Friday, January 24, 2014

O nascimento


A Mãe da Lua, cujo canto triste assombrava os tupis daquela aldeia, farfalhava por meio as flores do Manacá, estas mesmas cujo doce perfume acalentava os corações dos tupiniquins que por alí viviam, esses mesmos que fizeram da história deles um mito.
O Urutau em lânguido canto é por ora a desculpa, o perfume é por momento o que se consegue entender por leveza, ora subscrito como Amor, já os tupiniquins são, eles sim, apenas são.
O verbo aqui se emprega, sem poesia, sem encanto, apenas a crueza da leveza de algumas palavras, do jogo insólito dos contrastes, da brincadeira sórdida dos significados, jogo enfadonho das significâncias, e da dureza hermética.
Momentos haverá em que nada se produzirá, ora bonânça, ora escassez, ora proventos dos ventos do sul, ora do norte, ora de lugar nenhum, por vezes quiçá das estrelas, ou apenas das profundezas de um canto longíquo da natureza humana.
Desconexo, desarmônico, disforme, apenas pedacinhos de uma melodia, notas jogadas no pentagrama que deixou de rodar uma velha música para ser apenas o instrumento empírico do maior compositor que há.
Aqui se deixa então, com o aroma de um Manacá sob os cantos da Lua, os tupiniquins. Os tupiniquins.

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