Monday, December 8, 2014

8 de Dezembro de 2014

Olá meus amados tupiniquins. E aqui estamos mais uma vez para nosso oitavo (e atrasado) encontro. Gostaria de começar com um pedido de desculpas por esse atraso. Em verdade, eu preciso também dizer que o retorno que vocês me dão é fundamental nesse projeto. Eu sinceramente não imaginava que vocês responderiam tão bem ao projeto que, em verdade, é uma resposta às estrelas do Cocheiro, às energias de Sagitário, aos problemas de Dezembro e aos tempos de Avalon (os lordes de um antigo império bretão sentem isso).
E falando em império, magia e força. Não ao acaso, vamos falar da oitava carta do Tarot, trata-se da carta “A Força” e dessa eu também terei um bucado a falar, portanto, esperem por um texto grande. Façam um café ou chá que nós vamos começar essa longa jornada na figura verdadeira da definição profunda e lúcida das forças do espírito (para ajudar, deixarei uma música que creio ser adequada à vibração da carta, procure no final do texto o link). Por alguma razão um tanto incoerente nós humanos associamos a ideia de “força” à figura de um homem forte e destemido. Não atoa, pois que o símbolo básico da força e fertilidade em nossa cultura ocidental é justamente o arquétipo masculino (procure por Priapo). Embora possa fazer sentido associar a fertilidade ao arquétipo masculino (especialmente ao pênis), associar a força ao homem não parece verdadeiramente adequado. Motivo? Vamos começar do básico e biologicamente aceito, o parto.
É interessante notar que biologicamente o corpo da mulher possui um excelente preparo para gerar uma vida e, literalmente, entregá-la ao mundo. Contudo, eu faço aqui uma observação, a mesma pela qual eu levarei essa conversa para uma outra perspectiva. Quando eu digo “entregar a vida ao mundo”, não me refiro simplesmente ao ato de “dar à luz”, refiro-me ao ato da entrega. Vocês mulheres que acompanham essa azulada página, saberão o quão difícil é entregar o próprio filho ao mundo, aceitando doce e sabiamente que sua criação de corpo não é, de fato, sua posse, mas uma vida livre gerada para o mundo, para o eterno.
Estamos, sim, falando de laços mais doloridos do que os biológicos. Laços que aprisionam almas por eternidades através de forças titânicas que nem mesmos os deuses podem quebrar. Estamos falando da maior força que podemos experimentar em nossa realidade dual. Sim, estamos falando da qualidade maior do arquétipo feminino tão graciosamente representado na oitava carta do Tarot. Sim, estamos falando de sentimentos, a verdadeira força da alma. A força domina o leão, esse mesmo como figura das razões primitivas do corpo, da mente e da matéria mais bruta de nós mesmos. A força domina com graça, sem no entanto conquistar como um cavaleiro medieval com uma espada na mão, ferindo o objeto de sua conquista. A força não sangra, a força não fere, a força não necessariamente exprime uma ação rude. A verdadeira força conquista com harmonia e graça, de maneira a orquestrar o objeto de domínio.
Agora, vamos sutilizar um pouco mais o que acabamos de ler. Faço uso do termo “objeto de domínio” com a excusa de que esse “objeto” sejamos nós mesmos. Precisamos entender que não há uma separação entre o dominador e o dominado. E mesmo os termos “dominador/dominado” aqui soam grosseiros. Estamos lidando com um arquétipo feminino, doce, afável, acolhedor, sensível em aspectos profundos. Estamos, portanto, falando de uma verdadeira reforma que parte do interior, do espírito, não de um domínio bruto, mas de uma harmonia celeste entre o pulsar sublime do espírito e dos gritos que ecoam do corpo (corpo esse que é parte de nossa criação).
Observemos que sobre a cabeça da donzela, representada na oitava carta do Tarot, há um símbolo de leminiscata, isto é, o símbolo do infinito. Não por acaso esse símbolo está sobre a cabeça da donzela, representando a sabedoria do mental, o equilíbrio infinito da mente, a verdadeira mônada do espírito. Em harmonia com o corpo mental temos o branco notável do vestido da donzela. Não é de hoje que o branco é associado a união de todas as cores do espectro visível, isto é, a harmonia dos sete chacras de nosso corpo veicular do espírito (entrarei em detalhes quanto ao corpo veicular em futuras cartas).
Portanto, a figura feminina que observamos é o resumo do equilíbrio do espírito, sendo esse equilíbrio a verdadeira força, muito distante daquela que simbolicamente carregamos em nossas memórias como bruta e cruel. Percebam que o leão domado pela donzela não demonstra reação grosseira e abrupta, mas ao contrário, permite que a donzela coloque as mãos em sua boca em gesto quase similar ao de um gatinho carinhoso. De fato, o corpo (na figura do leão) seria o veículo amainado e equilibrado pelo espírito no qual o espírito habita.
Não nos esqueçamos que em nosso encontro anterior tivemos um melhor entendimento da figura heroica de nós mesmos. No atual encontro nós temos a visão de nossa verdadeira força, ou nosso verdadeiro cerne de poder. Contudo, é importante ressaltar que esse oitavo encontro nos deixa claro a mensagem de “harmonia e graça”. Embora tenhamos utilizado de termos rudes para explicar o controle do espírito sobre o corpo, devemos entender que esse controle (domínio) não se faz às custas de submissão por força bruta, mas através de um somatório de princípios, isto é, uma ação sinérgica das mensagens anteriores: a sabedoria espiritual e o equilíbrio ensinados pelo Mago, a sensibilidade e o conhecimento das leis divinas deixados pela Alta Sacerdotisa, a lei do livre arbítrio chanceladas pela Imperatriz, a responsabilidade da ação deixada pelo Imperador, o exemplo da trabalho e de conduta apontados pelo Hierofante, a bênção da superconsciência no equilíbrio das polaridades desse mundo representado pelos Enamorados e a consciência lúcida de que somos os verdadeiros autores do próprio caminho como simbolizados pela Carroça.
Percebam sempre meus queridos, estamos somando e somando. O que passou não é esquecido, a subconsciência não esquecerá o que lhe foi mostrado e dito e trabalhará contra nós se seguirmos no caminho contrário de nossa própria natureza divina, o que se parece com um pequeno paradoxo, porém será explicado em cartas vindouras. Enfim meus queridos, antes de terminarmos esse oitavo encontro devo deixar, a título de curiosidade, o número de arquétipos femininos e masculinos que encontramos até aqui. Temos 4 femininos (A Alta Sacerdotisa, A Imperatriz, A figura feminina dos Enamorados, A Força) e 5 masculinos (O Mago, O Imperador, O Hierofante, A figura masculinas dos Enamorados e A Carroça). Preciso que vocês mantenham seriamente essa contagem, embora eu sempre estarei ajudando vocês e relembrando quem são esses arquétipos.
Creio que agora poderei me despedir de vocês para iniciar o nosso nono encontro (que já está atrasado). Vamos caminhando meus corajosos leitores e até breve.

No comments:

Post a Comment