Thursday, February 6, 2014

Uma oração, por um coração desconhecido...

Sei que você está aí, sonhei com você tantas vezes sob aquele luar, não foram as poucas vezes que estivemos juntos, que você me chamou e fui até você. Quantas não foram as aventuras? Não sei mensurar esse estranho amor que se desenvolve por tantos séculos.
A vida no entanto nos reservou outros cantos, outras dores, outras lágrimas, outros prazeres, outros aromas, outras cores, muito além dos violáceos e claros tons do Manacá, muito além daqueles campos violetas de outra flor tão bela quanto um Manacá, nossa amada Lavanda.
Hoje estamos em condições diferentes, você lá, de onde tudo se vê, de onde nada se esconde, eu cá, de onde a vida se limita a poucos parâmetros recheados de incertezas e dúvidas, todas tomadas ao cristal das certezas cujos corações se perdem no pesar de dores e lágrimas que o pântano, chamado teatro da vida, nos concede como cadinho de experimentação para nossas dores mais profundas.
Sei que lhe amo, pois também sinto a saudade do que até agora desconheço, você que sempre aparece em meus sonhos, tal Urutau que ao raiar da primeira aurora some em forma de madeira seca por entre a floresta. Ao mesmo tempo que seus pensamentos, no entanto, perpassam por meio de minhas memórias e assim trocamos essa estranha relação de dores, ora julgadas como amor, ora por brigas que meu coração não consegue entender.
Peço-lhe bom senso, a necessidade clara de entender que você está onde tudo se vê, mas eu estou onde o pântano é mais denso. Por favor, em nome de tal carinho e de tal amor, vá, siga seu caminho e entenda que a vida nos deu por ora condições diferentes para seguir por caminhos diferentes, pois não sabemos, ainda, viver juntos.
Esperança não me falta de lhe encontrar um dia, dia esse em que ambos de nós brilhemos, com alegria e com amor, sem as dores de outrora, sem nossas memórias tão tristes de tantas difíceis formas que nos separamos.
Hoje vamos aprender coisas diferentes, em realidades tão diferentes, mas tão próximas quanto se imagina. Que a luz de nosso amor transcenda por fendas mais felizes, que o caminho de nossa dor seja aprendizado profundo, somando ainda nossa própria cura.
Que possamos realmente elevar nosso amor, pela luz que nos concede o existir e que o canto de nosso Urutau seja ao Sol e não mais à Lua.


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