Sunday, December 21, 2014

20 de Dezembro de 2014

Bom dia meus caros e fiéis leitores, tupiniquins de todos os Manacás. Eis que estamos no vigésimo dia (atrasado como sempre) com a visão da carta “O Julgamento”, a qual relaciono com a nona simfonia em E menor de Antonín Dvořák. A vigésima carta das Arcanas Maiores é o prelúdio, em todos os sentidos, de um novo mundo, bem como a própria força da nona simfonia de Antonín que carrega o nome “De um novo mundo”.
Vamos começar nossa análise pela contagem de gêneros que, até poucas cartas atrás, não estava sendo explicitamente comentada. Observemos que há na carta várias figuras humanas e um anjo. As figuras humanas se organizam em grupos de três, podendo esses grupos serem analisados macro ou microscopicamente. A visão macro de cada grupo é a de uma família, ao passo que a visão micro é a representação arquetípica de animus (homem, pai), anima (mulher, mãe) e do “vir a ser” (a criança, filho(a)). Por termos dois grupos podemos contar duas vezes, sendo assim temos três figuras masculinas e três figuras femininas.
Portanto nosso total até agora são 11 figuras masculinas e 9 figuras femininas e breve entenderemos o motivo de minha insistência na contagem dos gêneros. Por enquanto, é bom lembrarmos que ao longo da contagem fiz algumas considerações sobre a definição de “masculino” e “feminino”, tentando me pautar na biologia e na lógica. Contudo, alguns tarólogos de plantão poderiam me atirar algumas pedras e apontar erros de contagem, visto que o número costuma variar, mas apesar da variação o resultado permanece o mesmo. Na hora certa e no momento certo, caros tupiniquins, vocês entenderão.
Pois que comecemos a falar da carta “O Julgamento”. Essa carta nos traz uma ideia fortemente Cristã, a própria linguagem pictórica é de um conteúdo bíblico fortíssimo, apelando-nos ao imaginário do fim dos tempos e do julgamento final sem, no entanto, figurar tão bem a ideia de catarse. De fato, a mais profunda ideia da carta é a catarse experimentada pela tríade do homem, da mulher e do(a) filho(a) (a tríade da vida). Por catarse entenda literalmente “purificação”.
Percebam que todo o cenário está banhado pelas águas, um símbolo da purificação do mundo, da limpeza que se faz de tempos em tempos em ciclos tão longos quanto o for necessário. Percebam, também, que as figuras humanas não estão emergindo das águas, mas de profundas tumbas escuras, como se saíssem das trevas interiores de si mesmas respondendo ao chamado da trombeta do anjo.
Esse sair do profundo das trevas nos mostra a condição de nosso próprio renascimento, após muitos encontros e muitas lições é chegado a hora de resurgir, de refazer ou reiniciar. Contudo, esse reinício, esse refazer não se dá em meio as trevas de nós mesmos, mas sim na iluminação do verdadeiro amor que abençoa aqueles que despertaram para as verdades do espírito. O soar da trombeta do anjo seria uma ação de chamado para todos aqueles que percorreram a caminhada interior sincera e corajosamente.
Todos foram igualmente avisados e todos serão igualmente chamados, não há distinção, não há hipocrisias, não há diferenças, pois que das tumbas do “eu” a consciência iluminada há de se levantar com as forças mais profundas que possui em obediência ao verdadeiro amor e à verdadeira sabedoria do espírito. É importante perceber que não falamos de um julgamento com a ideia de um "julgador externo", pois que nossos verdadeiros juízes seremos nós mesmos. Não há um agente externo que nos avalia, nosso verdadeiro avaliador será e sempre foi nós mesmos.
O anjo, ou superconsciência cósmica, ou consciência divina, efetuará a chamada para o despertar como sempre o faz de tempos em tempos, contudo responderão somente as almas que, cansadas de sofrer, percorreram todos os caminhos necessários para a catarse de si mesmas. A realidade do espírito triunfa, elevando as consciências para o próximo passo e para a outra realidade da vida e do existir. Ficam, ainda, nas sombras e profundidades abissais das águas densas somente aqueles que ignoram ou, por alguma razão particular, não aceitam os chamados divinos.
Enfim meus queridos, não há muito o que eu possa dizer além do que já coloquei. Creio que esteja claro o suficiente para todos aqueles que entendem as muitas realidades que permeiam aquilo que acreditamos ser a única verdade. Em nosso próximo encontro finalizaremos essa longa caminhada e mais luz será lançada para todos os que humildemente aceitam seguir os chamados do amor. Até a próxima meus caros tupiniquins.

No comments:

Post a Comment