Saturday, August 16, 2014

Os desejos profundos e a verdade do ser

Reza um conto antigo que em uma floresta um urso feroz perseguia um coelho. O coelho desesperado corria para salvar-se do imenso urso. O urso igualmente corria mais e mais rápido a medida que o coelho acelerava, o urso gritava e esbravejava para o coelho e dizia:
__ Vou lhe pegar seu coelho aaaarrrrgggg!
Em certo ponto da gritaria um sapo mágico apareceu na frente do coelho e do urso dizendo com a voz profunda e grave:
__ Paaaremm! Paaaremm! Paaaremm que agora vou realizar três desejos de cada um de vocês.
O assustado coelho e o enfurecido urso então cessam a gritaria e olham para o estranho sapo vestido como um mago. O urso então esbraveja:
__ E quem é você?
O sapo responde:
__ Eu sou um sapo mago, vim aqui para conceder três desejos para você Urso e para você Coelho.
__ Vou começar por você Urso, o que você gostaria?
O urso então diz fanfarrão:
__ Eu, argh, eu quero que todos os ursos dessa floresta se transformem em ursas!
O sapo respondeu:
__ Seu desejo está concedido. Feito. E você Coelho, o que gostaria?
O coelho assustado e gaguejando respondeu:
__ Eu, eu, e-e-eu... e-e-eu go-go-gosta-ta-taria de-de-de u-u-u-uma mo-mo-mo-motoca.
O urso então se pôs a rir:
__ HA-HA-HA-HA-HA-HA uma motoca? Mas o que esse coelho quer com uma motoca?
O sapo então diz:
__ Seu desejo está concedido Coelho. Agora sua vez Urso. Qual seu segundo pedido?
O urso responde:
__ Eu quero que todos os ursos do país se transformem em ursas! HAHAHAHAHAHAHAHAHA.
E, assim, o sapo fala:
__ Seu desejo está concedido. Agora sua vez Coelho, qual seu segundo pedido?
O coelho, então, olha para a pequena motoca no qual já está sentado e admira a si mesmo e diz mais calmamente sem gaguejar:
__ Bom, agora eu tenho uma motoca, então eu preciso de um capacete. Eu gostaria de um capacete, sim?
O sapo, graciosamente, estende as mãos ao alto e diz com a voz grave e forte:
__ Seu desejo está realizado. E agora é seu último pedido Urso. Qual o seu terceiro pedido?
O urso fanfarrão olha para o coelho e responde:
__ Esse coelho é um babaca, três pedidos para serem feitos e me gastam dois com uma motoca e um capacete? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, quanta porcaria. Escuta aqui seu Sapo Mago, eu quero que todos os ursos do planeta se transformem em Ursas! Assim eu serei o único urso macho do mundo!
O sapo, prontamente, afirma:
__ Seu pedido foi realizado. Agora, qual seu último pedido Coelho?
O coelho, então, balbucia consigo mesmo:
__ Bom, eu já tenho uma motoca e já tenho um capacete...
Por fim, preparando-se para correr o mais rápido que podia na moto que já estava roncando o coelho, rapidamente, olha para o urso que se ria e diz:
__ Quero que esse urso seja uma maricona!!!
E assim o coelho sai em disparada e o sapo concede o pedido.

Lição:

Em uma abordagem sucinta, o último desejo do Coelho, colocou para fora o que era o verdadeiro desejo do Urso. Ser homossexual era o verdadeiro desejo do Urso, mas o desejo reprimido fez com que o Urso temesse as próprias vontades fazendo que se cercasse daquilo de que não gostava profundamente, as ursas. Essa tentativa inglória de provar-se macho foi o grande fracasso de nosso personagem. Assim são os seres humanos, muitos exibem com brutalidade o que temem, afirmando estarem certos do que são, mas são vítimas das próprias ilusões, em especial a ilusão do próprio amor.
Muitas pessoas são como o Urso, agem brutalmente e se cercam de situações que as colocam em um teste desesperado de provação, em uma busca de afirmação e aceitação constante de uma imagem que nada condiz com o que as pessoas realmente têm no coração e no profundo de si mesmas.
A vida seria a mágica, o Sapo Mago que nos concede os desejos sem nos questionar, pois somos nós os autores da própria vida. Mas a mágica não é unidirecional, não somos nós os únicos criadores, os outros também são criadores e autores da realidade que os cercam.
O Coelho é o outro que toca a realidade que vivemos. O Coelho também é um autor, um criador que se utilizada do mesmo Sapo Mago, isto é, da mesma vida que nós também utilizamos. O outro, então, nos ajuda a perceber o que realmente somos.

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