Thursday, December 4, 2014

5 de Dezembro de 2014

Olá meus caros amigos. Cá estou eu escrevendo muito mais antecipadamente do que antes. Peço desculpas por essa postagem tão adiantada de nosso quinto encontro, mas como já passa da meia noite creio que poderei fazê-la. Também devo vencer alguns dos meus afazeres para que eu possa encontrar tempo para esse delicioso trabalho que iniciei por aqui. Então, vamos para o nosso quinto encontro com a quinta carta do Tarot “O Hierofante”.
Nosso quinto encontro se dá com uma figura masculina que, interessantemente, é quase o oposto da última figura masculina que encontramos “O Imperador”. Embora estejamos diante de um arquétipo masculino com todos os atributos já descritos para “O Imperador”, temos uma situação um pouco mais sutil e menos severa. Diante da quarta carta estávamos de frente com a figura de nosso próprio ego, dando-nos a lição da importância da dosagem de certa severidade, isto é, ensinando-nos a regra da postura firme e a sutileza da determinação, o equilíbrio entre as forças tirânicas que há em nós. Agora, nós estamos diante de uma carta que nos convida a seguir um novo caminho. Sim, apenas convida sem muito realizar, trazendo com isso uma lição fundamental pelo exemplo da não força.
“O Hierofante” é igualmente vestido em vermelho, porém em uma tonalidade mais homogênea e com o brando formando uma linha que liga o chacra cardíaco ao chacra básico, dando-nos a mensagem clara de que aqui temos a personificação do equilíbrio das forças sexuais. Um homem cujo exemplo e zelo nos convida para o caminho do equilíbrio das verdades e dos muitos valores que existem no mundo em que habitamos.
Há três símbolos específicos dessa carta que, aqui, não dexarei passar batido como sempre costumo fazer em outras cartas do Tarot. Espero que vocês possam pescar o motivo disso. O primeiro e mais gritante dos símbolos são os dois pilares que se encontram atrás do Hierofante. Percebam que se parecem com colunas de sustentação de um prédio grandioso. Eles estão lá por muitos motivos e os dois mais importantes são a expressão da realidade de nosso mundo (a dualidade, por isso dois pilares) e a representação das instituições humanas (toda e qualquer forma de instituição como a religiosa, a científica, a familiar, a política etc). O segundo dos símbolos, não muito óbvio, trata-se do posicionamento dos braços do Hierofante. Note que os braços dele estão abertos, numa expressão de convite, sem medo, como aquele que abre os braços para mostrar o próprio peito e deixar exposto o próprio coração em um convite terno e sem medo.
O último símbolo é o menos óbvio e, provavelmente, o mais distorcido em nosso mundo. Trata-se da mão direita do Hierofante em que ele indica o céus com o indicador e o dedo médio juntos, bem como com o polegar deitando-se sobre o dedo indicador. Esse sinal com a mão direita traz um importante e fundamental princípio chamado “união”. O curioso é que podemos associar cada dedo de nossas mãos com um princípio específico. No presente caso temos o indicador como o princípio inteligente, o polegar como o princípio físico e o dedo médio como o princípio espiritual (aqui eu deixo uma tentativa de piada: quando alguém te mostrar o dedo do meio, não se sinta ofendido, pois a pessoa só está mostrando o próprio espírito, sim eu sei que a piada não teve a menor graça).
Enfim, esses três símbolos juntos trazem a mensagem clara da qualidade profunda do Hierofante que nos serve como lição. “O Hierofante” é aquele que mostra pelo exemplo, dando-nos a lição sem imposição, deixando-nos livres para escolher seguir o caminho ao seu lado e equilibrar as verdades de uma maneira honesta e serena. Trata-se da ação pautada na segurança interna de si mesmo. Contudo, é preciso que se entenda que esse encontro mais nos informa sobre uma postura que devemos cultivar, do que aquilo que devemos fazer. Não nos deixemos enganar, pois o Tarot é, também, um conjunto de lições e ao mesmo tempo um conjunto de armadilhas e “O Hierofante” simboliza a armadilha de nossa fé.
Não são raras as pessoas que seguem um caminho ou uma tradição, ou então adotam uma postura de vida ou uma rotina que as fazem assegurar um bem estar e uma zona de conforto. Lembrem-se, não há fórmulas mágicas para o ansiado alívio de nossas dores, há apenas um caminho a ser traçado com a determinação do Imperador, com a liberdade da Imperatriz, com a sensibilidade da Sacerdotiza e com a sabedoria e instrumentos do Mago. Preciso dizer que pode parecer irônica falar que não há “mágica” e termos aqui uma linguagem tão esotérica e pseudocientífica, mas sim meus amigos. Como eu disse há algumas postagens anteriores sobre a estatística, eu também digo para a magia. Eu costumo definir magia como “o termo que se usa para designar um fenômeno que não se ignora mas não se sabe ou não se entende absolutamente nada sobre e, na pior das hipóteses, o medo humano divinifica”.
Bom, enquanto a estatística está para a raiva (ciência, arquétipo masculino, força anímica da ação), a magia está para o medo (pseudociência, arquétipo feminino, força anímica do acolhimento). Posso concluir por aqui o nosso quinto encontro. Mais uma vez, mantenham em mente esse jogo de figuras masculinas e femininas. Que possamos nos ver em nosso sexto encontro, uma boa sexta-feira para todos.

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