Saravá.
Na
terra dos celtas dancei. Na terra dos vikings sangrei. Na terra gaulesa
pesquei. Na terra do sol sacrifiquei. Na terra das águas enfeiticei. Na terra
do gelo matei. Mas na terra dos índios chorei.
Na
terra dos vales gritei. Na terra dos ventos insuflei dor. Na terra das sombras
passei. Da terra escapei e na terra voltei.
Na
terra encontrei, na terra perdi e na terra refiz. Na terra desfiz, na terra
morri, na terra nasci. Na terra cresci, na terra aprendi, na terra fui.
Na
terra e tudo na terra fiz. Na terra construí e da terra destruí. Mas só na
terra dos índios eu chorei.
Na
terra de tantas outras terras passei, por infinito que fosse apenas se foi, por
firme que fosse, apenas se foi, por sólido que fosse, apenas se foi.
Na
terra mais sólida que vivi, na terra mais cálida que existi, na terra mais
pálida que visitei, nessas terras de tantas terras o infinito tratou de tudo
desfazer.
Da
escuridão profunda, à claridade ofuscante. Tudo com o infinito se foi, no
espaço se perdeu e renasceu em outra terra.
Ao
final, na Terra todas as terras estavam, porém só no final na Terra as terras
se encontraram.
O
espírito sagrado na terra que na Terra morava estava.
Na
Terra as terras existiram, foram e fizeram. Na Terra as terras expiaram.
Tormentas foram tantas que as terras ao final se araram. Com o tripálio do
trabalho trespassaram o tempo em torrenciais tempestades soturnas, noturnas
forturnas do pranto e do canto do vento.
Na
Terra, ao final e por final, as terras se encontraram, igualadas, férteis,
fecundas, ávidas por gerar e acalentar vida.
Na
Terra, por lá experimentamos, qual cadinho no qual se exaure até a última
partícula, as nobres verdades.
E na
terra dos índios chorei, na terra dos índios talvez acordei.
Da
terra saímos para da ilusão despertarmos, na terra voltamos para da razão
provarmos.
Na
Terra de muitas terras, no Reino de muitas moradas.
Saravá.
No comments:
Post a Comment