Saturday, December 6, 2014

6 de Dezembro de 2014

Bom dia meus caros tupiniquins. Estamos aqui mais uma vez para o nosso novo encontro, dessa vez o sexto com a carta de número seis do Tarot, isto é, a carta “Os Enamorados” e dessa eu tenho muito, mas muito o que falar. Não sei dizer se dessa vez o texto ficará grande ou não, mas vamos ver no que vai dar. Sim meus queridos, como eu disse desde as primeiras postagens desse blog, eu escrevo deixando apenas os meus sentimentos falarem, não tenho planejamento algum para escrever, apenas deixo fluir o que há de profundo de minhas vontades esquecidas na ilusão do tempo, sinto como se filamentos azulados ligassem o meu coração às mãos e cada dedo irradiasse luzes em formas de letras, palavras, frases, parágrafos e finalmente textos inteiros. Talvez seja por isso que a leitura por aqui seja complicada. Lembre-se, nesse azulado blog você deve ler com o coração.
Então, vamos à sexta carta desse Tarot. Primeiramente, vamos observar o quê mesmo? Sim, se você pensou “masculino ou feminino”, então você está no caminho certo. A carta “Os Enamorados” mostram três figuras importantes, duas figuras humanas e, portanto, sexuais e uma figura angélica, logo, não sexual ou completa. Vamos a algumas explicações. Por que eu disse que a figura angélica é não sexual ou completa? Alguns preferem dizer que os anjos não têm gênero, outros preferem dizer que eles têm os dois gêneros, contudo no presente caso vamos entender o anjo como uma figura espiritual (completa), espírito não tem gênero, muito embora o espírito possa escolher um gênero como a figura masculina ou feminina de aparência externa. O anjo, na carta em questão, não exibe um gênero definido, ainda que os tarólogos de plantão me taquem pedras dizendo que sim, que esse anjo simboliza os dois gêneros, eu precisarei revidar dizendo que não. Não, esse anjo é sim o símbolo de todos os gêneros unidos, mas ele não é parcial com nenhum dos gêneros, sendo uma representação pictórica do caminho do meio na esfera da sexualidade.
Agora que deixei um pouquinho mais claro a figura angélica, podemos nos voltar às figuras humanas. Temos aqui um cenário bíblico, pouquíssimo entendido, pouquíssimo apreciado e muitíssimo negado. As figuras humanas apresentam-se despidas, nuas por completo em uma posição de graça e harmonia. Ambos, homem e mulher, indicam com uma das mãos uma montanha e com outra das mãos a árvore que floresce por trás de cada figura humana. Para o homem, há a árvore do conhecimento. Para a mulher, há a árvore da vida, àquela da maçã proibída do Éden.
Sim, há muita e muitíssima confusão deixada por séculos de deturpação do pensamento Judaico-Cristão em nosso mundo ocidental. Eu diria que esse casamento “Judaico-Cristão” foi uma das coisas que, ironicamente, mais ajudaram a deturpar o verdadeiro caminho da libertação da alma e da reconexão com o divino. Mas é mesmo essa história de uma ironia imensa, pois esse “casamento” Judaico-Cristão foi uma ferramenta poderosa para a libertação da alma humana, por isso mesmo foi ao longo do tempo a mais utilizada para manipulação. Ferramentas muito poderosas são incríveis quando utilizadas em qualquer situação, seja para deturpar, seja para esclarecer. Tudo é possível nesse mundo, afinal, a realidade dual em que vivemos é favorecida pela carta “A Imperatriz” que permite florescer tudo aquilo que leva à glória e à desgraça.
Portanto, vamos à revisão rápida. A árvore da vida que fica atrás da figura feminina (anima) representa o existir na matéria por meio do nascimento, o que somente ocorre através do ventre de uma mulher. Observem que há uma cobra envolvendo a árvore da vida. A cobra simboliza os sentimentos e sensações mais carnais possíveis que fazem parte de um processo de cura para a alma decadente. O espírito não deixará o reino da espírito por outro motivo que não a própria queda, mas não se esqueçam que a queda é opcional (aqui temos um paralelo com o Jardim do Éden, em que os espíritos puros Adão e Eva escolheram nascer no mundo da carne).
Vamos tentar entender essa história de “decadência”. Não estamos falando aqui de reprovação por parte de um Deus, mas sim estamos falando aqui na própria ânsia do espírito em evoluir. Em estado errático (a vivência no mundo dos espíritos) o processo de evolução ocorre de uma maneira diferente daquele observado no estado físico (experiência na carne). Sendo comum que espíritos na erraticidade cheguem a um processo doloroso de aprendizado na qual a experiência no corpo físico é tão somente um alívio como uma ajuda imensa para o aprendizado das verdades cósmicas da espiritualidade. Por isso há a escolha de “nascer” e, sim, o nascimento é uma escolha que é igualmente aceita tanto entre os carnais e os espirituais. Eu poderia entrar em detalhes minuciosos desse processo chamado “nascimento” envolvendo detalhes de nossa ciência oficial e detalhes das pseudo-ciências que se completam em harmonia belíssima, mas isso levaria-me a escrever livros inteiros, então, vamos resumir e deixar um espaço para os curiosos entrarem em contato (caso queiram).
Enfim, o resumo dessa ópera é a noção de que o nascimento na carne não é um processo leve e tão pouco agradável para o espírito que vê todas as suas faculdades diminuídas e mesmo esgotadas a um limite primitivíssimo (não é de admirar que muitos espíritos se revoltam dizendo em tom de ódio ‘eu não pedi para nascer’). A cobra que envolve a árvore da vida sufoca as faculdades do espírito em nome da evolução pela qual o espírito se sujeitou passar. Portanto, o espírito que do fruto da árvore da vida tomar, estará enlaçado pela cobra em um processo doloroso e de difícil libertação, mas que em tudo ajuda no aprendizado (pois aquele que não vai pelo amor, irá pela dor).
Agora, vamos nos focar na outra árvore, a que fica atrás da figura masculina (animus). Trata-se da árvore do conhecimento. A árvore do conhecimento nos deixa a noção de um princípio inteligente, isto é, nossa faculdade lógica e criativa que nos guia no processo de escolhas no mundo da carne. Uma vez nascidos pelo ventre da mulher e reprimidos pela corpo material que habitamos, temos como nosso instrumento mais poderoso o conhecimento para nos guiar no processo de libertação. Tanto o homem quanto a mulher fazem uso da própria mente para os guiarem no caminho tortuoso dos próprios sofrimentos.
Agora deixemos de lado as árvores e vamos olhar para as duas figuras humanas mais uma vez e observar um outro ponto que não é tão óbvio. Em nosso mundo atual, desde alguns séculos, algo muito estranho tem acontecido na esfera da sexualidade humana. Como eu já disse algumas vezes anteriormente, o espírito não possui gênero e, portanto, ele pode escolher se expressar na figura feminina ou masculina conforme for a própria vontade e afinidade, bem como o próprio espírito pode mudar de vontade e ideia, conforme a própria experiência o guia para aquilo que mais o agradar. Isso é representado pelas mãos das figuras humanas na presente carta.
As mãos das figuras humanas apontam para a montanha e para as árvores atrás de cada figura humana. Observando bem, podemos notar que as árvores possuem raízes que se conectam ao chão de uma maneira difícil de distinguir qual raíz pertecence a qual àrvore, trata-se de uma união tão profunda que a distinção da identidade de cada raíz torna-se tola e desnecessária. Se olharmos para a montanha veremos que a mesma se eleva aos céus em um sentido um pouco oposto ao sentido que as nuvens descem rumo à montanha quase a tocando. Esse símbolo das nuvens e da montanha se asemelha, não tão claramente, ao símbolo oriental do Feng Shui, tratando do equilíbrio do princípio masculino e feminino, no qual ambos possuem dentro de si os próprios opostos.
Portanto, a figura masculina não é de toda masculina, bem como a figura feminina não é de toda feminina. Homem e mulher são opostos que compartilham da mesma natureza espiritual e que carregam em si mesmos o próprio oposto. Portanto, há mais mescla de identidade de gênero em cada figura humana do que aquela que muitos alegam ser entendida apenas como “homem” e “mulher”. Sendo quase um retrocesso da nossa parte dizer tão solidamente que o “homem” é “macho” e a “mulher” é “fêmea”. Acho que vocês perceberam onde quero chegar. Sim, estou falando claramente sobre bissexualidade, algo natural da nossa própria mente e que, no entanto, ainda é muito perturbada e doentia por uma série de razões que se ligam à figura da árovre da vida. Nossa estadia no plano da carne nos lega essa pequena perturbação que caberá a nós resolver ao longo dos séculos de esforço comum à união.
Por isso mesmo temos a figura angélica acima do cenário tempestuoso de dualidade figurados pelos corpos despidos do homem e da mulher. O anjo abençoa a união real e o entendimento dessas figuras arquetípicas. O homem e a mulher, como figuras de animus e anima, energias sexuais masculinas e femininas, são em essência seres iguais que estagiam em condições diferentes no mundo dual, mas precisam entender o verdadeiro significado da união que a superconsciência angélica traz, abençoando profundamente a força máxima dessa carta, o Amor.
Versam alguns livros de Tarot e mesmo alguns tarólogos defendem a ideia de que o anjo estaria figurando, juntamente ao sol que brilha pouco acima da cabeça do anjo, a superconsciência que abençoa o caminho das escolhas dos humanos, a capacidade de divisar entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Contudo, eu preciso dizer que aqui eu não estou trabalhando dentro da ótica do “bem e o mal”, pois essas são facetas de uma mesma realidade, deixo aqui um breve resumo de um pensamento muito extenso: “...faz-se o bem para equilibrar o mal que foi um dia feito e faz-se o mal para equilibrar o bem um dia feito, esse é o carma, essa é a lei, presos estamos a tal roda ilusória da reencarnação.”
Por fim, acho que posso encerrar por aqui e deixar um aviso quanto ao pensamento que acabo de expor sobre “o bem e o mal”. Prestem muita atenção nisso, pois se fazemos algum bem e se fazemos algum mal, estamos alterando algo na balança do universo de tal sorte que para uma verdadeira e justa ação no mundo é necessário transcender essa suposta realidade, mas ao mesmo tempo no mundo em que existimos somos reféns da dualidade. Veja que eu não deixei aqui uma resposta, mas um imenso ponto de interrogação que creio estar longe de responder adequadamente e deixo o convite para todos pensarem. Enfim, um grande abraço para vocês meus caros leitores corajosos que encaram essa página azulada. E até o nosso sétimo encontro.

1 comment:

  1. Tudo isso dito descortina um véu imenso de sentimentos que nos levam a infinitas perguntas...

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