa mente em toda sorte de desafio que, ao final, sempre nos conduziu para a nova etapa em vã esperança de um caminho melhor, de um momento melhor e de um alívio maior.
Os alívios existiram e não foram poucos os momentos do caminho em que paramos, em que repousamos. Contudo, nenhum alívio e nenhuma dor foi perene, a realidade dançou diante de nós, mostrando-nos que nada permanece eterno no mundo em que vivemos, tudo fenece, mas tudo se repete. Ciclos infinitos existem e dentro deles vivemos, repetindo dores, alegrias, perdas e conquistas. O universo, apesar de dual, também é múltiplo, obedecendo leis fixas e controláveis dentro do qual cada universo responde a uma maneira diferente e a uma sorte diferente de fatos.
Aprendemos que dentro do mundo em que vivemos tudo não continuará e tudo se repetirá e que nossa liberdade não é nada além de um próximo passo. Foi-nos colocado a ideia de que a perfeição é para nós um degrau a mais e que muito há a ser aprendido e entendido e, por isso mesmo, a imortalidade nos é dada e o renascimento se faz uma lei para que possamos experimentar um pouco de tudo do universo que nos é particular.
Assim andamos por todos os quatro cantos do cosmos, todos os elementos e todas as manifestações possíveis foram nossos recursos primordiais para a construção de nós mesmos e de tudo o que nos circunda. A realidade foi, para nós, um mero instante dentro da perenidade de nosso existir, fenecendo tão cedo quanto começou e renovando-se tão cedo fenecera. Dessa maneira nos aprisionamos nas dores, criamos nosso complexo sistema de fé, destruimo-nos, desligamo-nos e repetimos o velho mesmo na esperança de um melhor amanhã.
Caímos, vítimas de nós mesmos e sentenciados por nós mesmos. Fomos ao ponto mais baixo que pudemos chegar em nós mesmos para despirmo-nos daquilo que nos foi dito, um dia, para nutrir. Assim renascemos, isentos de memória, isentos de sentidos e no escuro recriamo-nos. Etapa por etapa, vida por vida, século por século, milênio por milênio. Assim foi, dentro da ilusão do tempo que criamos, tão generoso quanto infinito. Caminhamos, andamos até o despertar e o aceitar da própria realidade divina.
Um passo de cada vez, um dia de cada vez, enfrentamos as trevas de nós mesmos, revisamos nossa divinitude e por fim chegamos. O mundo é nossa visão, o espírito triunfa de fato e o equilíbrio é a chave. Há harmonia, a sabedoria de todo o cosmos é parte de nós e o corpo é nosso maior veículo dentro desse aureolado mundo que nos serviu como escola. A graça é alcançada e o divino de nós mesmos é, finalmente, entendido.
Finalmente, contamos 11 gêneros masculinos e 10 gêneros femininos. Em uma dança cósmica da dualidade, o universo nos ensinou que o homem é tão mulher quando a mulher é homem. O livro sagrado nos ensina que de uma parte do homem se fez a mulher, em um generoso ato de doação criou-se o oposto. Quanta sabedoria há nesse mito. Pois que a numerologia nos mostra que 11 gêneros masculinos representam a Arcana Maior “A Alta Sacerdotisa” (1+1=2) e 10 gêneros femininos simbolizam o gênero masculino com a carta “O Mago” (1+0=1).
As energias masculinas são inerentemente femininas, as energias femininas são inerentemente masculinas. O gênero foi a manifestação de nossa própria mente dualizada que conduziu nossa evolução na carne, sem nunca se esquecer da verdade do espírito. O espírito, o véu que se agita com o vento, não carrega consigo um gênero, mas se manifesta através de um para experimentar todas as condições únicas de sofrimento e aprendizado de cada gênero, de cada manifestação do existir.
Muitas são as formas do existir em nosso universo, muitas são as formas de evoluir nesse universo, nossas consciências habitam o estágio mais adequado e, portanto, necessário para o progresso e auxílio da auto revelação ou reconexão divina.
Reconetar, esse sempre foi o grande objetivo de nossa caminhada. Religar o que é natural em nós e sempre brilhou em nós. Nossa divinitude que foi cantada através dos séculos. Carrego comigo antigos dizeres latinos que nos ensinam que nossa glória será construída por nossas próprias mãos, pois somos os verdadeiros artistas da divina criação. Portanto, meus amados, há muito o que revisarmos de tudo aquilo que acreditamos saber, há muito o que revisarmos dentro de nós mesmos, estabelecendo uma verdadeira ponte com nosso coração e, somente assim, aprendendo a realmente estabelecer uma ponte com outros corações.
A lição da união está muito além de um ideal ou ideário somente, é algo que nos evoca a coragem necessária para enfrentarmos a nós mesmos e nunca ao próximo, nunca falamos que a união é uma competição e nunca competimos contra algo em nossa jornada do Tarot. Estivemos, sim, envolvidos com o próprio aprendizado, com a busca sincera de entender os sinais do universo que nos guiam para o melhor que podemos ser e para uma visão de amplo espectro de nossa própria realidade.
A carta “O Mundo”, portanto, contempla esse cenário em que visualizamos, por fim, o Todo e nos entendemos como parte dele. A união, a vitória do espírito não está pautada no império de alguém ou algo, mas no mais simples e sincero encontro consigo mesmo. A grandeza não é estapafúrdia, o que poderia acontecer de mais grandioso em nossas vidas ocorrerá na simplicidade de um silêncio.
Enfim meus amados, despeço-me por aqui. Sei que Dezembro possui 31 dias, mas as Arcanas Maiores são apenas 22 cartas. Logo, não continuarei o caminho. Deixarei para um próximo projeto as Arcanas Menores e, talvez, um diálogo mais avançado e profundo das Arcanas Maiores. O que fizemos aqui foi uma caminhada simplória, explorando pouco e superficialmente as lições da Cabala e, ao mesmo tempo, brincando com as inspirações inúmeras que me foram passadas.
Sou grato por vocês acompanharem essa tão simples página azulada. Sou grato pelo retorno que vocês me deram. Um imenso obrigado pela paciência e dedicação de todos vocês. Que possamos seguir, enfim, o destino de nós mesmos.

20 de Dezembro de 2014

Bom dia meus caros e fiéis leitores, tupiniquins de todos os Manacás. Eis que estamos no vigésimo dia (atrasado como sempre) com a visão da carta “O Julgamento”, a qual relaciono com a nona simfonia em E menor de Antonín Dvořák. A vigésima carta das Arcanas Maiores é o prelúdio, em todos os sentidos, de um novo mundo, bem como a própria força da nona simfonia de Antonín que carrega o nome “De um novo mundo”.
Vamos começar nossa análise pela contagem de gêneros que, até poucas cartas atrás, não estava sendo explicitamente comentada. Observemos que há na carta várias figuras humanas e um anjo. As figuras humanas se organizam em grupos de três, podendo esses grupos serem analisados macro ou microscopicamente. A visão macro de cada grupo é a de uma família, ao passo que a visão micro é a representação arquetípica de animus (homem, pai), anima (mulher, mãe) e do “vir a ser” (a criança, filho(a)). Por termos dois grupos podemos contar duas vezes, sendo assim temos três figuras masculinas e três figuras femininas.
Portanto nosso total até agora são 11 figuras masculinas e 9 figuras femininas e breve entenderemos o motivo de minha insistência na contagem dos gêneros. Por enquanto, é bom lembrarmos que ao longo da contagem fiz algumas considerações sobre a definição de “masculino” e “feminino”, tentando me pautar na biologia e na lógica. Contudo, alguns tarólogos de plantão poderiam me atirar algumas pedras e apontar erros de contagem, visto que o número costuma variar, mas apesar da variação o resultado permanece o mesmo. Na hora certa e no momento certo, caros tupiniquins, vocês entenderão.
Pois que comecemos a falar da carta “O Julgamento”. Essa carta nos traz uma ideia fortemente Cristã, a própria linguagem pictórica é de um conteúdo bíblico fortíssimo, apelando-nos ao imaginário do fim dos tempos e do julgamento final sem, no entanto, figurar tão bem a ideia de catarse. De fato, a mais profunda ideia da carta é a catarse experimentada pela tríade do homem, da mulher e do(a) filho(a) (a tríade da vida). Por catarse entenda literalmente “purificação”.
Percebam que todo o cenário está banhado pelas águas, um símbolo da purificação do mundo, da limpeza que se faz de tempos em tempos em ciclos tão longos quanto o for necessário. Percebam, também, que as figuras humanas não estão emergindo das águas, mas de profundas tumbas escuras, como se saíssem das trevas interiores de si mesmas respondendo ao chamado da trombeta do anjo.
Esse sair do profundo das trevas nos mostra a condição de nosso próprio renascimento, após muitos encontros e muitas lições é chegado a hora de resurgir, de refazer ou reiniciar. Contudo, esse reinício, esse refazer não se dá em meio as trevas de nós mesmos, mas sim na iluminação do verdadeiro amor que abençoa aqueles que despertaram para as verdades do espírito. O soar da trombeta do anjo seria uma ação de chamado para todos aqueles que percorreram a caminhada interior sincera e corajosamente.
Todos foram igualmente avisados e todos serão igualmente chamados, não há distinção, não há hipocrisias, não há diferenças, pois que das tumbas do “eu” a consciência iluminada há de se levantar com as forças mais profundas que possui em obediência ao verdadeiro amor e à verdadeira sabedoria do espírito. É importante perceber que não falamos de um julgamento com a ideia de um "julgador externo", pois que nossos verdadeiros juízes seremos nós mesmos. Não há um agente externo que nos avalia, nosso verdadeiro avaliador será e sempre foi nós mesmos.
O anjo, ou superconsciência cósmica, ou consciência divina, efetuará a chamada para o despertar como sempre o faz de tempos em tempos, contudo responderão somente as almas que, cansadas de sofrer, percorreram todos os caminhos necessários para a catarse de si mesmas. A realidade do espírito triunfa, elevando as consciências para o próximo passo e para a outra realidade da vida e do existir. Ficam, ainda, nas sombras e profundidades abissais das águas densas somente aqueles que ignoram ou, por alguma razão particular, não aceitam os chamados divinos.
Enfim meus queridos, não há muito o que eu possa dizer além do que já coloquei. Creio que esteja claro o suficiente para todos aqueles que entendem as muitas realidades que permeiam aquilo que acreditamos ser a única verdade. Em nosso próximo encontro finalizaremos essa longa caminhada e mais luz será lançada para todos os que humildemente aceitam seguir os chamados do amor. Até a próxima meus caros tupiniquins.

Friday, December 19, 2014

19 de Dezembro de 2014

Um bom dia e boa tarde a todos os tupiniquins corajosos que trilham essa longa jornada textual nesse blog azul. E eis que estamos prestes de chegar ao fim da jornada, faltam poucas cartas até o fim das Arcanas Maiores. Hoje, em nosso décimo nono encontro, vamos nos deparar com a carta “O Sol”, uma carta que só pude entender em minha atual vida, depois de feitos de um ser de outro mundo que vive na terra dos índios.
A carta “O Sol” é a expressão da vitória do espírito. Lembram-se daquilo que eu falei na carta “A Morte” sobre o cavaleiro com um cavalo branco? Então, vejam que aqui na carta “O Sol” nos deparamos, também, com um cavaleiro. Notem que, no entanto, o cavaleiro é uma criança sorridente com uma coroa de flores e uma pena logo acima do chacra coronário. Percebam, igualmente, que o cavalo branco trota calmamente e de cabeça ligeiramente abaixada, porém olhos adiante e com leveza no olhar.
O cenário da criança que segue adiante em um cavalo branco comportado é a expressão da pureza alcançada pelo contato consigo mesmo. Notem que a criança segura um estandarte sem símbolo e apenas com as cores róseas (mistos de vermelho, laranja e amarelo), tratando-se a bandeira de um símbolo do espírito, da vitória do amor e da conquista de novo patamar, da superação de si mesmo em sentido construtivo e iluminado.
Por trás da imagem retumbante da criança liberta há um muro sobre o qual nascem girassóis, flores que são símbolos do conhecimento adquirido, da clareza e discernimento conquistados ao longo de uma jornada de dores e que, por isso mesmo, foram colocadas lá atrás, longe, distantes, separadas por um muro alto que nos ensina a lição de que as dores do passado devem ficar no passado e delas extraímos a sabedoria necessária para sorrirmos e sermos verdadeiramente livres.
Os girassóis, obviamente, seguem o caminho do sol, indicando para nós que nosso próprio caminho a ser seguido é o da iluminação, do despertar de nossa consciência e de um contato maior com nossa natureza divina, um avanço para nossa própria consciência que, antes, esteve passos atrás do muro cinza que separa o cenário de ascensão que vemos do cenário de dores que passamos em nossos encontros recentes.
Percebam meus caros tupiniquins, que a pureza da criança é expressa até mesmo em sua aceitação de gênero, em todos os sentidos, a criança aqui figura um ser sem gênero, mas que bem poderia ser visto como um menino ou como uma menina, sendo portanto outro fator de compreensão para a alma. Pois que o espírito não tem gênero, mas é livre para se manifestar em qualquer gênero que lhe agrade ou que seja necessário para o próprio aprendizado.
Vemos, então, um cenário de possibilidades, de aceitabilidades, de liberdades, de alegrias, de renovações e, principalmente, de iluminações. Sendo o fundamental, aqui, a noção de que a criança é a representação de nós mesmos, nossa pureza natural e nossa espontaneidade natural, isto é, nossa verdadeira natureza interior divina e simples.
Enfim meus queridos, hoje não tivemos um longo texto como de costume, pois a leveza dessa carta traz consigo a simplicidade de poucas palavras. Ainda que eu enrolei um pouquinho para falar, mas tudo já foi dito quando eu disse que essa carta só pude entender com um ser de outro mundo que habita entre os índios. Foi necessário milênios até se entender que sorrir e sermos nós mesmos é o melhor para todos, afinal, há muito o que se aprender para sermos nós mesmos. Fico por aqui e até a próxima.

Thursday, December 18, 2014

18 de Dezembro de 2014

Olá meus queridos. Finalmente chegamos ao ponto de equilíbrio por aqui. Depois de multiplos atrasos, os quais peço encarecidamente o devido perdão. Apesar dos atrasos, creio que nossos trabalhos não foram perturbados e vocês, amados e fieis leitores, são os grandes interessados nesse pequeno projeto. Afinal, como eu sempre digo, o interessante não é fazer o que todos fazem, o interessante é fazer nossa parte. Não vamos mudar o mundo, mas vamos contribuir de alguma forma dentro daquilo que entendemos e podemos servir.
Enfim, esse primeiro parágrafo dá entrada para a realidade de nosso décimo oitavo encontro com a carta “A Lua”. Obviamente estamos falando de fazer algo, tomar uma atitude, agir de alguma forma. Já nos despimos das ferramentas da ilusão e já entendemos como devemos agir, como a carta “A Estrela” nos mostrou. Devemos nos despir e agir com brandura, ternura, equilíbrio, honestidade e humildade.
Contudo, meus queridos tupiniquins, agir com essas qualidades parece não ser muito fácil. A carta “A Lua” nos mostra o que nos aflige. Percebam que há uma lagosta a sair das águas rasas de uma lagoa. Essa lagosta é um símbolo de nós mesmos como “consciências” que despertaram e saem do obscurantismo de si mesmas (o fundo do lago). A lagosta, é o símbolo do sígno de câncer (para o Tarot, ao passo que para a Astrologia o símbolo usado é o caranguejo).
O sígno de câncer é original das águas profundas ou mais escuras possíveis e são marcadamente apegados ao momento ou situação que vivem. Há um motivo muito claro para o apego das energias cancerianas, por exemplo, ao lar, à familia e à zona de conforto. O motivo está logo a frente, no caminho que se descortina, cercado por um lobo e um cão que uivam para a lua.
O cão e o lobo são símbolos das perturbações que existem pelo caminho e a lua é a própria representação das sombras de nós mesmos, das trevas de nossa subconsciência e de tudo aquilo que ocultamos de nós mesmos. Para a lagosta (o sígno de câncer), a sensação das próprias trevas é clara em sua linguagem natural (seja ela apenas sentimental, racional ou qual for). Portanto, para a lagosta, nossa consciência que acaba de despertar, o caminho que há para ser feito é um desafio não tão agradável.
É decisão única e exclusiva nossa de seguirmos o caminho aparentemente ameaçador. Percebam que ao longo do caminho há uma região, ao fundo, na qual se vêem duas torres, indicando mais uma vez a ideia da dualidade em nosso mundo, mas deixando também a noção de que após as duas torres, um outro caminho se iniciará, uma nova jornada começará e as águas rasas serão deixadas para trás, bem como toda a sorte de perturbação que a consciência possa vir a sofrer.
Seguir o caminho adiante é, talvez, a melhor escolha para nossa pobre lagosta, ainda que seja, também, a mais arriscada. Mas é preciso entender que a verdadeira renovação acontecerá através desse trilhar na qual se vence as próprias perturbações. O cão e o lobo não são apenas símbolos dos problemas do caminho, de coisas externas que nos ameaçam, mas são, sim, símbolos de nossa própria inquietação mental.
O símbolo da lagosta é, como disse, nossa consciência desperta que figura o sígno de câncer. Câncer tem por característica ímpar o poder da mente. Portanto, a carta “A Lua” encorpora esse traço mental de nossa própria caminhada. Nossa vivência nas energias de câncer nos dá a lição do que necessitamos para o despertar de nossa mente, para o enfrentar de nossas dores, para o continuar de nossa caminhada, para que finalmente cheguemos ao próximo nível, nossa próxima etapa.
Enfim meus amados, creio que esse resumo nos deixa algum material para pensar e já podemos descançar por aqui. Até nosso próximo encontro e um grande abraço para todos os que seguem carinhosamente esse blog. Vocês são, igualmente, a razão de tudo isso.

17 de Dezembro de 2014

Olá meus queridos tupiniquins. E lá vamos nós, atrasados como sempre, para o nosso décimo sétimo encontro. Dessa vez a carta que nos aguarda, bem como as vindouras, nos traz uma mensagem mais branda e muito mais doce que as cartas anteriores. Já postei nesse azulado blog uma música que sempre me faz lembra dessa passagem na Cabala (os macumbeiros de plantão que me desculpem, mas eu escrevo Cabala mesmo, sem K e H, minha língua é o tupi). Enfim, busquem aqui a música da qual eu falo.
Pois vamos começar esse encontro com a carta “A Estrela”, uma de minhas preferidas e a que inicia uma nova caminhada ou ciclo para nossa trilha. A carta “A Estrela” é cheia de significados e de cara vemos uma figura feminina nua vertendo água em um pequeno lago e em terra firme, com um pé no lago e outro ajoelhado em terra.
Há muito o que ser dito sobre essa carta e mesmo os mais singelos detalhes carregam informações minuciosas sobre a fase em que vivemos nesse encontro. Aqui, a figura nua da donzela representa pureza, percebam que nosso último encontro foi com a carta “A Torre”, na qual despíamos de nosso ego e das ferramentas de ilusão com as quais o ego trabalhava para nos manter em um estado inerte, isto é, parado na evolução espiritual.
Portanto, a figura da donzela despida mostra a simplicidade da realidade do corpo. Honestamente e sem máscaras a donzela se mostra frágil, mas paciente e humildemente equilibrada ao executar a tarefa de verter a água no lago e na terra. O ato de derramar água no lago é uma entrega pacífica e humilde aos sentimentos profundos, a subconsciência é por fim acessada, o pé que parece flutuar na água do lago demonstra que o corpo acessa o nível mais profundo de nossa subconsciência sem nela se perder.
Ao mesmo tempo a água que é despejada no solo demonstra a doação que se faz para o ambiente em que se habita. Aqui temos uma pequena mensagem egípcia disfarçada. Sim, não é tão óbvio. Falo da ideia de receber a luz e doar a luz, mas sem aquela versão de "receber de um agente externo". A donzela simplesmente já tem a própria luz da honestidade e pureza, doando-se humildemente para o mundo e para si mesma.
Não deixemos passar batido as muitas estrelas da carta, motivo pelo qual a própria carta leva o nome. Contemos que há 7 estrelas menores e uma estrela maior, todas as estrelas possuem 8 pontas, bem como o número total de estrelas é 8. Não por acaso, o número 8 faz menção à carta “A Força” que vimos em nosso oitavo encontro. E aqui temos o símbolo máximo (a estrela dourada maior) da iluminação do espírito, sublimação ou nirvanamento.
Há muito o que se dizer sobre esses números, sete estrelas pequenas indicando os caminhos múltimos que a alma traça até chegar ao destino final, dito destino igual para todos. Tal é a lei, fadados estamos, todos, ao destino final da iluminação. É curioso entender que esse destino final é percebido por nós como iluminação e muito se tem falado disso ao longo de milênios em nosso planeta. Contudo meus caros, deixo a pequena ideia para vocês de que não estamos falando de “atingir a perfeição”, mas sim de atingir o próximo estágio.
Somos ainda criaturas limitadas nesse universo dual e, portanto, o próximo estágio sempre foi visto como uma iluminação. Somos comparáveis às criancinhas do maternal que acreditam que as crianças da primeira série são adultas e inteligentes. Entendamos, pois, que a estrela de oito pontas logo acima da cabeça da donzela nos indica o nosso próximo estágio. O número oito representa um pulo de liberdade, um pequeno acréscimo em nossa evolução como consciências, mas está longe de ser “o destino final”. Por enquanto seria um erro acreditamos conhecer o “destino final” e mesmo afirmar que há "um igual para todos". Qual não poderia ser a nossa surpresa se cada um pudesse experimentar uma sublimação diferente? Quem sabe, oito delas por sete caminhos diferentes. Pensem nisso.
Enfim meus amados, prefiro terminar nosso encontro por aqui, pois há muito que me vem por inspiração somente. Coisas dos tempos de Avalon, coisas do Cocheiro, coisas que espíritos antigos sabem mais do que eu. Meu trabalho está feito por aqui. Um grande abraço e mantenham-se abertos tal qual a nua donzela da carta “A Estrela”. Sejam, apenas, sejam apenas vocês mesmos, pois vocês já são o que um dia serão.

Wednesday, December 17, 2014

16 de Dezembro de 2014

Olá novamente meus amados. Cá estamos em nosso décimo sexto encontro, mais um atrasado de tantos outros. Sinceramente eu não sabia que escrever poderia me deixar tão cansado. Ao iniciar o projeto imaginava que colocar meu conhecimento para fora de maneira homeopática não seria tão exaustivo, mas me provou que ao contrário, durante o trabalho muito é realizado, mais do que eu mesmo previa.
Seja como for, depois desse primeiro parágrafo/desabafo, vamos falar um pouco da décima sexta carta das Arcanas Maiores do Tarot, sim, uma das poucas cartas que nos traz uma mensagem muitíssimo severa, trata-se da carta “A Torre”. Literalmente essa carta é uma alusão ao mito da torre de Babel, aquela mesma em que os homens orgulhosos queriam construir uma torre enorme que os levassem para o céu rumo à morada de Deus, mas aqueles mesmos homens foram castigados por Deus a falarem outras línguas e perderem-se de tal maneira na comunicação que a torre jamais fora concluída.
Claramente o mito bíblico traz uma ideia que deve ser explorada, não sendo por si mesmo um acontecimento real. Nunca houve em sentido literal homens que quisessem contruir a tal torre e um Deus para castigar quem quer que fosse por tal “afronta”. Bom, temos de lançar um novo olhar para o mito da torre e de cara a resposta é muito evidente.
No alto da torre visualizamos uma coroa enorme, um raio com destino certo (observe a seta) atinge o alto da torre fazendo dela cair a coroa como se fosse um pedaço de papel jogado. Da torre pulam duas figuaras humanas, sendo uma delas coroada e literalmente caindo em sentido certo para o esmagamento da coroa na caixa craniana. Sim, o cenário é tempestuoso e nada afável, não é todo dia que podemos ver duas figuras humanas se jogando do alto de uma torre em chamas buscando a própria morte ao invés de efrentar as chamas da torre, que não está desmoronando, para salvarem as próprias vidas.
Bom, o cenário em si resume uma palavrinha pequena e com três letrinhas, mas que já nos foi avisada desde nosso encontro com a carta “O Enforcado” para ser abandonada, ela não é mais necessária em nossa caminhada. Falamos da palavra Ego, mais uma vez vemos o cenário do ego represntado pela coroa, agora no alto da torre, esse mesmo que despenca na primeira tempestade da vida.
Haveria certa necessidade de pausarmos nossa análise e observarmos as múltiplas camadas daquilo que constitui o nosso “Eu”, persona, identidade ou consciência. Talvez, seria prudente investigarmos as camadas de nossa mente, no âmbito de entender o motivo de vermos tantos avisos para o abandono do Ego. Afinal, estamos sempre falando do mesmo Ego? Bom, a resposta é um veradeiro não.
Não, meus amados, não estamos falando do mesmo Ego desde que encontramos a carta “O Enforcado”. Estamos falando sim de vários níveis de nossa identidade, se assim posso me referir com o perdão de minha ignorância das ciências psíquicas. Poderíamos explorar três camadas principais que seriam exemplificadas como um núcleo da subconsciência, a camada média do Eu e a camada mais externa do Ego. Contudo, não devo entrar em detalhes quanto a isso, mas apontar para a questão de que, no presente momento, estamos falando do núcleo, isto é, do cerne de nosso sofrimento em vida.
Portanto observamos que na carta “A Torre” há três janelas em chamas. Essas três janelas simbolizam os três artifícios de nosso Ego para se manter na inércia. Falamos aqui de Orgulho, Obstinação e Medo. Haveria muito a ser falado sobre isso, mas com o intuito de reduzir muitas explicações eu deixarei um dever de casa, favor clicar aqui e ler o dever de casa.
Enfim meus caros tupiniquins. Os deixo com a não tão breve lição de leitura adicional na esperança de que vocês repensem a complicada questão do Ego e essas três ferramentas da ilusão. Um grande abraço e boas leituras.

15 de Dezembro de 2014

Olá novamente meus caros tupiniquins. Hoje estou aproveitando para colocar tudo em dia e deixar o meu atraso de lado. Vamos para o nosso décimo quinto encontro, esse mesmo um tanto quanto complicado, trata-se da carta “O Diabo”. Nesse encontro voltaremos nossa contagem de gêneros, o qual evitei falar nos últimos dois encontros, visto que os mesmos foram com cartas neutras (sem gênero principal).
É curioso notar que a carta de número 15 do Tarot é justamente a carta oposta à carta “Os Enamorados”. Veja que somando 1+5 temos o número 6, justamente o número da carta “Os Enamorados”, não por acaso, visto que dessa vez temos um anjo, também, a abençoar uma situação. Mas não estamos falando de qualquer situação e de qualquer anjo, estamos falando de um outro lado tão importante para o desenvolvimento do espírito quanto aquele visto no sexto encontro.
Bom meus queridos, há muito o que se falar da carta “O Diabo”, mas tentarei enxugar ao máximo e deixar aqui o que mais importa. Comecemos, pois, pelas figuras humanas que estão logo abaixo do “anjo caído” (numa linguagem mais católica). Aqui temos uma situação em que contamos dois gêneros, é claro, masculino e feminino totalizando nossa contagem como 10 masculinos e 7 femininos. Cada gênero na carta "O Diabo" está ligado à ferramenta que lhe pertence para o próprio aprisionamento aos desejos do ego, isto é, os pontos fracos de cada gênero.
A figura feminina é portadora de um rabo cuja ponta sustenta um cacho de uvas do qual a figura feminina parece se alimentar, simbolizando assim o saciamento dos vícios do corpo. Tal como a figura masculina cujo rabo é demonstrado em chamas, simbolizando a consumação dos próprios desejos mundanos.
A entrega do espírito aos prazeres do corpo é clara nessa carta, mas não estamos falando aqui do óbvio que seria o sexo e os prazeres sexuais. Estamos falando de toda ordem de prazer efêmero e de desejos passageiros que nos acorrentam à realidade material, fazendo de nossa estadia no mundo físico uma prisão que é sustentada unicamente por nós mesmos.
O “anjo caído” logo acima das figuras humanas simboliza as trevas profundas ou simplesmente aquele lado do subconsciente de nós mesmos que não ouvimos e afogamos de alguma forma em nossa busca incessamente por um alívio. A imagem do “anjo caído” é representada em uma forma animalizada, figurando a entrega do espírito aos irraciocinados instintos do corpo o que leva o espírito à inversão do processo de iluminação, representado pela estrela invertida na testa do “anjo caído”.
Portanto, meus queridos, a mensagem mais clara que temos da carta “O Diabo” é a de que dentro de nós há, também, o lado obscuro que não é fácil reconhecer. É fácil para nós olharmos a carta “O Diabo” e logo entendermos que se trata de algo deletério, bem como nossa mente já é hábil o suficiente para trabalhar vários arquétipos da carta e entender que a mensagem que se tem é de luxúria e entrega aos valores mais baixos e bestiais dos seres humanos.
Realmente, é fácil perceber as características negativas que estão fora de nós e por isso mesmo o Tarot nos reserva o encontro com a carta “O Diabo”, para nos lembrar que o lado sombrio não está naquilo que vemos, mas está dentro de todos nós. Todos nós temos um lado de nossa subconsciência que é repreendido e oprimido em prol de qualquer motivo que nos seja conveniente.
O encontro com a carta “O Diabo” nos reserva a lição de que devemos enxergar nossas sombras interiores e entender que, para cessar nossa atividade viciosa daquilo que nos aprisiona nesse mundo, devemos ser capazes de acessar nossas trevas interiores, bem como aceitar e dialogar com nosso lado sombrio em uma busca sincera de nossa própria cura. Trata-se muito mais de uma abordagem introspectiva, no qual se dá o tempo necessário para o diálogo íntimo, do que uma observação da negatividade exterior.
Para que continuemos nosso desenvolvimento espiritual, faz-se necessário que tomemos consciência de nós mesmos por completo e isso envolve o despertar de nossas sombras interiores que por muito tempo foram alimentadas por nós sorrateiramente. Sabemos pela carta oposta à carta “O Diabo” que precisamos transcender a própria compreensão de nossa realidade como seres humanos e agora sabemos que nesse caminho do equilíbrio e entendimento da constituição de nós mesmos há, também, o perfeito acesso aos níveis mais obscuros de nós mesmos. Há, sim, harmonia entre a luz e as trevas. Não há hipocrisia no desenvolvimento espiritual, o espírito de luz sabe até onde foi preciso cavar as próprias trevas para chegar na iluminação em que habita.
A carta “O Diabo” representa toda forma de experiência que podemos ter e que possa nos colocar em contato com nós mesmos e com o que há em nós de mais doloroso. Dito assim, em palavras apenas, parece não ser tão difícil, contudo é fácil compreender a dificuldade desse “encontro íntimo” quando observamos que muitos seres humanos preferem o alívio (toda sorte de vícios) ao diálogo aberto. Lembrem-se, meus amados e fiéis leitores, por diálogo aberto eu me refiro justamente ao que vemos na carta “O Diabo”. Refiro-me ao desvelar de todas as máscaras e o apresentar de si mesmo tal qual é verdadeiramente, com todas as sombras que portamos, mas com a sincera vontade do crescimento.
Enfim meus queridos, espero que vocês estejam pensando um pouco mais sobre como vocês se apresentam no dia-a-dia da vida, no cotidiano dos pensamentos e mesmo no perfunctório do ir e vir. Deixo abaixo uma música para se meditar e pensar no que acabamos de ler. Um grande abraço e estejam sempre em paz.

14 de Dezembro de 2014

Dando continuidade aos nossos trabalhos vamos agora contemplar nosso décimo quarto encontro com a presença da carta “A Temperança”, o Tarot nos reservou após a carta “A Morte” a sabedoria que devemos ter ao realizar esse processo da travessia.
Em nosso décimo terceiro encontro o cavaleiro da morte nos deixou a mensagem clara que nossa travessia haveria de ser realizada e podemos tirar daquilo a ideia de que aprenderemos a lição de nossos atos irremediavelmente. Portanto, para nos tornar o aprendizado efetivo, podemos contar com o anjo da Temperança, isto é, a décima quarta carta do Tarot.
Observem que ao fundo da carta vemos o sol a brilhar intesamente e um caminho que parece passar por entre as montanhas, esse cenário inspira duas interpretações. A primeira seria uma conexão com o mesmo cenário em que estávamos na carta anterior, “A Morte”. Pensando pelo lado de que estamos analisando o Tarot como uma sequência de fatos, como uma caminhada que se deu início pela queda de nós mesmos no precipício da vida. A segunda interpretação seria aquela de que a estrada ao fundo simboliza o caminho que deveremos seguir tendo em mente a mensagem do anjo da Temperança. Sendo preciso, então, entender essa mensagem dentro do possível.
Observem que o anjo da Temperança possui algo em comum com o anjo da superconsciência divina da carta “Os Enamorados”. Percebam que as asas dos anjos são em cores rosadas e alaranjadas (dando uma tonalidade avermelhada). Tais cores simbolizam o amor universal e são únicas de criaturas que conseguem conciliar e equilibrar a realidade de nosso mundo dual. Ao passo que a carta “Os Enamorados” nos deixava a ideia da bênção que há no equilíbrio das duas forças do espírito, a carta “A Temperança” nos deixa claro a bênção que há, também, no equilíbrio das duas realidades existentes (espírito e matéria).
Paciência, equilíbrio e moderação são necessários para o devido fluxo entre a subconsciência e a consciência. Isso é representado pela água que jorra de uma taça para a outra nas mãos do anjo da Temperança. Aqui, a mensagem mais forte que há é a do equilíbrio, fato também expresso pelo triângulo no peito do anjo, o símbolo da tríade que constitui nosso mundo. Essa tríade foi simbolizada através de centenas de expressões diferentes, sendo a mais conhecida entre os iniciados a ideia de equilíbrio entre o corpo físico, o corpo emocional e o corpo mental.
Em essência, meus amados, o anjo da Temperança nos dá a mensagem de que é preciso acessar a si mesmo com paciência, equilíbrio e amor. Sendo o viés dos sentimentos um caminho indicado por um dos pés do anjo que é mergulhado parcialmente nas águas calmas de um lago. Notem que o outro pé permanece em terra firme, indicando que apesar do encontro com os sentimentos profundos (a água) há a manutenção da racionalidade pacífica (o pé na terra em posição graciosa).
Essa parece ser uma carta muito branda, não concordam queridos leitores? Mas qual seria o motivo de tal brandura? Não pensem vocês que o Tarot vem para passar a mão em nossas cabeças e nos acolher como mães que acolhem os filhos. O Tarot vem sim nos deixar o que há de melhor e mais doce nas lições de nossa perene evolução, mas ao mesmo tempo alertar para o porvir. Daí o caminho rumo às montanhas, há algo por lá, há algo nas sombras daquelas montanhas, algo que veremos em nosso próximo encontro. Enfim meus amados, espero que vocês se dêem o devido tempo para contemplar a carta “A Temperança” e tirar dela as lições fundamentais para nossa jornada. Um grande abraço e nos vemos no décimo quinto encontro.

13 de Dezembro de 2014

Olá meus amados tupiniquins. E novamente eis que apareço, atrasadíssimo como de costume. É claro, tenho que fazer valer em mim a cultura que me abrigou nessa vida (hahahahahahahaha). Apesar da brincadeira, o motivo dessa demora em minhas publicações está nos últimos acontecimentos de minha vida, um dia dedicarei um post para explicar aos curiosos.
Enfim meus amados, vamos que o tempo urge e nossos próximos encontros desde o dia 13 até hoje, dia 17, não foram (ou serão) fáceis. Em verdade, são encontros muito pesados, embora rápidos e de poucas palavras. Sim, absolutamente de poucas palavras. Pois que no dia 13 haveríamos de nos encontrar com a carta “A Morte”, tratando-se de um derradeiro encontro, ou um encontro da qual ninguém poderá escapar.
Muito há de superstição por trás da carta “A Morte”, mas de ruim há muito pouco nela. É fato que é fácil dizer que há algo bom na carta “A Morte” quando se trabalha na mesma perspectiva em que eu trabalho, isto é, quando se objetiva a evolução do espírito e, é claro, a aplicação das leis divinas. Falar em morte sempre soou dolorido ou, de alguma forma, incômodo para os ocidentais, mas isso nem sempre foi assim. Há séculos atrás quando Cristo esteve entre nós (ocidentais), foi-nos ensinado que o morrer e renascer era uma lei e que, portanto, não haveria um fim perpétuo. Haveria, sim, apenas uma passagem de uma condição de vida para uma outra condição da existência. Ora, não é por acaso que Cristo diz que aquele que não renascer na água não entrará no reino dos Céus.
E por falar em água, já viram que lá no fundo da carta “A Morte” há um rio? Bom, para os Católicos de plantão, esse rio é uma representação do reino dos mortos. Assim o será claro entender para os amantes da mitologia grega, na qual se fala sobre a travessia feita no rio dos mortos para se chegar ao submundo, ou simplesmente o reino de Hades. Ora, eis a nossa água citada por Cristo, renascer na água não diz respeito ao batismo ou renascimento da fé, mas a travessia que se faz pelo reino dos mortos no qual tem-se ao final um novo reino (observem o sol a brilhar ao fundo de duas torres).
O Sol que brilha distante por trás de duas torres nos marcam apenas o começo de uma outra realidade, a travessia que fazemos pelo rio é apenas a passagem de uma condição para outra que, no entanto, não necessariamente será fácil. Portanto, temos um cavaleiro apropriado para nos avisar do que está para vir, tratando-se de nada menos que uma caveira montando um cavalo branco.
Sim, o cavaleiro com o cavalo branco, praticamente o símbolo do príncipe encantado, tem suas definições especiais para os antigos sábios e iniciados. Posso dizer, por experiência pessoal, que os cavaleiros com cavalo branco são símbolos de pureza e fé, aliás um símbolo de iluminação e boa venturança. Na carta “A Morte’, todavia, há uma representação um tanto irônica do símbolo clássico que acabamos de comentar. Trata-se de um cavalo branco com um ar sombrio simbolizado pelos olhos avermelhados e de um cavaleiro que é uma caveira trajando uma armadura negra.
Notem, portanto, que não estamos falando de um cavaleiro de verdade, mas de uma consequência arrebatadora que vence a todos. Percebam que estão jogados no chão um Rei, uma criança, uma donzela e um Bispo. O rei é o primeiro a cair, sendo ele a figura de nosso ego (lembrem-se de nosso último encontro, pois bem, o ego era algo que deveríamos deixar para trás já dizia “O Enforcado”). Seguidamente vemos que a Donzela desfalece perdendo os sentidos e a própria natureza racional (os sentimentos profundos afloram de maneira irrefutável). Ainda nos restou uma criança e um Bispo, a criança de joelhos segura uma rosa branca (em uma personificação mais simples da carta “O Tolo”, represntando nossa subconsciência em processo de despertar) e é a única que admira o cavaleiro de maneira a ver na morte um novo futuro.
Já o Bispo, uma representação de nossa mente e capacidade lógico-argumentativa, implora à Morte uma nova oportunidade como quem barganha a própria sorte com aquele que não se deve. Devemos tirar disso tudo uma segunda lição, meus amados. “A Morte” chegará para todos e ninguém será isento desse fato, mas quando digo “A Morte” não me refiro ao fim da vida física, refiro-me à consequência de nossos atos. A soma de todas as nossas ações em todas as esferas possíveis chegará até nós como consequências incontestes, serão tão avassaladoras conosco quanto nós o fomos ao executá-las. Daí o símbolo irônico de uma caveira montando um cavalo branco de olhos vermelhos.
Entendam meus queridos, nosso décimo segundo encontro nos deu a lição de que deveríamos abandonar o ego, um sacrifício não tão simples de se fazer, mas fundamental para o espírito. Agora, nosso décimo terceiro encontro nos deixa claro o motivo pelo qual fomos avisados para abandonar o ego. Tudo o que fizemos em nossa jornada chegará até nós em respeito a lei do carma, como nos foi avisado pela carta “A Justiça”. Nesse momento alguém poderia reclamar o direito à liberdade como o faz a figura do Bispo, contudo a espada da carta “A Justiça” nos dará a mesma liberdade que outorgamos ao executar nossos atos, deixando para a carta “A Roda da Fortuna” a realização do ciclo vicioso ao qual engendramos em nossa ação.
Enfim meus queridos, haveria muito, muito mais a ser dito e discutido sobre essa carta, contudo não poderei fazê-lo agora e deixarei para que vocês meditem um pouco mais nas razões que nos levam até aqui. O Tarot tem nos deixado preciosas lições de nossa caminhada e mesmo traçado para nós o caminho, como pegadas que podemos seguir brandamente, rumo à libertação de nós mesmos.
Estejam em paz e continuemos o caminho com tudo o que nos é divino.

Saturday, December 13, 2014

12 de Dezembro de 2014

E mais uma vez, atrasado como de costume, estamos aqui em nosso décimo segundo encontro com a Arcana Maior “O Enforcado”. Contamos agora com um arquétipo masculino e nisso somamos em nossa contagem como o sétimo arquétipo masculino visto até o momento. Lembremos que o arquétipo masculino nos propõe uma ação, ou no mínimo certa agitação, visto que a figura masculina é ativa e mais relacionada à execução de ideias. Claramente vislumbramos um cenário ideal em que se tem um homem pendurado de ponta cabeça em uma cruz. Não é incomum que muitos fiquem confusos com tal visão, afinal não parece coerente ver uma pessoa enforcada de ponta cabeça. O fato é que não se trata de um enforcamento qualquer, trata-se de um sacrifício realizado por escolha do espírito.
Em nosso décimo primeiro encontro a carta “A Justiça” nos deixou a ideia de que devemos agir de maneira justa e seguidamente a décima segunda carta nos ensina o que seria justo. Justo é agir através do espírito, a despeito de nossa existência no mundo físico nos impulsionar para um sentimento oposto. O sacrifício que se faz em vida reflete para a glória do espírito, como podemos ver pela auréola dourada ao redor da cabeça do homem enforcado.
Estamos falando de sacrifício, mas não estamos definindo que tipo de sacrifício seria esse e tão pouco estamos nos pautando nas velhas ideias estabelecidas pela doutrina Cristã do sofrimento e mártir. Não estamos sugerindo para que sejamos um mártir, um santo em vida que experimenta toda ordem de privação e dor em nome de Deus (ou do espírito). Muitíssimo pelo contrário, estamos falando de um sacrifício que se faz em nome da própria felicidade e harmonia interna.
Observemos que o homem enforcado encontra-se de pernas cruzadas, formando um quatro de ponta cabeça, indicando totalmente o oposto do que a quarta Arcana Maior nos diz. Lembram-se da carta “O Imperador”? Pois bem, ela nos apontava o próprio ego e como esse ego nos era importante de alguma forma para nosso aprendizado. Pois bem, ao longo de nossa caminhada recebemos os ensinamentos necessários para descobrirmos que há um ponto em que o ego já não se faz mais necessário.
Portanto meus queridos, a carta “O Enforcado” nos diz para abandonar o nosso ego e deixar para trás a ânsia que temos em definirmos nossa identidade e nosso apego ao que somos. Afinal, já nos foi ensinado anteriormente que não há nada que seja concreto e que dure para sempre, pois tudo gira e tudo deixa de ser o que um dia foi (A Roda da Fortuna). Temos aqui que o caminho justo está pautado em nos livramos de nosso ego e adentramos no mundo do espírito com o pleno equilíbrio de nossa mente e sentimentos.
É interessante notar que a mensagem da carta “O Enforcado” é tão simples, mas por ser a mais breve de todas é a que nos reservará a saída para o nosso próximo encontro. Entendam meus amados, não há tarefa mais gloriosa para o agora do que o exercício de abandono de nosso ego. Ego, palavrinha tão simples e tão pequena que carrega em si o cerne de nosso sofrimento, bem como os muitos e complexos mecanismos que nos travam a evolução e libertação.
Sim, nossa leitura pode ser finalizada aqui com a mensagem simples de que uma de nossas missões fundamentais nessa passagem pelo mundo tridimensional está pautada em nosso desligamento do ego. Mais uma vez meus amados, entendam que não há alma nesse mundo que não lute contra o próprio umbigo, todos trazemos as mesmas lições e todos podemos nos ajudar na difícil tarefa de libertação de nosso ego (percebo que os psicólogos devem estar pirando comigo nesse momento).
Enfim meus amados, esse é o convite da carta “O Enforcado”, nunca saberemos se nunca experimentarmos. Aliás, nunca saberemos se não trabalharmos. A imortalidade nos é reservada por algum motivo, pensem bem sobre esse motivo.
Nos vemos em nosso próximo encontro. Um grande abraço.

11 de Dezembro de 2014

Um imenso olá atrasado para os meus caros tupiniquins. Sim, atrasadíssimo, mais atrasado impossível. Veja só, hoje é dia 13 e ainda nem escrevi sobre as cartas 11 e 12, mas como eu havia dito anteriormente eu previa que faria de duas até três publicações nesse blog entre os dias 11 e 12 (o que não aconteceu), mas é claro, foi só uma “previsão de erro”, pois hoje (13) farei várias publicações. Então, vamos seguir com o trabalho, pois o tempo urge meus amados.
Enfim, no dia 11 nosso encontro foi marcado com a carta “A Justiça”, uma certa incógnita em meu ponto de vista quanto ao gênero. Tanto no francês quanto no inglês não verifiquei qualquer preocupação com o gênero da figura humana dessa carta, portanto não me prenderei na contagem que estávamos fazendo desde o início, pois aqui o mais importante está em uma lei cósmica que se fará clara.
Pois bem, estamos falando da lei do carma (ou karma se vocês preferirem uma influência do sânscrito). A décima primeira carta das Arcanas Maiores nos mostra que a lei do carma é reinante no mundo da dualidade. Observe que a figura humana carrega no alto da cabeça uma coroa que simboliza o império da lei do carma no mundo tridimensional em que vivemos.
Em cada uma das mãos dessa mesma figura humana observamos um instrumento diferente. Na mão direita há uma espada e na mão esquerda uma balança. A balança é o instrumento de mesura das ações de todas as ordens (emocionais, mentais ou físicas) no mundo em que vivemos, sendo preciso manter um estado de equilíbrio tal qual demonstrado pelas mãos da figura humana (notem que a balança nessa carta está em equilíbrio perfeito e que não há nada nos pratos da balança, esse nada representa a qualidade do equilíbrio). Já a espada representa a execução daquilo que se faz necessário no resgate do equilíbrio.
Bom meus queridos, vamos adentrar algumas explicações. A lei do carma não é algo que existe para nos promover sofrimento apenas, por alguma razão que eu não sei explicar percebo que dentro da cultura brasileira há um certo amargor na palavra “carma”, apesar de que nossos amados tupiniquins sempre souberam que tal lei nunca foi algo a ser encarado em tom negativo. Em verdade, a lei do carma é um equilibrador universal em nosso mundo e nessa imensa escola chamada “vida” e ela não só promove as dores necessárias para o aprendizado como nos reserva as maravilhas necessárias para nosso regozijo.
Muitos foram os místicos e iniciados que barganharam com as leis do carma e mesmo os profundos conhecedores da goécia (magia negra) sabem manipular essa lei de maneia ímpar, alterando a própria realidade do universo para fugir de dores e prisões. A lei do carma pode ser, sim, burlada como qualquer outra lei (seja ela divina e cósmica ou não). Mas há uma explicação para isso meus queridos, podemos burlar qualquer coisa por conta de uma outra lei que aprendemos com a carta “A Imperatriz”, trata-se da lei do livre-arbítrio. Sim, somos livres para obedecermos leis ou simplesmente desobedecê-las e fugir delas.
Agora, podemos fugir das leis até um dado ponto em que o que construímos se torna tão poderoso (ou pesado) quanto nós mesmos somos capazes de suportar e eis a razão da espada da carta “A Justiça”. A espada realizará o corte com precisão não tão cirúrgica, promovendo toda ordem de sofrimento possível em intensidades tão iguais quanto àquelas ações pretéritas que realizamos. Trata-se de um outro ditado popular que diz: “...Deus não dá mais do que podemos carregar...”; sim, nós recebemos exatamente a mesma dose daquilo que fizemos, portanto as dores que sentimos hoje foram as dores que causamos no ontem em mesma medida, isto é, experimentamos apenas aquilo que produzimos.
De alguma forma sinto que alguns tupiniquins se questionam sobre aquele outro ditado popular que diz: “...tudo que vai volta em dobro...”; esse ditado popular não é uma realidade, mas é uma visão parcial da própria revolta em desgraça. Não há bem e nem mal que volte em dobro, tudo volta em mesma medida (daí a balança figurando o equilíbrio) o detalhe é que muitos não percebem o mal que realizam e quando experimentam do próprio veneno sentem-se duplamente afetadas (primeiro o espírito se afeta e depois a identidade do ego, por isso mesmo em dobro). Portanto, entendam, a lei do carma não é algo conspiratório e maléfico, mas é justa e harmônica.
Agora, como eu havia dito anteriormente, é possível que o carma nos reserve maravilhas para nosso regozijo. Claramente, tudo o que fazemos de construtivo para nós e para aqueles que se encontram ao nosso redor contará ao nosso favor e nesse ponto eu devo explicar a incógnita. Em nosso sexto encontro eu havia estamentado que os bons atos que realizamos será pago por algum mal e o mal que produzimos será quitado com alguma boa ação, como uma forma de ciclo vicioso ou roda que gira continuamente. Bom, nesse ponto posso clarificar a qualidade do equilíbrio que falei anteriormente. Os pratos da balança estão vazios, não se vê algo lá, ambos os pratos estão vazios há apenas "nada". Esse “nada” é a qualidade do equilíbrio, isto é, não há lá atos bons ou atos ruins, apenas há nada.
A carta “A Justiça” nos mostra uma condição em que se está fora do sansara (roda da vida ou ciclo dos sofrimentos), não basta unicamente agir bem para obter bom carma, é preciso agir de maneira justa, pois o somatório deverá resultar em zero. No mundo da dualidade em que existimos o equilíbrio não é o desequilíbrio da bondade (não é ser santo que resolve o problema), o equilíbrio se constitui na capacidade de medir por igual toda forma de ação que exercemos nesse mundo de maneira a ponderar a nós mesmos para o meio em que vivemos.
Preciso dizer aqui que a carta “A Justiça” pode ser muito difícil de ser entendida quando nós mesmos ainda não vibramos mais claramente com o chacra frontal (observem que na coroa da figura humana na carta há um quadrado de cor verde-água, esse quadradinho representa o chacra frontal), parecendo até mesmo impiedoso para nossos sentimentos a ação justa. Não é difícil observar que a cultura brasileira possui muitíssima dificuldade com o termo “justiça”, apenas observem as microscópicas coisas do cotidiano. Sim, estamos falando da realidade cármica, absolutamente nada passa despercebido, nem mesmo um único pensamento que temos ao longo de nossos dias.
Enfim meus queridos, eu creio que já estou dentro de um campo minado e devo me retirar através do silêncio, deixando para todos vocês material para se pensar e criticar. A realidade que a carta “A Justiça” nos mostra não é tão simples de se entender, afinal ser verdadeiramente justo parece estar um pouco além daquilo que realmente entendemos. Espero que isso não ofenda, ao mesmo tempo que espero que vocês entendam que estamos todos nós (sem exceção alguma nesse planeta) vivendo a mesma situação em que defrontamos a figura “A Justiça” e ficamos literalmente parados e quiçá assustados. Todos meus queridos, todos nós (sem nenhuma exceção nesse planeta) temos nossas dívidas, portanto não se sintam menores ou mesmo anojados de outros irmãos cujas dívidas são tremendas. Lembrem-se, não há dívidas únicas, não há uma alma que esteja em dívida sozinha, a dívida é compartilhada e de todos. Pensem nisso.
Um grande abraço meus queridos, nos vemos em algumas horas em nosso décimo segundo encontro.

Wednesday, December 10, 2014

10 de Dezembro de 2014

Olá a todos que têm sobrevivido aos textos bíblicos diários. Bom, brincadeiras a parte, eu entendo que é um pouco complicado encontrar um tempo para ler textos tão grandes e difíceis, mas o importante é que eles estarão aí sempre disponíveis para visitas futuras. Enfim, hoje é o nosso décimo encontro e vamos nos deparar com uma carta que não necessariamente traz um arquétipo masculino ou feminino, mas traz um misto dos dois, porém não vamos somar esse misto em nossa contagem.
Estamos falando da carta “A Roda da Fortuna”, a décima Arcana Maior do Tarot que traz consigo vários enigmas e algo do oriente. Seria possível fazer uma leitura dessa carta utilizando a perspectiva budista, contudo há muito do mundo Judaico-Cristão nessa carta. Infelizmente meu conhecimento não vai muito longe em alguns detalhes e ficarei devendo qualquer explicação detalhada quanto ao alfabeto hebraico presente na roda alaranjada (bem como alguns símbolos alquímicos).
Preciso dizer que todas as cartas do Tarot se referem a uma letra do alfabeto hebraico e que eu deveria conhecer tal alfabeto, mas por enquanto eu também sou um aprendiz que apenas ensina o que entendeu. Portanto, peço encarecidamente desculpas por minha ignorância do judaismo e do alfabeto hebraico, especialmente por que entre os idealizadores do Tarot temos em grande presença o povo judeu e a sabedoria mítica que eles carregaram, miscigenada com os mitos egípcios.
Bom, creio que essa pequena explicação da origem do Tarot já dá uma pista de algumas figuras que temos na décima carta que encontramos hoje. A figura da Esfinge, a Cobra e Anubis (o deus dos mortos). Ainda mais, temos outras quatro figuras cardinais, uma em cada canto da carta. Essas figuras simbolizam os sígnos fixos ou constelações fixas do zodíaco e fazem parte do que há de mais fino no pensamento Cristão.
Para dar uma breve introdução às quatro figuras cardinais, precisamos entender um pouco da ideia de Aristóteles quanto à constituição da matéria (embora eu, sinceramente, sou mais Demócrito que Aristóteles para essas coisas). Para Aristóteles a matéria era constituída de quatro elementos básicos a saber: água, fogo, terra e ar. Esses elementos eram vistos como o básico de tudo, uma combinação variada das características desses elementos levaria à formação de distintos materiais.
Ora, isso não era de toda mentira, havia sim um fundo de verdade que deveria ser mais explorado. Por sorte, a ideia de Demócrito vingou nos séculos vindouros e hoje temos o conhecimento do universo subatômico. Entretanto, qual era a verdade de Aristóteles? A verdade estava nas energias que esses elementos representam, nas qualidades do espírito e não da realidade material (que sabemos ser muito diferente).
Trocando em miúdos, os quatro elementos são nada mais que símbolos para exemplificar o universo mental. Essa era uma metáfora utilizada entre os alquímicos para explicações de ordem psíquica. Os mais envoltos com a alquímia e pseudo-ciências sabem que para os iniciados nas artes místicas a verdade era descrita assim: “...três são as unidades fundamentais e quatro são as forças que regem esse mundo...”; por alguma razão os alquímicos não foram mais além das três unidades fundamentais (sempre acreditei que por uma barreira tecnológica), mas foram acertivos quanto às forças.
Preciso deixar claro que os ditos alquímicos citam as coisas “desse mundo”, mas e quanto aos outros? Sim, falamos de outros mundos, mas estamos nos referindo a um outro tão próximo quanto real para cada um de nós. Exemplifiquemos, o mundo mental e o mundo emocional. Sabemos do poder criativo de nossas mentes e como podemos imaginar o universo da maneira que quisermos, bem como sabemos como temos um universo particular de sentimentos que, por vezes, parecem variar de pessoa para pessoa. Ora, era a esse universo imaterial que os iniciados de antigas tardições alquímicas mais se envolviam, escondendo o próprio trabalho em uma linguagem pictórica e textual praticamente impossíveis de serem entendidas por não iniciados.
Pois bem, agora que sabemos a razão desses quatro elementos poderemos conectá-los a algo que nos seja banal, sim, estamos falando das pseudo-ciências vulgares. Exatamente, o que há de mais vulgar na pseudo-ciência é a Astrologia (outra pseudo-ciência com um pé e meio na cova, visto que poucos a entendem de fato e fazem dela uma piada). Enfim, a Astrologia nos diz quanto aos sígnos cardinais ou fixos que são: Aquário, Escorpião, Leão e Touro. Muito claramente a reconstrução Cristã desse conhecimento transformou cada figura em algo mais aceitável, ficando Aquárius como Querubim, Escorpião como Águia, Touro como um Touro Alado e Leão como um Grifo ou apenas um Leão Alado (pode variar conforme a versão do Tarot).
Observem que as figuras zodiacais ganham, todas, asas e são demonstradas em quatro cantos distintos. Essa representação diz respeito ao tipo de universo que habitamos. Há contudo uma inspiração que diz serenamente para observarmos a estranha combinação de números que há para as criaturas aladas e para as criaturas que circundam a roda da fortuna. Percebamos que são 4 figuras aladas e 3 figuras ao redor da roda da fortuna, um indicativo de dimensões e realidades. Para o mundo material em nossa realidade de “vivos” estamos inseridos na tridimensionalidade, ao passo que para o mundo imaterial na realidade dos “mortos” insere-se em uma quarta dimensão.
Ora, essa ideia de signos fixos, elementos e dimensões foram gravadas justamente na imagem da roda da fortuna por uma questão clássica da lei máxima ao qual o espírito que habita o planeta Terra está submetido. Tratamos aqui da lei da reencarnação. Observemos que no alto da roda da fortuna há uma esfinge azulada a segurar uma espada, a esfinge impõe a questão da vida e o significado do existir, o grande enigma que se não respondido nos deixará presos à roda e ao ciclo de sofrimentos cármicos que o nascimento nos submete (olhe a cobra, um símbolo do sufocamento do espírito como explicado em nosso sexto encontro), passando então pela morte ou pelo reino dos mortos através de Anubis. Poderíamos dizer que a esfinge é um grande enigma, mas ao mesmo tempo ela é a nossa consciência, pois somente nós mesmos nos julgamos. A prisão de nós somos nós mesmos e encarar as verdades divinas é um fenômeno que ocorre solitariamente, respondemos ao grande juiz de nós mesmos, esse mesmo juíz que foi deixado dentro de nós pela carta “A Alta Sacerdotisa” (reparem que a esfinge é tão azulada quanto a própria Sacerdotisa).
Pois bem, em nosso ciclo de reencarnes vivemos todas as experiências necessárias para o nosso verdadeiro aprendizado e para nossa verdadeira cura, por isso mesmo os quatro sígnos fixos. Através da profundidade da água (sentimentos - escorpião), da mudança dos ventos (impermanência - aquário), da persistência da terra (perenidade - touro) e da fúria do fogo (ação - leão) o espírito estagia nas divinas faculdades que precisam ser equilibradas para a própria glória e iluminação. Ao mesmo tempo que o espírito pode atingir a própria perfeição e glória através de tal processo de vivências múltiplas, há também a possibilidade de atingir a própria desgraça. Daí a ideia da roda da fortuna.
Enfim meus caros, creio que já falei demais e devo me calar por enquanto. Um abraço aos corajosos de plantão.