Saturday, October 3, 2015

As Arcanas Menores

Olá queridos(as) urutaus que farfalham nos manacás!
Depois de um longo tempo de displicência com relação ao prometido, cá estou de volta, para retomar e fazer cumprir minha palavra, a qual por sinal já começou com muitos erros. Eu preciso dizer que não houve um texto sequer nesse querido blog que foi escrito na ausência de música, cada texto carrega consigo uma faixa vibracional do que a música me inspirou, isto é, muito do que teço por aqui está a merce não somente de meus conhecimentos, mas da inspiração que ora a música me traz, por isso mesmo às vezes é difícil escrever, pois é preciso uma música certa para cada texto. Enfim, vamos prosseguir ainda que haja falhas e percalços no caminho.
Hoje iniciaremos o grande conjunto das arcanas menores a qual traz consigo os pequenos segredos do cosmos, aprisionados em seus muitos arquétipos. Relembrando, o termo “arcana” é oriundo do latim “arcanum” e um dos significados atribuídos à tradução de tal termo é “segredo”. Portanto, lidar com as arcanas menores, é tratar dos pormenores, os pequenos segredos por de trás de cada miudeza, os detalhes, os pequeninos e diminutos pontinhos, todo e qualquer traçado no grande quadro da vida que carrega um propósito e uma razão de ser.
Lidando com as arcanas menores será preciso uma compreensão maior dos quatro grandes grupos que dividem esse conjunto do Tarot. Para fazer tal divisão, vamos nos utilizar de uma arcana maior, a última das arcanas maiores nos guiará pelo cosmos como um quadro da grande figura que compõe o existir em nosso planeta, a figura clássica da mulher nua envolta em um pano vermelho esvoaçante ao redor de seu corpo, estamos falando da carta “O Mundo”, isto é, a vigésima primeira carta das arcanas maiores.
Ao olharmos para a carta O Mundo veremos que ao redor do despido corpo que se protagoniza frente aos nossos olhos há uma elípse constiuindo como uma aura, feita de folhas de louro, as mesmas dos césares, representando o perfeito, em sentido estrito à origem da palavra “per-feito”, isto é, feito por completo, que completou o caminho, que perfez, que concluiu a passagem. A carta O Mundo é a figura clássica do espírito que triunfa sobre a matéria, figurada como um corpo que, na imagem de uma mulher nua, simboliza a receptividade e humildade, ou seja, o corpo que obedece graciosa e harmoniosamente ao espírito, este representado como o véu vermelho esvoaçante.
Notem que o corpo nú segura dois bastões que, como um regente, orquestram o mundo ao redor de maneira graciosa e equilibrada, eretos, os bastões indicam a exata dosagem dos quatro cantos do universo, isto é, o uso equlibrado das quatro forças cósmicas simbolizadas pelos signos fixos de ar, água, terra e fogo, estamos falando dos sígnos de Aquário, Escorpião, Touro e Leão, representados nos quatro cantos da carta como Querubim, Água, Touro e Leão respectivamente.
Sígnos fixos são representações do que há de mais forte em uma dada qualidade, ou seja, ao utilizarmos o termo “fixo” estamos ressaltando o que não é mutável, aquilo que permanece, o que é constante ou aquilo que é resiliente, capaz de sobreviver e perdurar, perfazer e triunfar ao longo do caminho. Preciso ressaltar queridos(as) leitores(as), minhas palavras são isentas de um significado benígno ou malígno, por assim dizer, pois tanto as trevas quando a luz podem triunfar, mantenham isso em mente sempre!
Nem sempre é uma boa ideia nascer sob a regência de um sígno fixo, é comum observar que almas muito complicadas e sofridas necessitam da imperiosa força de um sígno fixo para desbravarem muito de si mesmas, sendo possível assim chegar até o destino da vigésima primeira arcana maior (mais informações clique aqui). É portanto sob essa imperioza força que se organiza as arcanas menores, pois o demônio, por assim dizer, está nos detalhes.
Como todo o Tarot, as arcanas menores também se organizam dentro do ritmo dual no qual se constroi o nosso mundo material, uma expressão que sabiamente o espírito humano foi capaz de aprisionar em uma linguagem pictórica que equilibra o arquétipo feminino e o arquétipo masculino. Dessa maneira podemos observar que os sígnos fixos obedecem a esses arquétipos, sendo assim divididos:

Femininos: agentes intelectivos, passivos e receptivos:
Aquário: criativo, instável, fluido e apresenta maior força acolhedora e pouco aprisionante; 
Touro: material, pragmático, perseverante e apresenta maior força aprisionante e pouco acolhedor;

Masculinos: agentes emocionais, ativos e agressivos:
Escorpião: corajoso, severo, mítico e apresenta maior profundidade emocional e pouca receptividade; 
Leão: valente, amigável, confiante e apresenta maior receptividade e pouca profundidade emocional;

Percebam que, nas figuras que seguem ao final desse texto, observamos para os sígnos uma ordem das mãos, as quais devem ser compreendidas de acordo com a regência de passividade feminina ou agressividade masculina.
Vejamos para os sígnos femininos, no sígno de aquário a palma do “Ás de Copas” é voltada em nossa direção, demonstrando capacidade acolhedora e não aprisionante. Entendam, acolher é receber sem cobrar, aprisionar é receber e cobrar. Ao mesmo tempo o sígno de aquário, regido pelo elemento ar, é dinâmico e portador da capacidade de mover a matéria ao seu redor, por isso mesmo instável, como as águas que fluem do interior do cálice para o lago profundo, indicando com isso, dado o ponto superior em que se encontra, similar profundeza ao sígno de escorpião, porém, para o elemento ar, a profundeza é conferida no campo cognitivo, o qual explica o poder criativo do aquariano.
Já a carta “Ás de Ouro” [gosto de traduzir por “Ás de Pentagramas”] apresenta as costas da mão para nós, ou seja, não carrega consigo uma energia acolheadora mas sim aprisionante, embora isso também significa que a vertente taurina carrega consigo a força do bom operário, elemento terra, isto é, aquele que trabalha diariamente em prol da segurança de todos (o sustentador), intelectualmente maduro e prático e, por isso mesmo, emocionalmente raso, pois ainda é sólido como rocha e, talvez por isso, capaz de cobrar de coração fechado por serviços prestados.
Já para os sígnos masculinos, temos que o “Ás de Espadas” apresenta as costas da mão para nós, representando uma similaridade com os agentes taurinos, ou seja, o sígno de escorpião traz consigo pouca receptividade, mas diferente de touro, o elemento da água é penetrante e por isso mesmo consegue acessar o profundo emocional de maneira espontânea e justamente daí advém o lado mítico da energia escorpiana, sempre ligado às profundezas abissais que cobrem as trevas e tudo aquilo que compõe o cenário da obscuridão humana, isto é, a morte, o sexo, o frio, o medo entre outros aspectos que fazem do elemento água, também, o símbolo da coragem e, ao mesmo tempo, da severidade.
Por fim, temos o “Ás de Paus” [gosto de traduzir por “Ás de Bastões”] apresenta a palma da mão em nossa direção, demonstrando receptividade. Sendo os leoninos regidos pelo elemento fogo, é comum que a expressão de confiança seja uma verdade interna daqueles que como o fogo sabem que irão conquistar o intento que almejarem. A curiosa mistura da receptividade com confiança interior garantem aos leoninos a característica da amigabilidade e carisma fundamentais dos verdadeiros conquistadores, ainda que no geral um grande conquistador de horizontes é vazio de si mesmo e por isso a intrigante característica de pouca profundidade emocional.
Enfim meus amados(as) leitores(as), vamos nos obrigar a encerrar nosso trabalho, pois agora temos uma pequena visão didática dos padrões que deveremos encarar daqui para frente e como eles se arranjam no cosmos. Vamos, no entanto, adiantar o detalhe fundamental, o detalhe dos números!
Veja que temos 4 grupos de arcanas menores, para cada grupo teremos: 1 rei, 1 rainha, 1 pagem, 1 cavaleiro e 10 números; totalizando 14 cartas para cada grupo, o que nos leva ao valor de 56 cartas do grupo das arcanas menores, somando 5 + 6 = 11, 1 + 1 = 2. Já para o pequeno grupo de arcanas menores, temos um total de 22 cartas, o qual somando 2 + 2 = 4. Assim, unindo a riqueza dos detalhes com a riqueza das unidades, temos o número 24, o qual somado resulta em 2 + 4 = 6, o número que segunda a Qabalah, pertence a Tiphareth, isto é, à Beleza através do caminho 24 oriundo da Vitória.
Em nosso próximo encontro, amados e amadas, vamos iniciar nossa caminhada, portanto, em nossa vitória pessoal na conquista dos mais pequeninos segredos. Grande abraço e que estejamos sempre sintonizados com o cosmos interior.